Tratamento conservador nas desordens temporomandibulares
As desordens temporomandibulares (DTM) ou desordens craniomandibulares, consiste em um grupo de patologias que afeta o sistema muscular mastigatório (origem miogênica), a articulação temporomandibular (ATM) de origem artrogênica, e as estruturas relacionadas ao mesmo.
Atualmente, acredita-se que as desordens da ATM são de origem multifatorial, as quais geram um grande número de alterações, tais como degenerações ósseas, hipermobilidades, mialgias e desarranjos internos. Muitos fatores tem sido frequentemente mencionados como etiológicos, entre eles estão as desarmonias oclusais, as alterações psicológicas do indivíduo, as lesões músculo-esqueléticas, os hábitos parafuncionais, o stress, a hipermobilidade articular e as alterações posturais.
Geralmente as desordens temporomandibulares (DTM) apresentam-se com um ou mais sintomas como: dor, ruídos articulares, limitação da ADM, pontos dolorosos em região muscular e ou articular, podendo estar associada a outros sintomas como: cefaléias, alterações na coluna cervical. Pacientes portadores de DTM crônica podem apresentar frequentemente sintomas de depressão e insônia.
As desordens temporomandibulares (DTM) se manifestam através de dor intermitente ou persistente nos músculos mastigatórios e ou na articulação temporomandibular (ATM), e estruturas adjacentes, podendo ainda apresentar limitações ou desvios da amplitude de movimento (ADM), sons articulares, pontos dolorosos, zumbidos, e deglutição anormal.
Com o aumento da incidência deste tipo de lesão, cada vez mais, ocorre a busca de estratégias de tratamento para esta alteração. A reabilitação, com a utilização de diversas técnicas, é uma das alternativas de tratamento, buscando restabelecer a função normal do sistema craniomandibular.
O tratamento fisioterapêutico nas disfunções temporomandibular (DTM) com uma duração de 12 semanas e frequência de 2x/semana, se baseia em promover analgesia e controle do processo inflamatório, reabilitação funcional e reeducação postural.
As técnicas utilizadas para a reeducação e reabilitação do sistema estomatognático incluem a utilização de recursos como eletrotermofototerapia, uso da terapia manual intra e extra-oral e cervical (massageamento muscular, pompagens e liberação miofascial), exercícios passivos, ativo-assistidos e ativos para ganho de ADM mandibular , alongamentos muscular, alinhamento postural cervicocrâniomandibular, exercícios de fortalecimento mandibular, cervical e cintura escapular e controle motor dos músculos mastigatórios.
No tratamento das desordens temporomandibulares (DTM) podem ser utilizados a termoterapia, como o calor superficial em região de face e cervical no caso de dor orofacial ou a crioterapia nos casos articulares, como deslocamento anterior do disco.
Outro recurso muito utilizado é o Laser de baixa potência, para controle do processo inflamatório, anti-espasmódico, aumento da micro-circulação periférica e reparo tecidual, além de promover aumento da abertura total da boca, excursão lateral em pacientes que possuem deslocamento de disco.
O ultrassom é utilizado com dose adequada para que promova ação inflamatória, aumento da circulação local favorecendo o processo de cicatrização tecidual e controle da dor. Como contra-indicação absoluta, ele não deve ser utilizado em pacientes que possuem implantes metálicos e/ou restaurações com qualquer tipo de metal.
O TENS de baixa frequência com intensidade do limiar sensorial é usado para controle analgésico e relaxamento da musculatura mastigatória e acessória (cintura escapular e cervical).
Os exercícios usados para o tratamento da desordens temporomandibulares (DTM) promovem a diminuição da dor,
melhoram a coordenação dos músculos mastigatórios, reduzem
o espasmo muscular e a hiperatividade, restauram o comprimento muscular dos músculos envolvidos, restauram a mobilidade articular, aumento da força muscular, e promovem uma regeneração do tecido. Os exercícios são recomendados quando a amplitude de movimento está diminuída e a dor está presente.
Programas que envolvem exercícios ativos, terapia manual, correção postural e técnicas de relaxamento, podem diminuir a dor e aumentar a abertura de boca, em indivíduos portadores de desordens temporomandibulares causada por deslocamento agudo do disco, artrites aguda, ou dor miofacial em fase aguda.
O uso de placa oclusal associado ao tratamento de reabilitação, promove resultados significativos na melhora da dor e da função no tratamento das desordens temporo-mandibulares.
A educação do paciente quanto a proteção articular como eliminar hábitos parafuncionais, orientação postural, e exercícios domiciliares, permitem melhor evolução do quadro clínico e maior aderência do paciente ao seu tratamento.
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