Como funciona a Iontoforese

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É aquela em que o movimento das cargas de mesmo sinal se desloca no mesmo sentido, com uma intensidade fixa. Sua aplicação se divide em:

*Galvanização
*Iontoforese

Galvanização

É o uso terapêutico da corrente galvânica, utilizando-se exclusivamente os efeitos polares por ela promovidos.
A grande quantidade de íons positivos e negativos dissolvidos nos líquidos corporais pode ser colocada em movimento ordenada por um campo elétrico polarizado aplicado na superfície da pele.
Os efeitos decorrentes da aplicação de corrente galvânica podem ser agrupados em 4 diferentes categorias:
*efeitos eletroquímicos
*efeitos osmóticos
*modificações vasomotoras
*alterações na excitabilidade

Efeitos eletroquímicos

Um fluxo de corrente contínua atravessando uma solução de água e sal (fluidos corporais presentes nos tecidos) provoca uma migração de íons presentes para uma direção definida, processo conhecido como transferência de íons.
A dissociação eletrolítica de íons causa reações químicas sob os eletrodos. No cátodo (pólo negativo) ocorre uma reação básica, com liberação de hidrogênio e necrose de liquefação. No ânodo (pólo positivo),ocorre uma reação ácida com liberação de oxigênio e necrose de coagulação.
As queimaduras químicas resultam da formação excessiva de hidróxido de sódio (NaOH) sob o pólo negativo. Também podem ocorrer por um aumento da resistência à passagem da corrente pelas sardas ou outras zonas escleróticas da pele, bem como pela falta de solução condutora na esponja ou mesmo mau contato eletrodo-pele, podendo gerar calor excessivo.

Modificações osmóticas

A carga elétrica adquirida pelas estruturas membranosas produz uma modificação na água contida nos tecidos. As partículas de água não dissociadas adquirem uma carga elétrica, tornando-as positivas. Assim,o movimento ocorre do pólo positivo para o negativo.
Devido a uma diferença de concentração iônica nas diferentes áreas de aplicação da corrente, ocorre uma mobilização da água no sentido do cátodo por diferença de pressão osmótica.

Modificações vasomotoras

Em todas as aplicações de correntes polarizadas produz-se uma vasodilatação sob os eletrodos, a qual é acompanhada pelo aumento da temperatura, que é determinada pela ionização produzida per ela.
Na vizinhança de ambos os eletrodos se produz uma vasodilatação ativa, principalmente sob o eletrodo negativo. A hiperemia decorrente é um efeito vasomotor que não se restringe somente à pele, mas penetra também no tecido subcutâneo, fáscia e músculos superficiais.
A liberação de energia das reações de oxi-redução, leva a um aumento na temperatura local de 2 a 3°C.

Alterações na excitabilidade

Referem-se às modificações elétricas locais produzidas pela corrente elétrica no potencial de repouso das membranas celulares.
O pólo negativo excita a fibra, enquanto o pólo positivo faz com que a fibra fique mais resistente à excitação do que o normal. Tudo indica que esses fenômenos devem-se a maior ou menor permeabilidade da membrana ao sódio.
A abertura dos canais de sódio voltagem-dependente,promove a despolarização da membrana e somente ocorre pela diminuição da voltagem da membrana. O pólo negativo promove uma maior excitabilidade da membrana,uma vez que reduz a voltagem fora da mesma,reduzindo-a até próximo da voltagem negativa no interior da célula. Isso reduz a voltagem através da mesma,permitindo a ativação de canais de sódio,disso resultando a despolarização. Inversamente, o pólo positivo aumenta a diferença de voltagem através da membrana,promovendo portanto a sua hiperpolarização com conseqüente diminuição da excitabilidade

Iontoforese

Técnica de tratamento que permite a introdução, a partir da pele e das mucosas, de íons medicamentosos para o interior dos tecidos, utilizando as propriedades polares da corrente galvânica. A concentração dessas substâncias deve ser baixa, geralmente de 1 a 3 % para se obter um coeficiente de ionização elevada.
A intensidade deve ser ajustada em torno de 1mA para cada 1cm² de eletrodo ativo.
A penetração é maior durante os seis primeiros minutos, chegando a 70 %. O aumento do tempo de aplicação para 12 minutos aumenta a penetração em aproximadamente 25 %. Após esse período, a quantidade de solução restante é bastante reduzida e pouco adianta aumentar o tempo de aplicação.
A passagem da corrente através de uma solução eletrolítica produz íons, que migram de acordo com a carga elétrica. Íons positivos são repelidos pelo pólo positivo e atraídos pelo pólo negativo, ocorrendo situação inversa com os íons negativos.

