Uso do rolo de espuma na Fisioterapia

 



O trabalho em tecido mole tem várias nomenclaturas. Os fisioterapeutas usam o termo mobilização de tecido mole. Os quiropráticos normalmente utilizam o acrômio ART (do inglês, Active Release Technique) para Técnica de Liberação Ativa. Os massagistas apenas chamam de trabalho tecidual profundo. A
mágica está em suas mãos: é tudo pressão aplicada em tecido para deformá-lo e causar uma reação química.

A terapia em tecido mole, para problemas de tendão ou distensões musculares crônicas, é como o treinamento de peso. Na verdade, o tratamento é um estímulo. Efetivamente, o que o terapeuta faz é irritar o tecido para produzir uma resposta química. As substâncias químicas produzidas são aquelas que começam o processo de cicatrização. Por isso o trabalho em tecido mole é, muitas vezes, doloroso, podendo doer no dia seguinte, similarmente à dor muscular tardia (DOMS, do inglês Delayed Onset Muscle Soreness).

A mobilização de tecido mole estimula a formação de fibroblastos, o que ajuda a alterar o colágeno imaturo e randomicamente alinhado do tipo 3, visto na tendinose em colágeno maduro paralelo do tipo 1 mais forte. Em outras palavras, a massagem altera a qualidade das fibras musculares.

Uma grande mudança de atitude para prevenção e tratamento de lesão tem sido evidenciada pela ciência das técnicas manuais como massagem, técnica de ativação muscular (TAM) e ART, as quais podem trabalhar maravilhas em atletas lesionados.

Parece que o tratamento de lesões está se afastando daquele por isocinéticos e eletrônicos para um processo terapêutico mais europeu que se concentra no cuidado manual do tecido mole.

A massagem perdeu aceitação durante o boom da fisioterapia na década de 1980, não porque era ineficaz, mas porque seu custo-benefício não compensava. Com o aumento do uso de modalidades como ultrassom e estimulação elétrica, os treinadores e terapeutas podem tratar mais atletas de maneira mais rápida.

Na Europa, quando se tratava de atleta de elite, como atletismo de alto nível e natação, criou-se um desdém pela abordagem baseada em aparelhos e aumentou a afinidade pela massagem com inspiração europeia. Por fim, o mundo do alto rendimento percebeu a ideia de que a manipulação dos tecidos moles ajuda os atletas tanto a permanecer saudáveis quanto a recuperar a saúde com mais rapidez.

O sucesso dos fisioterapeutas com a mobilização de tecido mole e manipulação TAM e a quantidade de quiropráticos usando ART claramente colocou o foco de volta ao músculo. TAM é uma técnica de tecido mole desenvolvida por Grag Rospkof, usando teste muscular manual, contrações isométricas e trabalho tecidual principalmente na origem e na inserção do músculo. Em teoria, isso ativa o músculo estimulando áreas de maior propriocepção.

Na elite atlética, a mensagem é ficar melhor e mais saudável, e conseguir um bom terapeuta manual na sua região é fundamental.

Rolo de espuma

Os rolos de espuma são os massagistas do homem pobre, o trabalho em tecido mole para as massas. Conforme os preparadores físicos e personal trainers observem os atletas de elite atribuírem seu sucesso a várias técnicas de tecido mole, a pergunta óbvia surgiu: como podemos produzir um trabalho de tecido mole em massa para grandes grupos de atletas a um custo razoável?

Uma década atrás, preparadores físicos, treinadores atléticos e fisioterapeutas olham desconfiados para um pedaço redondo de espuma de cerca de 90 centímetros. Atualmente, quase toda sala de treinamento atlético e a maioria das salas dos preparadores físicos contém vários rolos de espuma de diferentes comprimentos e densidades.

O fisioterapeuta Mike Clark tem o crédito da exposição inicial das comunidades atléticas e fisioterápicas ao rolo de espuma e ao que ele chamou de autoliberação miofascial, outro termo para automassagem. Em um dos primeiros manuais de Clark publicados como precursores de seu livro Integrated Training for the New Millenium, ele incluiu algumas fotos de técnicas de autoliberação miofascial usando um rolo de espuma. A técnica ilustrada era praticamente autoexplicativa: pegue um rolo de espuma e use o peso corporal para aplicar pressão nos pontos doloridos... um tipo de técnica de autoacupressão. Essas fotos deram início a uma tendência que hoje é, provavelmente, um negócio multimilionário de fabricação e venda desses rolos de espuma.

