Equílibrio: conceitos, tipos e cinesiologia

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O homem possui um sentido que o permite conhecer a inclinação de seu corpo, assim como também possui a capacidade de reajustá-lo e de corrigir todo desvio em relação à vertical. A habilidade para manter o centro de gravidade sobre a base de apoio, geralmente quando se está em pé é denominada equilíbrio. Esse é um fenômeno dinâmico que envolve uma combinação de estabilidade e mobilidade. O equilíbrio é necessário para manter uma posição no espaço ou movimentar-se de modo controlado e coordenado .

A definição do equlibrio varia de auotr para autor. Enquanto Ellenbecker (2002) define equilíbrio de três formas que é a capacidade de manter uma posição, a capacidade de movimentar-se voluntariamente e a capacidade de reagir a uma perturbação, Carr (2003) coloca o equilíbrio como sendo a capacidade de neutralizar forças que poderiam perturbar seu estado, o que requer coordenação e controle. Já Hall (2000) acredita que a estabilidade corporal tem a ver com o estado de equilíbrio do corpo, a resistência à aceleração angular ou linear e a capacidade do indivíduo em assumir e manter uma determinada posição refere-se ao equilíbrio corporal do sujeito.

O equilíbrio é um problema dinâmico e está relacionado à capacidade de manter a linha que passa pelo centro de gravidade, perpendicular ao solo e dentro de uma base de apoio. A grande tarefa do sistema de controle postural é manter a projeção horizontal do centro de gravidade (CG) do indivíduo dentro da base de suporte definida pela área da base dos pés durante a postura ereta estática.

A linha da gravidade constitui-se num traçado imaginário interligando pontos específicos observados no paciente posicionado em pé e lateralmente ao examinador. Para que um corpo fique estável, ou em equilíbrio, a linha da gravidade de sua massa precisa passar exatamente no eixo de rotação. As alterações observadas através da linha da gravidade compõem a abordagem específica e fundamental no estudo da caracterização postural

A postura ereta, estática e dinâmica resulta do equilíbrio entre as forças que agem no centro de gravidade, e as forças dos grupos musculares antigravitacionais que se contraem e atuam em sentido contrário.

A questão do equilíbrio, bem como toda a complexidade envolvida na obtenção e manutenção deste, é notada quando assume-se a posição ereta. O fato de manter o equilíbrio torna-se extremamente difícil quando a capacidade de manter a postura ereta se deteriora.

A complexa função do equilíbrio só é possível através da integração de várias estruturas como: o sistema motor (força muscular, tônus muscular, reflexos tônicos de postura); as sensibilidades proprioceptivas (que informam ao sistema nervoso central a posição dos segmentos corpóreos e dos movimentos do corpo); o aparelho vestibular (cujos receptores informam a posição e os movimentos da cabeça); o sentido da visão (encarregado da percepção das relações espaciais). Essas estruturas atuam de forma complexa, integrada, redundante e de maneira diferenciada para cada perturbação sobre o corpo humano. As propriedades passivas do sistema músculo-esquelético, principalmente a rigidez das estruturas biológicas, também desempenham um importante papel na manutenção do equilíbrio.

Fatores como peso corporal, base de sustentação, organização do esqueleto ósseo, resistência viscoelástica dos elementos musculares e ligamentares, e reflexos posturais também estão envolvidos na manutenção do equilíbrio postural.

Se uma pessoa relatar instabilidade e sensações vertiginosas, apesar de todos seus órgãos periféricos funcionarem perfeitamente, é então a integração sensorial de todas as aferências que participam do controle da postura que se encontra deficiente. Existe um bloqueio da integração sensorial nos indivíduos instáveis como defeito de integração das informações no caso de alterações posturais.

O estado de equilíbrio é investigado com o paciente em posição ereta (equilíbrio estático) e durante a marcha (equilíbrio dinâmico) (SANVITO, 2002), podendo ser classificado como estável e instável.

Equilíbrio Estático

O equilíbrio estático refere-se à capacidade do indivíduo em manter uma posição antigravitacional estável quando em repouso, por manter o centro de massa dentro da base de apoio disponível (ELLENBECKER, 2002). A estabilidade é alcançada gerando-se momentos de força sobre as articulações do corpo para neutralizar o efeito da gravidade ou qualquer outra perturbação em um processo contínuo e dinâmico durante a permanência em determinada postura.

O equilíbrio estático é garantido quando o somatório de todas as forças atuantes no corpo, verticais e horizontais, é igual a zero.

A postura estática é descrita como sendo o equilíbrio do organismo do homem na posição parada (em pé, sentado ou parado) em situação que não cause nenhum dano das estruturas anatômicas responsáveis por tal, e não produza dor quando essa posição for mantida durante muito tempo.

