Fisioterapia nas lesões por queimadura
Atualmente, uma das maiores preocupações no âmbito da saúde no mundo, é a lesão que ocorre que ocorre resultado da queimadura ou lesão térmica da pele. As lesões por queimaduras são um dos principais problemas de saúde do mundo industrializado.
Recentes avanços médicos reduziram significativamente o número de mortes por lesões causadas por queimadura, e melhoram o prognóstico e a capacidade funcional dos pacientes que sobrevivem às lesões por queimadura. A taxa de sobrevivência prospera anualmente, graças a melhoria das técnicas clínicas, cirúrgicas e reabilitativas, e à contínua pesquisa sobre o tratamento e cuidados do paciente por lesões de queimaduras.
Procura-se descrever a natureza das contraturas em seguida à lesão por queimadura, e o tratamento e reabilitação destas perturbações, identificando o papel do fisioterapeuta na equipe de tratamento do paciente com lesões por queimaduras.
Lesões por queimaduras
Embora o prognóstico e expectativa de vida dos indivíduos com lesões por queimadura tenham melhorado muito nos últimos, a epidemiologia das queimaduras permanece basicamente a mesma. Há uma incidência grande em crianças com 1 a 5 anos de idade, devido primariamente às queimaduras por líquidos quentes. A causa primária das lesões por queimadura em adolescentes e adultos se deve a acidentes com líquidos inflamáveis, e homens entre as idades de 17 e 30 anos apresentam a mais elevada incidência de lesões. Incêndios ocorrentes em casas são responsáveis por menos de 5% das admissões hospitalares para lesões por queimaduras, mas respondem por perto de 45% das mortes. A maioria destas se deve a fumaças e a outras lesões por inalações.
A consideração fisiopatológica básica na lesão por queimadura é a destruição da integridade capilar e vascular, o que resulta na formação de edema, com a concomitante perda do fluido intravascular, rico em proteína, para os espaços intercelulares. A destruição da integridade vascular e a formação de edema na área da queimadura, bem como nos tecidos adjacentes. Uma das maiores preocupações do fisioterapeuta é a imobilização ocorrente da parte lecionada (por parte do paciente) para impedir o movimento por causa da dor.Isto resulta numa acumulação ainda maior do edema na região, bem como na rigidez da articulação e na imobilidade dos tendões e músculos existentes na região queimada.
A partir do exsudato rico em proteínas, haverá a tentativa de formação de fibras colágenas, e de sua organização em aderência que irão limitar ainda mais a amplitude de movimento e a mobilização dos tecidos envolvidos, caso não seja implementada uma ativa intervenção fisioterápica.
As lesões por queimaduras são classificadas tanto pela profundidade quanto pelo grau de espessura do tecido destruído.
Na queimadura de primeiro grau, o traumatismo e a lesão celulares ocorrem apenas na parte externa da epiderme. Devido à natureza avascular da epiderme externa, não ocorrerá sangramento. Haverá uma reação eritematosa devido a irritação da derme subjacente, mas não há lesão ao tecido dérmico.
As queimaduras de segundo grau superficial, a lesão ocorre através da epiderme e até camadas superiores da derme. A camada epidérmica é completamente destruída, mas a camada dérmica sofre apenas lesão leve a moderada.
Na queimadura de segundo grau profunda envolve a destruição da epiderme e uma grave lesão também da camada dérmica.A maioria das terminações nervosas, folículos pilosos e glândulas sudoríparas serão lesionadas, com a destruição da maioria da derme. A queimadura tem um aspecto vermelho, cor de bronze ou branco, dependendo da profundidade da lesão. Quanto mais profunda a lesão, mais branca.
No caso da queimadura de terceiro grau, todas as camadas epidérmicas e dérmicas estão completamente destruídas. Ademais, a camada adiposa subcutânea alguma lesão. Todo o epitélio de revestimento no local será destruído e descartado. Devido à profundidade da queimadura, não haverá região para a regeneração de tecido dérmico e epidérmico na área da queimadura de espessura integral.
Uma queimadura elétrica (quarto grau) envolve a completa destruição de todos os tecidos, desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de entrada, que estará carbonizada e deprimida. Onde a eletricidade deixou o corpo, haverá também uma ferida de saída, que normalmente exibe bordas explosivas. Se a ocorrente foi forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente.
Existem duas preocupações principais na determinação na seriedade e quantidade de área queimada. A primeira é o percentual da área da superfície corporal total que foi queimada. Ademais, a profundidade das áreas queimada precisa ser avaliada.
