Fisioterapia para músculos faciais
Dor forte quando a pessoa mastiga ou ri, além de ruídos ou estalos, são sintomas de que pode haver problemas na delicada região mandibular. Técnicas de relaxamento podem ser a melhor solução para manter o sorriso aberto.
Você sabia que a articulação da boca funciona como a do joelho? Sim, além de também ser sinovial, o que significa que possui uma maior mobilidade, comporta um menisco: o disco articular, que acompanha a mandíbula quando a boca faz o movimento de abertura.
Deu então para perceber que é uma região delicada como a do joelho, onde podem ocorrer com freqüência problemas na musculatura e na articulação. E quando há algum desequilíbrio musculoesquelético na região, que pode provocar espasmos na mandíbula ou deslocamento do disco, as dores podem se estender à coluna cervical, e atingir até mesmo os ombros e a cabeça.
A novidade é que agora os dentistas estão diagnosticando o problema muito mais rapidamente — não é para menos: se há 15 anos apenas 20% da população tinha problemas como o bruxismo, que leva ao ranger dos dentes e conseqüentemente à má oclusão (encaixe das arcadas dentárias) e ao desequilíbrio da articulação, hoje, por causa do estresse da vida moderna, 80% sofrem desses distúrbios. E devido à freqüência das queixas, os dentistas também estão buscando a solução em tratamentos integrados.
A fisioterapeuta Liriana Carneiro especializou-se em tratar de problemas causados por desordens temporomandibulares e dor orofacial. "É comum que a pessoa antes de chegar ao especialista certo já tenha passado por vários médicos. Uma cliente minha, por exemplo, chegou a arrancar três dentes porque seu dentista não identificava que o problema era muscular. Era um ponto gatilho do músculo masseter usado durante a mastigação que gerava dor irradiada para os dentes", conta ela.
Segundo a especialista, os principais sintomas de que pode haver problemas nos músculos ou na articulação da região mandibular são uma dor forte quando a pessoa mastiga ou ri, uma dor localizada na mandíbula ou que se estende a pescoço, face e cabeça, uma limitação de abertura da mandíbula, um travamento que pode ou não voltar para o lugar, além de ruídos ou estalos.
"Uma das formas de tratar é auxiliando fisioterapia, tratamento dentário e até medicamentos. O dentista pode receitar, por exemplo, uma placa para ser usada à noite que modificar os estímulos da região e reprogramar o cérebro. A fisioterapia poderá tratar da rigidez capsular, dos espasmos, das contraturas e das desordens dos músculos", diz Liriana.
Para o odontologista Marcelo Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética e Reparadora, as disfunções da região mandibular podem ser confundidas com otite. "É preciso estar atento à oclusão dos dentes, é o encaixe ideal que leva ao bom funcionamento dos músculos, que devem trabalhar de forma coordenada. Quando o encaixe é descentralizado é um início de um comprometimento da articulação", afirma.
Segundo ele, é preciso verificar se houve algum problema nos trabalhos de reabilitação oral. "Não basta fazer uma ponte ou pôr uma prótese, mas acompanhar de que forma está sendo feito o trabalho. Muitas vezes, em vez de se resolver um problema, cria-se outro", explica. Isso ocorre porque os dentes passam a encaixar mal e os músculos trabalham de forma desarmônica.
"A dor pode se manifestar em diferentes graus. Mas normalmente a dor se irradia para a região temporal", diz Fonseca. "Mas gente que sente dor na cervical pode estar com problemas na região mandibular", completa o especialista.
De acordo com ele, o dentista precisa avaliar que tratamento fará com o paciente, podendo até fazer novas restaurações para quem já tem prótese. "Oferecemos ainda um trabalho chamado Reset que trabalha com a desprogramação da musculatura em espasmo."
Esta técnica, utilizada pela terapeuta Lílian Knapp, relaxa 90% dos músculos do corpo e da face; acessa e energiza os meridianos de acupuntura; e oferece uma poderosa combinação de hidratação e relaxamento muscular.
Diário de São Paulo