Anamnese para Articulação Temporo Mandibular



ATM é uma articulação bastante complexa e é preciso que o profissional tenha conhecimentos básicos de sua anatomia, para que possa realizar exame adequado dessa estrutura anatômica. Como a ATM faz parte do sistema estomatognático, é importante que a avaliação da mesma faça parte do exame físico do paciente. Uma característica da ATM é a presença de uma limitação da movimentação mandibular representada pela oclusão dentária. O disco articular da ATM está, em condições normais, anatomicamente localizado entre as superfícies da cabeça da mandíbula e do osso temporal, separando a ATM em 2 compartimentos: o supra-discal e o infra-discal.


Mastigar, abrir a boca e mesmo falar aumenta a intensidade da dor. Em alguns casos, a articulação pode ficar "travada" quando a boca se encontra fechada, ou, ao contrário, "travar" com a boca aberta, eventualidade mais rara.  Esses sintomas são mais intensos pela manhã, especialmente nos pacientes com bruxismo, que cerram os dentes com força durante o sono.

Ocasionalmente, surgem zumbido e tontura. Em muitos casos, as dores se instalam de um dia para o outro, com intensidade moderada e desaparecem como vieram. Em outros, tornam-se crônicas.

Dor crônica na ATM é classificada como um dos subtipos de cefaleia. Ruídos e crepitações, ao abrir a boca, ocorrem em aproximadamente 50% das pessoas e não requerem maiores cuidados.

Denominações

O exame da ATM se demonstra de grande importância no diagnóstico de patologias articulares e de outras estruturas orofaciais, especialmente no diagnóstico das denominadas Disfunções Crânio-mandibulares (DCM). Esta disfunção envolvendo a ATM foi descrita pela primeira vez em 1934 por James Costen, um otorrinolaringologista que publicou um artigo demonstrando que dor nos maxilares acompanhada por sintomas otológicos concomitantes eram atenuadas com ajustes oclusais. A essa síndrome dolorosa ele conferiu a denominação de Síndrome de Costen, que englobava, além dos sintomas já citados, dor de cabeça e trismo.

Algumas perguntas que podem ser feitas ao paciente durante a tomada da história em um exame inicial são:

1. Sua articulação faz barulho?

2. Ao mastigar, falar e/ou bocejar você sente dor ou dificuldade?

3. Sua oclusão/mordida é instável ou desconfortável?

4. Você "fica brincando" com seus dentes ou com a mordida?

Há um consenso geral de que o trauma direto (macrotrauma) na ATM produz injúria por impacto e é acompanhado por sinais e sintomas de inflamação na região próxima ao temporal. Se a força conduzir a danos estruturais, pode certamente ser seguida pela perda de função. Traumatismos na região facial podem levar a alterações de forma ou perfurações do disco articular, dando início a um processo que pode se perpetuar. Traumas à cabeça, à face ou aos maxilares demonstram-se então como fatores importantes no estabelecimento de sintomas de DCM.

PALPAÇÃO DA ATM

Fechar contra resistência ativará os elevadores da mandíbula. Com a cabeça do paciente sustentada contra flexão, o clínico deve localizar dois dedos contra os incisivos inferiores com o paciente abrindo cerca de 30mm. O paciente deve então fechar contra a resistência dos dedos do examinador.

AVALIAÇÃO DE MOVIMENTOS MANDIBULARES

Sempre se considerou pela profissão odontológica que as variações oclusais constituíam um fator etiológico primário para DCM, o que vem sendo questionado por muito autores atualmente. Alguns estudos detectaram cinco fatores oclusais e/ou esqueléticos que dobravam o risco de um indivíduo vir a apresentar patologias da ATM. São eles: a discrepância entre relação condilar (RC) e máxima intercuspidação habitual (MIH) maior do que 5mm; trespasse horizontal maior que 6mm; mordida cruzada unilateral; mordida aberta anterior e perda de 5 ou mais dentes posteriores o que leva a um arco dentário reduzido. Trespasse vertical excessivo tem sido relacionado a estalidos ou dores articulares, mudanças na ATM e na sensibilidade muscular.

Podem haver condições inflamatórias como por exemplo capsulite, sinosite e retrodiscite, também podendo ocorrer doenças degenerativas (não-inflamatórias) como artrose e osteoartrites, além de anquilose com um certo grau de fibrosamento dos tecidos.

Os sons articulares mais comuns são o estalido e a crepitação.

A crepitação pode ser descrita como um som semelhante ao decorrente do ato de "pisar em cascas de ovos" ou de "areia no ouvido" ("crac-crac"). É geralmente causada por alterações degenerativas nas superfícies articulares, endurecimento das superfícies articulares e lubrificação inadequada pelo líquido sinovial, que pode ocorrer em qualquer ponto do movimento mandibular. A crepitação é um sinal bem menos frequente que o estalido, e está associada a cabeças da mandíbula que apresentam alteração de forma ou mudanças degenerativas. A prevalência desse ruído aumenta à medida que se avança a idade.

Para complementar a anamnese do paciente, deve-se realizar exame físico para localizar a origem da dor e identificar qualquer disfunção do sistema mastigatório. Como já foi mencionado, o exame físico, na verdade, começa quando o paciente adentra a sala de exame para uma consulta inicial. A constituição corporal, a atividade motora, o equilíbrio, mal formações anatômicas óbvias, postura, comportamento, atenção, hábitos nervosos e fala devem ser observados e anotados. Durante a tomada da história, especial atenção deve ser dada à postura da cabeça.
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