Saiba tudo sobre a Mobilização Articular






Após uma lesão articular, quase sempre haverá alguma perda de movimento associada. Esta perda, pode ser atribuída a diversos fatores patológicos, incluindo, à contratura do tecido conjuntivo inerte (ligamentos e cápsulas articulares); à resistência ao alongamento do tecido contrátil ou da unidade musculotendinosa ou, ainda, à combinação destes dois fatores. Se não tratada adequadamente, a articulação poderá tornar-se hipomóvel e acabará apresentando sinais de degeneração.

MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS E ACESSÓRIOS

O movimento osteocinemático é o movimento mais conhecido, pois é resultado das contrações musculares ativas, concêntricas e excêntricas, que movem um osso ou articulação.
Os movimentos acessórios ou artrocinemáticos são a forma pela qual uma superfície articular move-se em relação à outra.

O movimento fisiológico é voluntário, e os movimentos acessórios normalmente acompanham o movimento fisiológico.

Se algum componente dos movimentos acessórios estiver limitado, os movimentos fisiológicos normais não ocorrerão. Um músculo não pode ser totalmente reabilitado se as articulações não estiverem livres para movimentarem-se e vice-versa.

ARTROCINEMÁTICA

Artrocinematicamente, quando uma articulação se move, três tipos de movimento podem ocorrer entre as duas superfícies osseas: o giro, o rolamento e o deslizamento.

O giro ocorre ao redor de algum eixo mecânico longitudinal estático e pode ocorrer tanto no sentido horário, quanto no anti-horário. Ex: o movimento da cabeça do rádio na articulação rádio-umeral, como ocorre na pronação e na supinação do antebraço.

O rolamento acontece quando uma série de pontos de uma superfície articular entram em contato com uma série de pontos de outra superfície articular. Ex: os côndilos femorais arredondados rolando sobre o platô tibial plano e estático.

O deslizamento ocorre quando o mesmo ponto numa superfície entra em contato com uma série de pontos de outra superfície. Ex: durante o teste de gaveta posterior no joelho, o platô tibial plano desliza posteriormente em relação aos côndilos femorais arredondados e fixos.

O deslizamento ocorre simultaneamente ao movimento de rolamento, por que na prática, todas as superfícies articulares são incongruentes, o que significa que uma é geralmente plana e a outra é mais curva. O rolamento não ocorre sozinho, pois isto resultaria na compressão ou talvez na luxação da articulação. Ex: Se ocorresse apenas um rolamento dos côndilos do fêmur sobre o platô tibial, o fêmur rolaria para fora da tíbia e o joelho luxaria.

Embora o rolamento e o deslizamento ocorram quase sempre juntos, não acontecem necessariamente na mesma proporção, nem no mesmo sentido. Se as superfícies articulares forem mais congruentes, o movimento de deslizamento predomirará. No entanto, se houver menor congruência, o rolamento será predominante.
O rolamento ocorre sempre na direção do movimento ósseo. Isto ocorre, não importando se a superfície coadjuvante na articulação é côncava ou convexa. Ex: na articulação do joelho quando o pé estiver fixo no solo, o fêmur rolará sempre no sentido anterior durante a extensão do joelho e rolará no sentido posterior durante a flexão.

O movimento de deslizamento articular obedece sempre à regra do côncavo-convexo.
Se uma superfície côncava se move, o deslizamento da articulação está ocorrendo na mesma direção que o segmento ósseo. Ex: os dedos da mão e o joelho.

Se uma superfície convexa se move, o deslizamento da articulação está ocorrendo na direção oposta à do segmento ósseo. Ex: ombro e quadril.

Essa relação mecânica é a base para determinação da direção da força mobilizadora quando são usadas técnicas de manipulação articular com deslizamento.

POSIÇÃO DE REPOUSO

A posição de repouso (posição de relaxamento total da articulação) é aquela em que a cápsula está mais relaxada e que, portanto, tem o máximo espaço e pode acomodar o maior volume de líquido. Nesta posição, as superfícies articulares têm menos contato entre si do que em qualquer outra, possibilitando a ocorrência da amplitude máxima do movimento acessório, por isto, essa posição é a mais apropriada para a mobilização e a tração.

