Sabendo mais sobre as Neuropatias Periféricas

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As neuropatias periféricas referem-se aos processos patológicos situados no sistema nervoso periférico que incluem os nervos cranianos do III ao XII, as raízes espinais dorsais e ventrais, os gânglios das raízes dorsais, os nervos espinais, os gânglios e os nervos autonômicos. Os nervos do sistema nervoso periférico, ou seja, os nervos que estão próximos à superfície da pele, além de controlarem as fibras musculares, também são encarregados de comunicar sensações (frio, calor, dor, pressão, tato).

Estima-se que aproximadamente 2 a 8% dos adultos sejam afetados pelas neuropatias periféricas, sendo a incidência crescente com o aumento da idade. Nos países desenvolvidos, o diabetes e o alcoolismo são as causas mais comuns de neuropatia periférica entre os adultos.

Como o sistema nervoso periférico alcança todos os pontos do organismo e qualquer desses nervos pode ser lesado, os sintomas podem ser variadíssimos.

As neuropatias periféricas podem ser classificadas de acordo com a fisiopatologia clínica (sensitivas, motoras, autonômicas), o padrão anatômico (mononeurite, mononeurite múltipla, polineuropatia), o sítio celular acometido (corpo celular, mielina, axônio) ou o padrão evolutivo (agudo, subagudo, crônico, remitente). O enquadramento das neuropatias periféricas nessas classificações facilita o diagnóstico.

Algumas formas de neuropatia podem danificar apenas alguns nervos, e são chamadas de "neuropatias". Mais frequentemente, múltiplos nervos em diferentes membros estão atingidos simetricamente, causando a "polineuropatia". Às vezes, dois ou mais nervos são isoladamente afetados, em diferentes tempos, em diferentes áreas, configurando a "mononeurite múltipla".

Ao exame físico, a pessoa com neuropatia periférica pode apresentar diminuição da sensibilidade, fraqueza e atrofia musculares, diminuição dos reflexos e alterações tróficas da pele se também houver acometimento de fibras autonômicas. Durante essa etapa da consulta clínica, é importante tentar delimitar as áreas alteradas definindo o padrão, bem como o tipo de fibra afetado.

Polineuropatias sensitivas costumam produzir diminuição da sensibilidade à vibração e à dor em um padrão luva-bota de distribuição. Inicialmente afetam os nervos de maior comprimento, com sintomas iniciando pelos pés, e, quando atingem os joelhos, geralmente começa a haver comprometimento das mãos. Dificuldade em localizar o polegar com o indicador oposto de olhos fechados e tremor irregular característico (pseudoatetose) dos dedos indicam grande perda de fibras sensitivas nos membros superiores. Em relação aos membros inferiores, a perda proprioceptiva pode gerar ataxia e aumento do polígono de sustentação, bem como positivar o teste de Romberg.

Sintomas:

Lesão dos nervos sensitivos pode causar os mais variados sintomas, uma vez que estes nervos são responsáveis por funções extremamente especializadas. As fibras mais grossas, cobertas por mielina (proteína que encobre e isola muitos nervos) registram sensação de vibração e tato, resultando em parestesias, especialmente nas mãos e pés. É frequente a sensação de "estar usando luvas e meias", principalmente à noite. Muitos pacientes não reconhecem o toque de pequenos objetos ou não conseguem distinguir formas pelo tato. Lesão neste tipo de fibras pode contribuir para perda de reflexos (bem como as lesões em nervos motores). Perda da sensibilidade da posição das articulações torna os pacientes incapazes de coordenar movimentos complexos do tipo andar, abotoar ou manter-se em pé de olhos fechados. Dor neuropática é um evento de difícil controle e pode acometer a esfera psico-afetiva e, consequentemente, a qualidade de vida. Dor neuropática usualmente piora à noite, interfere na arquitetura de sono, com sensação de fadiga matinal, adicionando sofrimento psíquico à lesão nervosa.

Fibras mais finas, amielínicas, transmitem sensação de dor e temperatura. Lesão neste tipo de fibra pode interferir com a capacidade de sentir dores ou mudanças na temperatura. É comum lesões banais transformarem-se em graves feridas devido a infecção, absolutamente assintomáticas. Outros pacientes podem não sentir dores relacionadas a dor isquêmica cardíaca ou outras condições agudas. Perda de sensibilidade é um problema particularmente sério em pacientes diabéticos, contribuindo para alta incidência de amputações nesta população. Receptores de dor na pela podem ficar hiper sensíveis, causando dores intensas e insuportáveis, estimulados por estímulos banais indolores (do tipo peso dos lençóis ou sopro). É a chamada "alodínia".

Sintomas secundários a lesão autonômica são diversos e dependes de quais órgãos ou glândulas forem afetadas. Disfunção autonômica pode se tornar uma ameaça à vida e pode necessitar atendimento de urgência em casos de prejuízo respiratório ou arritmias. Sintomas comuns de disautonomia são: dificuldade para controle da sudorese, com intolerância a calor; perda de controle urinário; alterações da pressão arterial, causando tonturas de repetição e até perdas de consciência de repetição. Sintomas gastrointestinais freqüentemente acompanham neuropatias autonômicas. disfunção da musculatura intestinal leva a diarréia, obstipação ou incontinência fecal. Algumas pessoas podem ter dificuldades para se alimentar ou deglutir se alguns nervos autonômicos estiverem afetados.

Prevenção e cuidados:

Para quem trabalha com pacientes nessa condição, adota-se medidas para melhoria na qualidade de vida. Exemplo:  controle ponderal, evitar exposição a toxinas, programa de exercícios supervisionado, dieta balanceada, correção de déficits vitamínicos, limitar ingestão de álcool- podem reduzir os efeitos físicos e emocionais das neuropatias periféricas. Formas de exercício ativas e passivas podem reduzir as câimbras, melhorar a força muscular e prevenir atrofia em membros paralisados. Vários tipos de dieta podem melhorar sintomas gastrointestinais. A suspensão do tabagismo é particularmente importante porque o fumo é capaz de contrair os vasos sangüíneos que oferecem nutrientes aos nervos periféricos e podem piorar os sintomas neuropáticos. Orientações de auto-cuidado, do tipo inspeção meticulosa dos pés e cuidados com as feridas em pacientes diabéticos, portadores de diminuição de sensibilidade, podem aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida. Tais condições criam condições para regeneração nervosa.

A neuropatia e a polineuropatia traz uma gama de condições para o fisioterapeuta tratar. O objetivo deste texto foi situar o estudante/profissional no básico do que é o tratamento desta condição.

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