Identificando doenças respiratórias no trabalho


O sistema respiratório constitui uma interface importante do organismo humano com o meio ambiente particularmente com o ar e seus constituintes, gases e aerossóis, sob a forma líquida ou sólida. A poluição do ar nos ambientes de trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato respiratório, que acometem desde o nariz até o espaço pleural. Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as propriedades químicas e físicas dos gases e aerossóis e as características próprias do indivíduo como herança genética, hábitos de vida, como tabagismo e doenças preexistentes.

O diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho se baseia:

Na história clínica-ocupacional completa, explorando os sintomas respiratórios, sinais clínicos e exames complementares.

O estabelecimento da relação temporal adequada entre o evento e as exposições a que foi submetido o trabalhador.

Considerando a latência de certas patologias, como por exemplo as neoplasias de pulmão e pleura, são importantes as informações sobre a história ocupacional do indivíduo e de seus pais, como na exposição pregressa ao asbesto trazido do local de trabalho nos uniformes profissionais contaminando o ambiente familiar.

Devem ser colhidas informações sobre atividades de lazer ou hobbies (manipulação de resinas, epóxi, massas plásticas, solda, madeiras alergênicas) que podem esclarecer certos achados que não se explicam pela história ocupacional; informações epidemiológicas existentes e estudo do conhecimento diisponível na literatura especializada; informações sobre o perfil profissiográfico do trabalhador e sobre avaliações ambientais fornecidas pelo empregador, ou inspeção da empresa/local de trabalho; e propedêutica complementar.

Os exames complementares mais utilizados são:

- Radiologia do tórax;
- Provas de função pulmonar (espirometria, volumes pulmonares, difusão de
CO2);
- Broncoscopia com lavado broncoalveolar;
- Biópsia;
- Testes cutâneos, gasometria arterial, hemograma, entre outros.

As pneumoconioses são freqüentemente assintomáticas nas fases iniciais, tornando a radiografia de tórax periódica de suma importância para o diagnóstico e intervenção precoce, com evidentes benefícios para o trabalhador.

O exame radiológico de tórax, no caso da suspeita de uma pneumoconiose, deve ser realizado e interpretado segundo os padrões estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) na “Classificação Internacional das Radiografias de Pneumoconioses da OIT”.

A versão atual, de 1980, utiliza padrões radiológicos para as diversas
categorias de lesões e sua correta utilização pressupõe que:

- As radiografias padrão mais próximas do caso em estudo devem ser cotejados, lado a lado, com os radiogramas em interpretação, no sentido de aumentar a acurácia;
- O radiograma deve ser avaliado em relação à sua qualidade e classificado em
1- bom, 2- aceitável, 3- ruim e 4- inaceitável, devendo esta ser repetida;

- Para a decisão se as alterações são compatíveis com uma pneumoconiose, a presença das opacidades observadas no exame devem ser classificadas de acordo com sua forma, tamanho, profusão e localização. As alterações pleurais também devem ser classificadas.
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