Pontos importantes na avaliação neurológica


Quando pensamos em avaliar um paciente neurológico, em geral nos preocupamos em avaliar o tônus, o grau de força muscular e, quando muito, a sensibilidade. Porém, existem alguns outros pontos, extremamente importantes de serem avaliados e que algumas vezes passam desapercebidos. Estes pontos podem ajudar o terapeuta a mapear a extensão da lesão. Sabemos que várias seqüelas neurológicas correspondem a uma alteração em uma região determinada de nosso Sistema Nervoso.

O primeiro ponto a ser observado é a queixa principal do paciente. Com isto conseguiremos não só pré-programar a nossa conduta mas também descobrir o grau de integridade mental do paciente. Na inspeção, verificaremos como ele se encontra em termos do aparelho locomotor, isto é, se ele é cadeirante ou se consegue deambular e, principalmente, as condições desta marcha. Outro ponto da inspeção é se o paciente possui algum tipo de alteração cutânea (escara, psoríase e outras). Cabe ao profissional de fisioterapia, orientar o acompanhante em relação a mudança de decúbito e cuidados no leito.

Passando pelo exame físico, verificaremos o tônus, a força muscular, a sensibilidade, os reflexos, a postura, o equilíbrio e tudo aquilo que possa dar suporte as atividades de vida diária como o equilíbrio, por exemplo. Neste artigo, não irei me deter nas formas de avaliação destas funções mas irei repensar que outras formas de avaliação devem ser preconizadas para o paciente neurológico.

Considerando a definição da Academia Americana de Ortopedia onde Postura é a relação existente entre os segmentos corporais, entendemos que este é um dos pontos importantes na avaliação do paciente. Saber como se posiciona um segmento em relação ao outro nos dá uma visão ampla da qualidade do movimento dentro do arco cinesiológico deste segmento. A observação, também, da posição da cabeça em relação ao tronco pode nos dar a idéia de como está o equilíbrio do paciente ou se ele possui algum tipo de patologia que influencie o estado das peças ósseas da coluna vertebral.

A mudança de decúbito avalia não só a percepção do paciente e a sua capacidade de responder aos estímulos externos bem como, a condição do equilíbrio dinâmico. Outra maneira de avaliar o equilíbrio dinâmico é através da marcha.

Os testes de reflexo nem sempre são totalmente elucidativos pois dependem da competência do avaliador em utilizá-los e, principalmente, da cooperação do paciente. Como os pacientes neurológicos possuem certas deformidades posturais, fica difícil saber a real resposta do teste se este não for feito de maneira bem consciente.

A sensibilidade engloba a sensibilidade superficial (dor, temperatura e pressão) e a profunda (propriocepção, esterognosia, grafestesia e outros). Estes teste são bastante elucidativos pois facilitam a compreensão da patologia, ajudando a mapear o local e a extensão da lesão além de dar um feedback positivo em relação a segurança da conduta que será imposta ao paciente. Por exemplo, se no teste de sensibilidade superficial, o paciente não conseguir distinguir entre o calor e o frio, nós devemos nos preocupar com o tipo de procedimento que iremos implementar para o paciente.

Outros dados importantes são a forma de comunicação do paciente e o comportamento humoral. Embora eles não tenham ação específica com o tratamento motor, eles são de fundamental relevância no programa terapêutico e na avaliação da interação paciente-terapeuta.

O terapeuta mais experiente deve avaliar a condição cárdio-respiratória deste paciente. Muitas doenças cursam com alterações ventilatórias tanto restritivas como obstrutivas.

Finalmente, devemos observar o grau de interação entre o paciente e seus familiares para que os mesmos possam auxiliar o tratamento nos horários em que não há terapia. Sabemos que quanto maior o número de estímulos dados ao paciente mais facilmente este irá responder funcionalmente.
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