Biomecânica da Articulação Glenoumeral



A articulação glenoumeral propicia a realização de vários movimentos que podem ser realizados isoladamente ou de forma combinada:
  • Flexão e extensão;
  • Adução e abdução;
  • Adução e abdução na horizontal;
  • Rotação interna e externa.
A flexo-extensão é realizada no plano sagital ao redor de um eixo frontal, sendo a flexão máxima de até 180º e a extensão o movimento inverso. A abdução ocorre no plano frontal ao redor de um eixo sagital com liberdade de até 180º. Nesse plano, adução é possível apenas com 30º a 45º de amplitude quando associada a uma extensão.
Outro movimento da glenoumeral é a rotação, podendo ser realizada em qualquer plano com seu grau de amplitude dependendo diretamente do grau de elevação do braço. A partir de 90º de uma abdução podem ser realizados os movimentos de adução e abdução na horizontal. Estes são realizados num plano horizontal ao redor de um eixo vertical.
A amplitude máxima de movimento na abdução do úmero depende da coordenação existente entre o úmero e a escápula, já apresentada como ritmo escapuloumeral. Portanto, a partir da posição anatômica, o movimento de abdução completa se realiza com a participação conjunta da:
  • Articulação glenoumeral;
  • Articulação escapulotorácica;
  • Tronco.
Durante a abdução de 180º existe uma relação de 2:1 do movimento do úmero em relação ao da escápula tanto em posição anatômica, rotação interna ou externa.
A flexão anterior do braço propicia um deslocamento do tendão do supraespinhal sob a borda do acrômio anteriormente ou ligamento coracoacromial. Desta forma, uma abdução ou flexão anterior do úmero ocasionará na projeção do supraespinhal, no nível de inserção, sob essas estruturas.
A elevação do úmero ocorre pela ação conjunta entre o músculo deltoide e manguito rotador, sendo o músculo deltoide (porção anterior) motor primário na flexão e os músculos deltoide (porção média) e supraespinhal motores primários na abdução.
Além disso, tanto o manguito rotador quanto o deltoide realizam importantes funções biomecânicas durante a elevação do braço. O movimento só é possível por causa das forças contrárias vetoriais exercidas por eles.
Durante a flexão ou abdução do braço, o deltoide realiza uma força no sentido superior que eleva a cabeça do úmero. Em contrapartida, os músculos do manguito rotador se contraem de forma a centralizar a cabeça umeral e deslizá-la inferiormente, impossibilitando assim um atrito ou impacto da cabeça contra o arco coracoacrômial ou sobre o próprio manguito.
Desta forma, qualquer alteração anátomo-patológica que interfira nesse mecanismo de sinergia muscular ou que comprometa a biomecânica normal do ombro, de forma que o músculo deltoide prevaleça sobre o manguito rotador, poderá ocasionar microlesões traumáticas de origem inflamatória.
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