Fisioterapeutas: sabendo mais sobre a hemiplegia após o AVE
O acidente ou ataque vascular cerebral (AVC) também conhecido como acidente vascular encefálico (AVE) pode ser definido como déficit neurológico focal súbito devido a uma lesão vascular, incluindo lesões causadas por distúrbios hemodinâmicos.
A conseqüência física mais comum do AVE é a hemiplegia, definida como "paralisia completa dos membros superiores e inferiores do mesmo lado do corpo". Outras seqüelas podem ser: problema de percepção, cognição, sensoriais e de comunicação, que estes precisam ser considerados na conduta fisioterapêutica.
Com a infuncionalidade do membro é comum que o paciente adquira posturas compensatórias, reforçando o não uso do membro parético para realizar suas AVDs, limitando-o em algumas atividades nas quais são necessário o apoio bimanual, síndromes do uso excessivo e quadros álgicos no braço funcional.
Além da seqüela motora e ou sensitiva no hemicorpo, o paciente com hemiplegia normalmente desenvolve quadros patológicos secundários como o ombro doloroso, que acomete de 34 à 85% dos pacientes hemiplégicos.
A recuperação de um paciente com hemiplegia constitui-se em um grande desafio, tanto pela complexidade das funções perdidas, quanto pela alta incidência de dor no ombro, resultando em impacto negativo no processo reabilitacional. Esse quadro álgico possui etiologia diversificada podendo estar relacionado com: subluxação escápulo-umeral, capsulite do ombro, síndrome do impacto, síndrome complexa de dor regional, tendinite bicipital, neuropatia por tração do plexo braquial, espasticidade, mobilização do membro superior paralisado em torno da amplitude de movimento (ADM), limitação de ADM, lesões de partes moles, dor central, ou a união destes fatores.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 2003 os estágios da fase de recuperação são:
Persistência da hipotonia (estágio flácido), havendo perda motora geral e/ou perda sensorial severa, o braço fica flácido e caído e o paciente não consegue firmar-se no espaço devido à fraqueza muscular e ao baixo tónus muscular, sendo o mais incapacitante dos 3 estágios.
Evolução para o tónus normal (o estagio de recuperação), os movimentos iniciam-se nos membros, primeiro mais distalmente, permanecendo na generalidade uma leve incapacidade.
Evolução para a hipertonia (o estágio espástico), a recuperação da função motora com uma evolução para a espasticidade é bastante frequente. Há uma recuperação inicial dos movimentos proximais dos membros.
O tónus muscular aumentado conduz à espasticidade que se apresenta nos músculos antigravíticos. Este tónus muscular é diferente em cada indivíduo, influenciando a qualidade do movimento:
- espasticidade severa: os movimentos são difíceis e por vezes impossíveis devido à contração muscular contínua;
- espasticidade moderada: os movimentos são lentos e realizados com esforço e coordenação anormal;
- espasticidade leve: os movimentos grossos dos membros são possíveis, enquanto os movimentos finos da mão são difíceis.
1º estádio é a hipotonia no hemicorpo afetado;
2º estádio é a hipertonia do hemicorpo afetado;
3º estádio é a de recuperação relativa que depende de muitos fatores entre os quais o local e a extensão da lesão, a idade, a capacidade do sistema nervoso se reorganizar (plasticidade) e a motivação/atitude do paciente que podem fazer variar o tempo de permanência entre os estádios e condicionar a recuperação.
Há profissionais que escolhem a readaptação funcional dando enfase ao uso do membro não hemiparético, em idosos devido a dificuldade na neuroplasticidade nos idosos
A hemiparesia permanece por períodos longos, havendo um platô em termos de ganho em aproximadamente doze meses. Além disso, 60% dos indivíduos que sofrem AVE ficam com disfunção motora que se torna um déficit "permanente" um ano após a lesão. Esses problemas resultam em dificuldades para a execução dos movimentos funcionais, prejudicando a qualidade de vida individual, principalmente a indepen-dência relativa à realização das AVDs e ao desempenho ocupacional.