O rolo de espuma consiste em um pedaço cilíndrico de espuma bem densa. Pense nos macarrões de piscina, apenas um pouco mais denso e maior
em diâmetro. Estão disponíveis em inúmeras densidades, desde uma espuma relativamente mole, ligeiramente mais dura que um macarrão de piscina,
a rolos novos de alta densidade com muito mais solidez. A sensação proporcionada pelo rolo e a intensidade da automassagem precisam ser apropriadamente geradas de acordo com a idade e o nível de condicionamento do cliente.

A recomendação inicial de Clark não foi de uma técnica de automassagem, mas sim um conceito de acupressão. Os atletas ou pacientes são instruídos a
usar o rolo para aplicar pressão em áreas sensíveis nos músculos. Dependendo da orientação do terapeuta, esses pontos são alternadamente descritos como pontos-gatilho, nós ou áreas de maior densidade muscular. Independente do nome, aqueles que atuam no campo esportivo e da reabilitação estão familiarizados com os conceitos dos músculos doloridos e com a necessidade da massagem.

O uso de rolos de espuma progrediu em muitos círculos de uma abordagem do tipo acupressão à automassagem. Hoje, o rolo é usado para aplicar uma espécie de massagem extensa nos grupos musculares longos como a panturrilha, os adutores e o quadríceps e uma pequena força direcionada a reas como o Tensor da fáscia lata (TFL), rotadores do quadril e glúteo médio.

Quando imaginamos um músculo como uma corda com nó, o rolo de espuma é o objeto que desata o nó. É o que nos permite criar um comprimento tecidual e o que nos permite alongar.

Os atletas devem ser instruídos a usar o rolo buscando áreas dolorosas ou pontos-gatilho, massageando essas áreas para diminuir a densidade e
a reatividade. Como regra geral, 10 rolagens lentas são feitas em cada posição, embora não existam regras para o uso do rolo de espuma. Muitas vezes, os
atletas ou clientes são estimulados a simplesmente rolar até que a dor desapareça.

Grupo dos glúteos e rotadores do quadril

Aqui estão as áreas sutis dos quadris que respondem bem ao rolo de espuma e as técnicas que usamos para aplicá-lo.

O cliente se senta sobre o rolo, com uma ligeira inclinação, e faz um movimento desde a crista ilíaca até a articulação do quadril até alcançar o glúteo máximo.

Para abordar os rotadores do quadril, a perna afetada é cruzada para colocar o grupo dos rotadores do quadril em estiramento.

Tensor de fáscia lata (TFL) e glúteo médio

O tensor da fáscia lata (TFL) e o glúteo médio, embora sejam músculos pequenos, são importantes na dor anterior do joelho. Para abordar o TFL, o atleta começa com o corpo em pronação e a borda do rolo colocada debaixo do TFL, logo abaixo da crista ilíaca.

Após trabalhar o TFL, o atleta vira 90° até uma posição lateral e trabalha desde a articulação do quadril até a crista ilíaca para abordar o glúteo médio.

Adutores

Do ponto de vista da densidade tecidual, os glúteos e os adutores se encontram onde as grandes mudanças serão notadas. Os adutores são uma parte do corpo que, de certa forma, já esquecida. As pessoas pensam em cadeia anterior, cadeia posterior, dominância de joelho, dominância de quadril, e os adutores, de fato, não recebem muita atenção. O quadríceps e o grupo do jarrete recebem, erroneamente, muito tempo e energia, enquanto pouca atenção é prestada aos adutores. Existe um grande e que de oportunidades para o rolo diminuir a densidade nesse triângulo adutor. Existem dois métodos para usarmos o rolo nos adutores. O primeiro consiste na técnica baseada no
solo que funciona bem com os iniciantes. Na técnica no solo, o usuário abduz a perna sobre o rolo e coloca-o a cerca de 65° em relação à perna.