- Articulação gleno-umeral: abdução 55 graus, aduzido horizontalmente 30 graus e ligeira rotação lateral.
- Articulação úmero-ulnar: flexão 70 graus, antebraço em 10 graus de supinação.
- Articulação rádio-ulnar proximal: cotovelo fletido 70 graus, antebraço supinado 35 graus.
- Articulação rádio-ulnar distal: supinação de 10 graus.
- Articulação coxo-femoral: flexão 30 graus, abdução 30 graus e leve rotação lateral.
- Articulação tíbio-femoral: flexão 25 graus.
- Articulação tíbio-fibular proximal: flexão de joelho 25 graus e flexão plantar 10 graus.
- Articulação tíbio-fibular distal: flexão plantar 10 graus e inversão 5 graus.
- Articulação talo-crural: flexão plantar 10 graus.

TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO ARTICULAR

A mobilização articular e a tração são técnicas de terapia manual que envolvem os movimentos passivos e lentos das superfícies articulares.

São utilizadas para recuperar a amplitude de movimento ativo, restaurar os movimentos passivos articulares, reposicionar ou realinhar a articulação, readquirir a distribuição normal de forças e de estresses ao redor da articulação, reduzir a dor, sendo que todos esses fatores juntos melhorarão a função articular. A utilização dessas técnicas visa alcançar uma variedade de objetivos de tratamentos mecânicos ou neurofisiológicos: a diminuição da ação muscular protetora; o alongamento ou estiramento dos tecidos adjacentes à articulação, especialmente os tecidos capsulares e ligamentares; os efeitos reflexogênicos, que inibem ou facilitam o tônus muscular ou o reflexo de estiramento e os efeitos proprioceptivos para melhorar a consciência postural e cinestésica.

As técnicas de artrocinemática devem ser utilizadas sempre que as estruturas articulares inertes ou não contráteis estiverem encurtadas; podem ser utilizadas, com eficiência, em qualquer ponto da amplitude de movimento e em qualquer direção na qual o movimento estiver restrito.

Na articulação hipomóvel, à medida que as técnicas de mobilização vão sendo aplicadas para o tratamento das restrições de movimento, ocorre certa deformação no tecido das estruturas capsulares ou ligamentares. Caso o tecido seja alongado apenas em sua amplitude elástica, não ocorrerão alterações estruturais permanentes. Porém, caso esse tecido seja alongado em sua amplitude plástica, ocorrerão alterações estruturais permanentes. Portanto, a mobilização e a tração podem ser utilizadas para alongar tecidos e quebrar aderências. No entanto, se forem utilizadas inadequadamente, podem também danificar os tecidos e causar entorses na articulação.

As técnicas de tratamento desenvolvidas para melhorar o movimento acessório são compostas, geralmente, por movimentos lentos de pequena amplitude, sendo que amplitude é à distância que a articulação é movida passivamente dentro de sua amplitude total. Utilizam um braço de alavanca curto para alongar os ligamentos e cápsulas articulares, impondo menos estresse sobre estas estruturas e, conseqüentemente, são de certa forma mais seguras do que as técnicas de alongamento.

Sistema de dosagem gradual para mobilização:

Grau I - São realizadas oscilações rítmicas de pequena amplitude no início da amplitude articular.
Grau II - São realizadas oscilações de grande amplitude dentro da amplitude existente, não atingindo o limite.
Grau III - São realizadas oscilações rítmicas de grande amplitude até o limite da mobilidade existente.
Grau IV - São realizadas oscilações rítmicas de pequena amplitude no limite da mobilidade existente e forçadas na resistência tecidual.

TRAÇÃO

A tração ou separação das superfícies articulares é um movimento translatórico de folga da articulação, é realizada perpendicularmente ao plano de tratamento.
A tração pode ser utilizada para diminuir a dor, aumentar a mobilidade da articulação ou para testar movimentos acessórios.

Dosagem:

Grau I (frouxo) ? tração articular de pequena amplitude onde a cápsula não é sobrecarregada. Ela iguala as forças de tensão muscular e pressão atmosférica que agem sobre a articulação.

Grau II (tenso) ? tração nas superfícies articulares suficiente para tensionar os tecidos ao redor da articulação.

Grau III (alongado) - tração das superfícies articulares com uma amplitude grande o suficiente para promover o alongamento na cápsula articular e estruturas periarticulares vizinhas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KNUST, V. Apostila da aula de terapia manual nas lesões desportivas. Curso de Pós Graduação em Traumato-Ortopedia com ênfase em terapias manuais integradas - Universidade Católica de Petrópolis, 2010.

KISNER, Carolyn & COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos - fundamentos e técnicas. 4ª edição, Editora Manole Ltda, 2005.


Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/mobilizacao-articular/71694/#ixzz43pyCYjSj
Tecnologia do Blogger.