Exercícios para pacientes com paralisia cerebral

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A paralisia cerebral (PC) é um termo usado para descrever um grupo de desordens que afetam os movimentos do corpo, da postura e do equilíbrio. Uma definição básica de PC é "a paralisia do cérebro". As dificuldades geralmente aparecem na primeira infância e embora não exista cura para a condição, o tratamento precoce pode reduzir as deficiências associadas. De acordo com pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Oklhamona, a PC é uma das deficiências mais comuns nos Estados Unidos, afetando de 1,5 a 5 crianças a cada 1.000 nascimentos.

Os três tipos de paralisia cerebral são: espástica, discinética e mista. A paralisia cerebral espástica é associada ao aumento do tônus (hipertonia), resultando em músculos rígidos e movimentos bruscos e anormais. Esse tipo corresponde de 70% a 80% dos casos. A forma discinética afeta a coordenação dos movimentos e possui duas subclassificações: atetoide e atáxica. A PC atetoide tem movimentos involuntários e fracos. Já o indivíduo atáxico possui problemas com movimentos mais rápidos ou que exijam maior controle motor, como a escrita. O terceiro tipo de PC é uma combinação das duas formas e mistura características das formas. A combinação mais comum é entre atetoide e espástica.

Paralisia cerebral e exercício

Existe pouca literatura disponível sobre resposta a exercícios em indivíduos com PC. Entretanto, não existe motivo para desconfiar que pessoas com paralisia não se beneficiariam de um programa regular de exercícios, como aeróbica, musculação ou alongamento. Os ganhos podem ser limitados em atividades diárias, mas têm impacto em melhorar a qualidade de vida e bem-estar do paciente. É recomendado que o paciente procure ajuda de profissionais com experiência em grupos especiais. Como cada pessoa pode ser afetada diferentemente pela paralisia cerebral, suas habilidades individuais preservadas, seus objetivos e seus interesses devem ser considerados, ao montar uma rotina de exercícios. Comece devagar e faça mudanças graduais.

Exercício cardiovascular

O exercício cardiovascular é recomendado para aumentar a capacidade aeróbica e resistência. O uso de esteiras não é recomendado para casos de paralisia com prejuízo de manter o equilíbrio ou coordenação. A bicicleta ergométrica é o melhor equipamento cardiovascular. É recomendado um programa de três a cinco dias por semana, de 20 a 40 minutos, e mantendo frequência cardíaca em 40% a 85%. A frequência cardíaca de reserva é a diferença entre a frequência máxima (220 menos a sua idade) e a frequência de repouso.

Exercícios de força

O tipo de programa de resistência a ser usado dependerá dos músculos afetados pelo tipo da doença. Máquinas ou pesos livres podem ser utilizados para manterem a força muscular. Em um geral, o programa deve envolver exercícios para todos os grandes grupos musculares, com ênfase nas áreas de fraqueza. A paralisia geralmente resulta na extrema flexão dos adutores do quadril, então é necessário fortalecer os oponentes do quadril, os abdutores. Embora os adutores sejam naturalmente fortes, eles podem estar muito fracos e precisam ser incluídos no programa. Se o indivíduo tiver luxação ou deslocamento do eixo do quadril, uma avaliação médica será necessária, para garantir exercícios seguros para a articulação. Um tipo comum de PC, a hemiplegia espástica, resulta na fraqueza ou paralisia completa de todo um lado do corpo. Os exercícios de força para esse tipo de PC devem focar no fortalecimento do lado mais fraco do corpo. Se um lado estiver totalmente paralisado, o alongamento do lado afetado é recomendado, ao invés de musculação. Para o indivíduo com paralisia espástica, o grupo de músculos opositores não está inibido. Por exemplo, durante a extensão da perna o músculos, os isquiotibiais deveriam se opor ao quadríceps. Devido ao dano nervoso, os músculos se contraem simultaneamente e causam movimentos descontrolados. O trabalho do instrutor é, portanto, trabalhar para suavizar esses efeitos. Alguns pacientes apresentam a forma da atetose, que causa movimentos involuntários nos membros. Devido à possibilidade de contrações fortes e involuntárias, o uso de pesos livres não é recomendado. Tornozeleiras ou caneleiras são mais apropriadas.

Alongamento

De acordo com o National Center on Physical Activity and Disability Exercise/Fitness, o alongamento é uma parte importante do exercício físico em pacientes com paralisia, devido aos altos níveis de espasticidade. O alongamento foca no aumento dos eixos de movimento das articulações afetadas. A duração das sessões de exercício são mais importantes do que a intensidade. Cada paciente é diferente e o programa deve ser criado e apropriado para o ritmo de cada um.

Os efeitos terapêuticos por sua vez incluem alívio da dor, relaxamento, manutenção ou aumento da ADM (amplitude de movimento), fortalecimento muscular, melhora da capacidade respiratória, estímulo de movimentos não realizados fora da água, estimulo do equilíbrio, coordenação e integração social.

