Propriocepção e Receptores Proprioceptivos

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A propriocepção é um termo utilizado para descrever todas as informações neurais originadas nos proprioceptores das articulações, músculos, tendões, cápsulas e ligamentos, que são enviadas através de vias aferentes ao sistema nervoso central (SNC), de modo consciente ou inconsciente, sobre as relações biomecânicas dos tecidos articulares, as quais podem influenciar o tônus muscular, programas de execução motora e coordenação, cinestesia, reflexos musculares, equilíbrio postural e estabilidade articular.

Receptores Proprioceptivos

Os proprioceptores são receptores mecânicos, também chamados de mecanorreceptores, que são sensibilizados durante a deformação articular, levando informações sobre a angulação e velocidade do movimento.

Os impulsos nervosos originados nesses receptores podem ser conscientes ou inconscientes. Os inconscientes não despertam sensação, sendo utilizados pelo SNC para regular a atividade muscular através do reflexo miotático ou dos vários centros envolvidos na atividade motora, em especial o cerebelo. Os impulsos proprioceptivos conscientes atingem o córtex cerebral e permitem a um indivíduo ter percepção corporal (noção espacial, atividade muscular e movimento articular), sendo responsáveis pelo sentido de posição e de cinestesia (MACHADO, 2005).

Os estímulos mecânicos são convertidos pelos proprioceptores em atividade elétrica, direcionando-os aos elementos neurais das vias aferentes no SNC, o qual irá processar e modular respostas motoras em seus centros de forma consciente ou inconsciente.

Os principais proprioceptores são:

a) Receptores articulares:

•mecanorreceptores tipo I: situam-se na camada externa da cápsula fibrosa. Responsáveis pela disposição ordenada dos músculos tônicos de adaptação lenta;

•mecanorreceptores tipo I: situam-se na camada inferior da cápsula fibrosa. Responsáveis pelo sentido do movimento ordenado aos músculos fásicos de adaptação lenta;

•mecanorreceptores tipo I: situam-se próximos aos ligamentos da articulação. Responsáveis pelo efeito inibidor dos reflexos sobre os neurônios motores (SILVESTRE e LIMA, 2003).

Propriocepção no equilíbrio

A palavra propriocepção refere-se aos processos sensoriais envolvidos na consciência da postura e do movimento. O sistema proprioceptivo tem seu foco em três variáveis: a percepção da posição, do movimento e da força do membro. A propriocepção descreve ainda as mudanças no equilíbrio, assim como o conhecimento da posição, do peso e da resistência dos objetos em relação ao corpo. O sistema visual, vestibular, a sensibilidade dos membros inferiores e o "sentido muscular" (propriocepção) são sentidos do equilíbrio. A integração dessas informações sensoriais participa do controle do equilíbrio.

Informações de origem somatossensorial, através de proprioceptores musculares, cutâneos e articulares, conjuntamente com informações do sistema visual e do sistema vestibular, oferecem conhecimento da estruturação do corpo no espaço ao sistema nervoso central, proporcionando ações motoras para a manutenção do equilíbrio postural, pela contração dos músculos antigravitacionais.

Coordenação, equilíbrio e habilidades motoras funcionais são interdependentes e são afetados pelos sistemas sensoriais, particularmente os sistemas somatossensorial e proprioceptivo. A coordenação e o equilíbrio precisam estar presentes para que se aprenda e desempenhe habilidades funcionais. Quando há alguma lesão músculo-esquelética ou neuromuscular e desenvolve-se comprometimentos subseqüentes como perda de força, imobilidade dos tecidos moles ou perda da resistência física, a coordenação, equilíbrio e habilidades funcionais poderão ser também afetados, levando a incapacidades e deficiências. A coordenação neuromuscular desempenha importante papel na manutenção do equilíbrio na posição ereta (ELLENBECKER, 2002).

A informação aferente de mecanorreceptores é analisada no sistema nervoso central para posição e movimento da articulação, de modo que possam ser avaliados os estados estáticos em comparação com os estados dinâmicos, equilíbrio em comparação com desequilíbrio. Após processada e avaliada, essa informação proprioceptiva é capaz de influenciar o tônus muscular, controle motor e percepções cognitivas ou consciência cinestésica.

O risco de quedas também relaciona-se com a propriocepção, já que a presença de instabilidade deve-se a oscilação postural.

Proprioceptores do joelho

O sistema proprioceptivo recebe informações de receptores musculares, cutâneos e articulares e utiliza estes estímulos sensoriais para determinar onde os membros se encontram no espaço, a amplitude e a velocidade de seus movimentos. Os receptores musculares são a fonte predominante das informações proprioceptivas, mas os receptores cutâneos e articulares também contribuem para os processos que envolvem a percepção (COHEN, 2001).

Os proprioceptores são inervados nas articulações por ramos articulares com origem nos nervos destinados aos músculos, tendões e tecidos profundos associados de cada articulação. As sensações articulares do joelho são o único componente de um sistema de estabilização dinâmica, visto que há alteração na propriocepção após uma lesão no joelho. A maioria dos receptores articulares descarregam próximo dos extremos do movimento. Geralmente, durante a flexão e a extensão máximas, assim, não produzem um sinal inteligível relacionado à posição da articulação (COHEN, 2001).

A informação proprioceptiva protege a articulação contra lesões causadas pelo movimento que excede a amplitude de movimento fisiológica e normal, e ajuda a determinar o apropriado equilíbrio entre forças sinergistas e antagônicas.

Os receptores são classificados por localização em: articulares (presente nas articulações), profundos (músculos, tendões e ligamentos) e superficiais (cutâneos). Os receptores articulares estão localizados dentro da cápsula articular, ligamentos e em todas as estruturas intra-articulares existentes no corpo. A cápsula articular contém quatro tipos de receptores distintos de terminações nervosas: Corpúsculos de Ruffini, receptores de Golgi, corpúsculos de Paccini e terminações nervosas livres.

Os corpúsculos de Ruffini são sensíveis ao alongamento da cápsula articular, alteração da pressão do fluido intracapsular, amplitude e velocidade de alteração da posição articular. Os receptores de Golgi são intraligamentares e apresentam-se ativos quando os ligamentos são solicitados nos extremos do movimento articular. Os corpúsculos de Paccini são sensíveis à vibração de alta freqüência, e as terminações nervosas livres são sensíveis ao estresse mecânico.

No joelho saudável e normal, estabilizadores tanto estáticos quanto dinâmicos, proporcionam sustentação. Os estabilizadores estáticos são ligamentos, meniscos e cápsula articular. Essas estruturas proporcionam estabilização à articulação dos tecidos capsuloligamentares e desempenham importante papel sensitivo, pois detectam a posição e movimento da articulação.

Sinais de receptores articulares e cutâneos contribuem para a propriocepção e são os mais importantes para a mão e menos críticos para as articulações mais proximais, como a do joelho.

A inervação extrínseca das estruturas articulares é realizada por intermédio da estimulação aferente dos receptores periarticulares. Essa estimulação resulta no desencadeamento de reflexos protetores destinados a se oporem ao movimento lesivo.


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