A ação de rolar deve ser feita em três porções, começando logo acima do joelho na área do vasto medial e da pata de ganso. Dez rolamentos curtos devem ser feitos cobrindo cerca de da extensão do fêmur. Em seguida, o rolo deve ser levado para o ponto médio do grupo adutor e, mais uma vez, rolado 10 vezes no terço médio do músculo. Por fim, o rolo deve ser levado à região inguinal, quase na sínfise púbica, para mais 10 rolagens.

A segunda técnica para os adutores deve ser usada após o atleta ter se acostumado com a técnica anterior. Esse método requer o uso de uma mesa ou o topo de uma caixa pliométrica. A posição sentada com a perna sobre o rolo possibilita que o atleta desvie significativamente mais peso sobre o rolo e trabalhe mais profundamente o grande triângulo adutor.

Rolamento do pé

O rolamento da fáscia plantar diariamente sobre uma bola, por um minuto ou dois, fornece alívio para muitos dos nossos clientes que sofrem de dor no pé.

O uso regular de bola, começando com uma bola mais macia, como a de tênis, e indo para uma do tamanho e densidade de uma bola de golfe, contribui para um estado mais saudável da linha fascial posterior, a qual começa no pé.
Mais à frente, vamos discutir brevemente as linhas faciais, uma área que eu espero que receba mais atenção nos próximos anos.

Quando rolar

Não há concordância entre preparadores físicos e terapeutas acerca de quando rolar, com que frequência e por quanto tempo; logo apenas diretrizes
gerais podem ser fornecidas.

O rolamento oferece grandes benefícios tanto antes quanto depois da prática. A liberação miofascial antes do exercício pode ajudar a diminuir a densidade muscular e permite um aquecimento melhor.

O rolamento depois da prática pode ajudar na recuperação do exercício extremo.

Parece que o rolamento pode ser feito diariamente. De fato, Clair e Amber Davies, autores de The Trigger Point Therapy Workbook, recomendam o trabalho dos pontos-gatilho até 12 vezes por dia em situações de dor aguda.

A quantidade de tempo que um atleta ou cliente faz o rolamento também é individual. No cenário de personal training, permitimos 5 a 10 minutos de trabalho em tecidos moles no começo da sessão, antes do aquecimento, e com os membros de nossa equipe atlética fazemos o mesmo.

ROLAMENTO VERSUS MASSAGEM

Massagem é a melhor escolha sempre que possível porque as mãos funcionam melhor do que a espuma. As mãos possuem conexão direta com o cérebro e são capazes de sentir alterações na densidade tecidual. Se custo não fosse problema, teríamos uma equipe de massagistas de plantão para os atletas o tempo todo.

Entretanto, essa não é a realidade. A maioria dos atletas batalha para pagar os serviços de um treinador qualificado ou o custo de uma matrícula em uma academia. Em geral, a prevenção não é um custo coberto para atletas saudáveis; sem possibilidade de reembolso, o custo da massagem pode se
aproximar ou ultrapassar o custo do treinamento.
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Um bom trabalho de massagem e um bom trabalho de automassagem podem ser desconfortáveis, assim como o alongamento. É importante que os atletas ou clientes aprendam a distinguir entre um nível moderado de desconforto relacionado a um ponto-gatilho e uma situação potencialmente lesiva.

A liberação miofascial pode ser um trabalho duro, especialmente para clientes fracos e acima do peso, pois os braços são bastante envolvidos na movimentação do corpo. Além disso, pode beirar a dor e deve ser usado com prudência naqueles clientes com menos densidade muscular. O rolo de espuma nunca deve causar hematomas. O atleta ou cliente deve se sentir melhor após a breve sessão com um rolo de espuma.

O uso de rolos de espuma e outros implementos de rolagem explodiu nos últimos 10 anos e continua a crescer. Rolos de espuma são um pequeno investimento para se obter uma diminuição potencialmente importante na quantidade de lesões de tecido mole não provenientes de trauma, oferecendo um grande alívio de dores de baixo grau para seus clientes adultos de personal training.
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