Seleção do íons apropriados

Para que determinado composto penetre em uma membrana como a pele,ele deve ser solúvel em gordura e água. A penetração é relativamente superficial e geralmente menor que 1 mm. Os íons podem ser usados localmente ,ou transportados pelo sangue circulante,produzindo mais efeitos sistêmicos.
Os íons negativos que se acumulam no pólo positivo produzem uma reação ácida pela formação de ácido clorídrico. Os positivos que se acumulam no pólo negativo produzem uma reação alcalina,com a formação de hidróxido de sódio.
A tabela abaixo cita os íons mais comumente usados com iontoforese.
Produto Polaridade Solução Ação
Salicilato - 2 % Analgésico/Descongestionante
Cloreto de Cálcio + 2 % Antiespasmódico
Iodo - 4 % Bactericida
Citrato de Potássio - 2 % Antiinflamatório/Antiedematoso
Sulfato de cobre + 2 % Fungicida/Adstringente
Sulfato de Magnésio + 2 % Vasodilatador/Antiespasmódico
Cloreto de Lítio + 2 % Tratamento de Gota
Óxido de Zinco + 2 % Cicatrizante
A disposição dos eletrodos é fator primordial para obtenção de bons resultados. Para isso, a técnica contra-planar é a mais indicada. O tamanho dos eletrodos deve ser escolhido de acordo com o tamanho da área a ser tratada.
Devem ser completamente cobertos por esponjas, que entrarão em contato com a pele. Uma dessas esponjas é molhada com a solução ionizada (positiva ou negativa) e aderida ao eletrodo de igual polaridade (eletrodo ativo). A outra deve ser molhada em água deionizada e fixada ao eletrodo dispersivo.
Os benefícios terapêuticos da introdução de medicamentos por essa via são:
*Ausência de efeitos colaterais sistêmicos;
*Ação localizada do medicamento, podendo este estar em maior concentração na área lesada;
*Ação mais efetiva e prolongada do fármaco no sitio da lesão.
Indicações:
*Inflamação;
*Analgesia;
*Espasmo muscular;
*Isquemia;
*Depósitos de Cálcio;
*Tecido cicatricial;
*Hiperidrose;
*Herpes;
*Rinite alérgica;
*Gota;
*Queimaduras;
*Distrofia simpática-reflexa.
Contra-indicações:
*Reações de sensibilidade na pele;
*sensibilidade à aspirina (salicilatos);
*Gastrite ou úlcera estomacal ativa (hidrocortisona);
*Asma (mecolil);
*Sensibilidade à metais (zinco,cobre,magnésio);
*Sensibilidade à frutos do mar
Cuidados e precauções:
*Não utilizar correntes polarizadas sobre a face;
*A intensidade da corrente não deve ultrapassar 0,1mA por cm da área do eletrodo ativo;
*Nenhuma das bordas dos eletrodos deve tocar a pele do paciente devido ao risco de queimaduras;
*Não ultrapassar a concentração da solução indicada pelo fabricante;
*E necessário um bom acoplamento entre os eletrodos e a pele e uma boa umidificação das esponjas para que se diminua a resistência e se evitem queimaduras;
*Não e recomendado o uso de dois íons sob o mesmo eletrodo mesmo que tenham a mesma polaridade, bem como íons de polaridade oposta durante a mesma sessão.
Referências
Titulo: GUIRRO,E;GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional - fundamentos e recursos patologias. Capitulo 8 – Eletroterapia p.122 a 133
Titulo: PRENTICE, W. E. Modalidades Terapêuticas para Fisioterapeutas. Capitulo 6 – Iontoforese p. 129 a 137
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