É difícil encontrar exemplos nos esportes ou tarefas motoras diárias em que o equilíbrio estático esteja presente. Ao assumir a posição ereta bípede, o corpo humano ainda permanece em equilíbrio dinâmico. A postura ereta não é um evento estático, sendo caracterizada por oscilações, mantendo o corpo em contínuo movimento. Essas oscilações são de ordem involuntária e dependem de mecanismos neuromusculares, visando preservar o equilíbrio postural.

Equilíbrio Dinâmico

O conceito de equilíbrio dinâmico é aplicado a corpos em movimento, a uma velocidade constante seja angular ou linear; ele está entre as forças que estão sendo aplicadas no corpo. A existência do equilíbrio dinâmico humano depende do controle motor, o qual é auxiliado pelos sistemas sensoriais presentes no organismo.

O equilíbrio dinâmico envolve respostas posturais automáticas ao deslocamento da posição do centro de massa. Respostas posturais reativas são ativadas para recapturar a estabilidade quando uma força inesperada desloca o centro de massa.

A postura dinâmica participa na realização de todos os movimentos de deslocamento do corpo, sendo então descrita como o equilíbrio adequado na realização dos movimentos que devem ser executados sem dor. Na posição adequada de equilíbrio, as vértebras, os discos, as articulações e os músculos executam essa função com o mínimo de desgaste.

Equilíbrio Estável

O equilíbrio estável é dito como sendo a volta à posição original do objeto que sofre a ação mecânica de uma força quando este se encontra em equilíbrio estático, ou seja, o corpo possui estabilidade quando, após uma perturbação, retorna à sua posição de equilíbrio.

Considera-se uma condição naturalmente estável, no caso de movimentos humanos, o puxar, enquanto que empurrar é uma condição naturalmente instável. O importante a ressaltar é que, ao empurrar um objeto, pode-se estabilizar a ação através de esforço muscular adicional pela contração dos músculos agonistas e antagonistas.

A estabilidade é alcançada gerando-se momentos de força sobre as articulações do corpo para neutralizar o efeito da gravidade ou qualquer outra perturbação em um processo contínuo e dinâmico durante a permanência em determinada postura. Para a regulação do equilíbrio, o sistema necessita de informações sobre as posições relativas dos segmentos do corpo e da magnitude das forças atuando sobre o corpo Equilíbrio Instável

Um corpo que tende a se mover, partindo de uma posição de equilíbrio, sem que consiga voltar a sua posição de origem, é dito estando em equilíbrio instável (HAY, 1993).

Ferreira (2003) comenta que um exemplo de equilíbrio naturalmente instável é a postura assumida na bipedestação. Neste tipo de equilíbrio, o corpo (ou partes dele) oscila sobre uma referência de equilíbrio, esta pequena oscilação é chamada de tremor. Acrescenta ainda que a oscilação do corpo provoca uma migração do CP (forças verticais exercidas na superfície de suporte). A posição do CP num instante em que a componente horizontal da força de reação do solo é igual a zero é chamado instante do ponto de equilíbrio (IEP). Nesse instante, o CP coincide, com o ponto de equilíbrio do corpo, além da força de reação não ser gerada.

A oscilação do corpo durante a postura ereta é usualmente investigada utilizando-se uma plataforma de força, um instrumento de medida sobre o qual os sujeitos permanecem em pé durante os experimentos. A variável mais comum para analisar esta oscilação é a posição do CP, o ponto de aplicação da resultante das forças agindo na superfície de suporte. O deslocamento do CP representa uma somatória das ações do sistema de controle postural e da força de gravidade. Devido à oscilação do corpo e às forças inerciais, a posição do CP é diferente da projeção do CG sobre a superfície de suporte, o CG indica a posição global do corpo.

Mecanismos de postura e equilíbrio

Essas funções se fazem basicamente pelo arquicerebelo e pela zona medial, que promovem a contração adequada dos músculos axiais e proximais dos membros, de modo a manter o equilíbrio e a postura normal, mesmo nas condições em que o corpo se desloca. A influência do cerebelo é transmitida aos neurônios motores pelos tractos vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal. A aferência articular é transmitida para a medula e centros do tronco cerebral pelas vias ascendentes de fibras da raiz dorsal (fascículos grácil e cuneiforme). O fascículo grácil conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco; o fascículo cuneiforme conduz impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco.

A atividade da fibra aferente articular também ajuda as fibras aferentes do fuso muscular na inibição da atividade muscular antagonista sob condições de perturbação posturais não esperadas. Quando um impulso surge dos receptores cutâneos, articulares, musculares e vestibulares simultaneamente, é gerado uma aferência, e ajustes posturais involuntários agem para estabilizar e levar o centro de gravidade do corpo para um estado de equilíbrio

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