A criança com Paralisia cerebral é vista como portadora de desordens sensório motora que interfere na interação com o meio ambiente, restringindo até mesmo o brincar que faz parte da aprendizagem motora. Por isso as autoras Alessandra Cattaneo Estrada Melandra e Sandra Souza de Queirós(1),12005, dizem que a fisioterapia aquática tem valor efetivo na reabilitação dessas crianças por proporcionar benefícios, sendo um deles a flutuação, que facilita ao portador de deficiência física manter-se em ortostatismo sem uso de órteses. Os benefícios psicológicos também estão presentes através da sensação de maior liberdade proporcionada pela possibilidade de atividades motoras não realizáveis em solo.

A adequação tônica é introduzida ao tratamento através de manuseios passivos leves e rítmicos com o paciente em postura relaxada favorecendo a iniciativa do movimento ativo funcional, como exemplos:

- Movimentos rotacionais ativos de tronco: favorecem a dissociação de cintura escapular e pélvica, que se apresentam fixas na maioria das vezes.

- Atividades dinâmicas: estimulam as reações de equilíbrio e proteção.

- Treino de todas as etapas motoras e transferências posturais podem ser realizados na água.

- Marcha: enfatizada primeiramente na piscina, em função do auxilio que a água proporciona ao suporte do peso corporal e posteriormente deve ser transferida para o solo. Se necessário pode ser utilizado tornozeleiras bilaterais com objetivo de aumentar a densidade corporal e ganhar estabilidade. Desta forma pode-se evitar o aprendizado de marcha não funcional com fixações musculares e compensações.

Atividades que enfocam a estimulação da aquisição ou aprimoramento do esquema corporal.

Atividade 1:

Material: espelho.

Posicione a criança na frente do espelho e nomeie, tocando,cada parte do corpo. Você pode fazer isso cantando músicas que citem as partes do corpo e estimulem movimentos.

Atividade 2:

Material: Espelho.

 Na frente do espelho façam caretas, modificando a expressão (fisionomia triste, alegre, espantada, brava, etc).

Atividade 3:

Material: papel Kraft, ou manilha e uma caneta grossa ou giz de cera.

Deite a criança em cima do papel e desenhe o contorno do seu corpo.mostre para a criança o desenho e complete com os detalhes.

Atividade 4:

Material: lençol ou piscina de bolinhas.

Cubra a criança deixando a cabeça de fora. Vá descobrindo uma parte do corpo de cada vez nomeando-o na hora do “achou!”.

Atividade 5:

Material: boneco fácil de manusear e roupas de bonecos.

Vista e dispa o boneco junto com a criança, nomeando as partes do corpo.

Atividade 6:

Material: água, boneca de plástico, bacia, sabonete e toalha.

Dê um banho na boneca junto com a criança, nomeando as partes do corpo.

Atividade 7:

Material: massinha de modelar.

Faça com a criança, uma bola de massa de modelar. Batam na massa até ela ficar achatada. Modelem o nariz, boca, olhos, etc, nomeando-os.

Atividade 8:

Material: revistas, tesoura, cola e papel.

Procure junto com a criança, figuras humanas em revistas. Recorte-as, separando a cabeça, tronco e membros. Monte uma nova figura solicitando que a criança identifique qual parte se junta com  a outra.

Atividades que enfocam a estimulação do controle dos movimentos

Atividade 1:

Material: Giz de cera e papel.

Deixe a criança riscar e pintar livremente o papel, de preferência grande, para que ela não tenha que limitar a sua expressão gráfica.

Atividade 2:

Material: Giz de cera e papel.

Desenhe uma figura simples e peça para a criança para pintar o interior da figura, respeitando os limites. Varie a complexidade das figuras desenhadas.

Atividade 3:

Material: nenhum.

Faça diversos movimentos com o corpo e peça para a criança imitar. Inverta os papéis.

Atividade 4:

Material: bola.

Role a bola para perto da criança e chame sua atenção sobre ela.incentive-a a pegá-la. Peça para que devolva a você. Varie os movimentos, fazendo-a pular, girar a bola.

Atividade 5:

Material: Garrafas plásticas vazias e bola.

Mostre a criança como derrubar as garrafas fazendo com que a bola bata nela como num boliche. Estimule a criança a arremessar e rolar a bola.

Atividade 6:

Material: Brinquedo que flutue.

Durante o banho, deixe o brinquedo flutuando, próximo à criança. Incentive-a a pegá-lo. Brinquem com ele tentando afundá-lo, fazendo espirrar água, manipulando-o de diferentes maneiras.

Atividade 7:

Material: Cartolina, guache e canudinhos.

Coloque gotas de diluída sobre a cartolina e mostre à criança que soprando através do canudinho, ela se espalha e desenha formas no papel.

Atividade 8:

Material: Brinquedos variados, papel ou jornal.

Embrulhe o brinquedo com o papel ou jornal e ofereça-o à criança para que o desembrulhe.

Atividade 9:

Material: brinquedos variados e caixa.

Estimule a criança a retirar objetos da caixa e também a guardá-los.

Atividade 10:

Material: revistas e livros.

Mostre à criança como folhear um livro ou revista e estimule-a a fazer o mesmo.

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