Indicações e contra-indicações à prática da atividade física em cardiopatas

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Em princípio, a atividade física regular está formalmente indicada para todos os cardiopatas estáveis. Entretanto, em razão do risco potencial do aparecimento de isquemia miocárdica, de arritmias complexas, do agravamento de disfunção ventricular preexistente e/ou da ocorrência de parada cardiorrespiratória durante o exercício, definindo a necessidade de supervisão e/ou monitoração médica, os pacientes poderão ser classificados em quatro grupos:

Grupo A :

•Indivíduos saudáveis, sem evidência de doença

cardíaca •Indivíduos com TE normal •   Capacidade funcional >7,5 MET

Grupo B:

•Indivíduos com cardiopatia estável de baixo risco

• Coronariopatas pós-IAM, pós-angioplastia e pós-revascularização miocárdica cirúrgica não complicados

• Capacidade funcional > 6 MET

• Ausência de sinais de insuficiência cardíaca

• Ausência de isquemia de repouso •Ausência de isquemia e/ou arritmias complexas no TE

• TE com comportamento fisiológico da PA e segmento ST

•Fração de ejeção > 50%

• Ausência de história prévia de parada cardíaca

Grupo C :

•Indivíduos com cardiopatia estável de moderado a alto risco

• Capacidade funcional < 6 MET

• TE com critérios para isquemia miocárdica

• Episódio de arritmias ventriculares ou isquemia com carga menor que 6 MET

• TE com queda da PA ou comportamento anormal de segmento ST

•Fração de ejeção entre 31% a 49% •Incapacidade de seguir a prescrição de exercício

Grupo D:

• Cardiopatas com instabilidade clínica e restrição às atividades físicas

• Fração de ejeção ventricular esquerda menor que 30%.

• Sobrevivente de parada cardíaca

• TE com isquemia miocárdica precoce •Queda  ou não elevação da pressão arterial sistólica durante o esforço

• Portadores de insuficiência cardíaca descompensada

• Angina instável, arritmias ventriculares complexas não controladas, lesão de tronco de CE

•Valvopatias graves

•Presença de insuficiência respiratória aguda

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PARA ATIVIDADE FÍSICA

A Não cardiopatas, isentos de risco para exercícios de média intensidade

B Cardiopatas estáveis com baixo risco para exercícios de média intensidade

C Cardiopatas graves estáveis com risco moderado a alto para exercícios de média intensidade

D Cardiopatia instável, risco inaceitável

• Os pacientes da classe D deverão ser estabilizados antes de iniciarem a prática de atividade física.

Por outro lado, as contra-indicações à pratica de atividade física em cardiopatas podem ser divididas em absolutas ou relativas. Estas últimas poderão ser revistas e, eventualmente, permitir a realização de teste ergométrico e atividade física sob supervisão.

Contra-indicações absolutas para participação de sessões de atividade física

• Angina instável

•PAS > 200 mm Hg ou PAD > 120 mm Hg em repouso

• Estenose aórtica severa (gradiente sistólico de pico > 50 mm Hg com orifício de valva aórtica < 0,75 cm2 no adulto)

• Doença sistêmica aguda ou presença de febre •Arritmia atrial ou ventricular não controlada •Taquicardia sinusal não controlada (FC > 120 bpm)

•Insuficiência cardíaca descompensada •Bloqueio AV de 3° grau sem marcapasso •Miocardite ou pericardite ativa

• Embolia recente •Tromboflebite

•Infradesnível de ST > 2 mm de início recente •Diabetes não controlada (glicemia de jejum > 300 mg/dl)

• Problemas ortopédicos que possam se agravar com o exercício

• Outros problemas metabólicos como tireoidite, hipovolemia, hipo ou hiperpotassemia

Contra-indicações relativas para a prática de atividade física

• Extra-sístoles ventriculares bigeminadas

•Bloqueio AV 3° grau

• Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva

• Distúrbios metabólicos não compensados (diabete melito, anemia, distúrbios hidroeletrolíticos, tireotoxicose, mixedema)

• Distúrbios neuromusculares e osteoarticulares incapacitantes

• Estenose aórtica moderada

• Aneurisma ventricular

• Marcapasso de freqüência fixa •Taquiarritmias ou bradicardias •Insuficiência respiratória de moderada a grave •Distúrbios psiconeuróticos

 

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

•Fletcher GF, Balady G, Froelicher VF et al. AHA Medical / Scientific Statement Exercise Standards. Circulation 1995: 91;580-615.

• Pollock M and Schmidt D. Heart Disease and Rehabilitation. 30 ed; Humam Kinetics, 1995.

• Buchler RD, Meneghelo RS et al. Princípios gerais e aplicações de reabilitação. Rev Soc Cardiol Est SP 1996: 1; 11-12.

• Balfour IC, Drimmer AM et al. Pediatric cardiac rehabilitation. Am J Dis Child 1991; 145; 627-630.

• Fletcher GF, Blair SN et al. Statement on exercise benefits and recommendations for physical activity for all Americans. Circulation 1992; 86: 340-344.

•Stevenson LW and Steinle AE. Improvement in exercise capacity of candidates awaiting heart transplantation. J Am Coll Cardiol 1995: 25;163- 170.

• Detrano R; Froelicher VF; Exercise testing; uses and limitations considering recent studies. Prog Cardiovasc Dis. 1988: 31; 173-204.

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POR: CLAUDIA RACHMAN DARGAINS
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