Numa tentativa de permitir uma estimativa mais rápida da percentagem da área da superfície total do corpo que foi queimada, a profundidade e o grau da área, Polaski e Tennison desenvolveram a regra dos nove. A regra dos nove divide a área da superfície do corpo em seguimentos que equivalem aproximadamente 9% do total. Cada uma das diferentes classificações das queimaduras se apresentará com quadro clínico diferente, e cada uma mudará radicalmente durante o tratamento.
Além da quantidade de lesão tissular decorrente diretamente da queimadura, o estado metabólico do paciente, suas condições fisiológicas, grau de infecção, enfoque psicológico, todos irão interagir, exercendo impacto sobre o estado clínico do paciente.
Dependendo da extensão da lesão por queimadura, da profundidade da queimadura e de seu tipo, haverá lesões secundárias.Ademais, a saúde, idade e estado psicológico do paciente queimado terão impacto sobre os problemas e complicações secundárias decorrentes do traumatismo pela queimadura. A probabilidade de ocorrer alguma forma de complicação pulmonar após uma significativa lesão por queimadura é extremamente alta.
As complicações pulmonares são numerosas, podendo exercer importante impacto quanto ao sucesso ou fracasso de um programa de reabilitação. Diversos estudos indicaram que a incidência de complicações pulmonares em seguida a queimaduras graves oscila entre 24%, até mais de 84% de todos os acidentes com queimaduras, e que a morte devida apenas à pneumonia pode responder por mais de um terço das mortes das vítimas de queimaduras. Há três complicações primárias de origem pulmonar: doença restritiva, lesão por inalação, e complicações posteriores. Ao longo da hospitalização, serão necessários procedimentos de fisioterapia do tórax.
As lesões térmicas provocam uma significativa agressão metabólica e catabólica do corpo. As conseqüências das atividades metabólicas e catábolicas aumentadas em seguida a uma queimadura são: uma rápida queda do peso corporal, equilíbrio negativo do nitrogênio, perda de componentes intracelulares, e um decréscimo nas reservas de energia, tão vitais para o processo de cicatrização.
A cicatrização das duas camadas da pele ocorre por mecanismos distintos.
Tratamento fisioterápico
A reabilitação do paciente queimado começa no momento em que o paciente chega ao hospital, sendo um processo sempre mutável, que é modificado diariamente. Com um trabalho duro e dedicação ao programa de reabilitação, o paciente queimado pode, certamente, retornar a uma vida produtiva. Para a maioria dos pacientes, a fase mais difícil de reabilitação ocorre após o processo de cicatrização das feridas.
Após a avaliação inicial o fisioterapeuta dará início à avaliação da capacidade do paciente em movimentar-se, e medirá a amplitude de movimentos disponível do paciente.
Durante cada uma das sessões de hidroterapia, é apropriado e necessário utilizar a flutuabilidade da água para ajudar na manutenção da amplitude de movimentos em cada membro e articulação. A água serve para manter a pele úmida que está em processo de cicatrização.
Enquanto o fisioterapeuta trabalha com o paciente, ele precisa monitorar continuamente os sinais clínicos do paciente, para que sejam avaliadas as respostas cardiovasculares e respiratórias ao tratamento.
A avaliação da resistência cardiovascular normalmente não ocorrerá, até que as feridas tenham cicatrizado. Quando isso ocorrer e o paciente for capaz de andar ou se exercitar sozinho em uma bicicleta ergométrica, pode ser efetuada uma avaliação por modificados, por meio de uma bateria de testes monitorada. As cargas devem ser aumentadas por não mais de um MET de incremento a cada vez, e o período de exercício por carga de trabalho deve Ter l a 2 minutos de duração.
A área da mão também requer muita avaliação, em pacientes que sofrerem queimaduras neste órgão. Mãos e dedos perderam os movimentos e as funções rapidamente, precisam, pois, ser diariamente avaliados para que sejam impedidas outras perdas de movimentos.
As metas para o tratamento reabilitativo fisioterápico são contingentes com o prognóstico e potencial do paciente. O fisioterapeuta tem como metas: obter uma limpa ferida por queimadura, para o desenvolvimento da cicatrização e aplicação de enxerto; manter a amplitude de movimento; impedir complicações ou reduzir as contraturas cicatriciais; impedir complicações pulmonares; promover total dependência na deambulação e a independência das atividades do dia a dia; melhorar a resistência cardiovascular.
O exercício ativo é encorajado em todas as áreas queimadas. O exercício ativo tem início no primeiro dia. Outras formas de exercício só devem ser utilizadas apenas se a confusão, dor ou outras complicações impedem o exercício ativo. Todas as articulações mesmo das regiões não queimadas, devem passar por exercícios ativos de amplitude integral. Geralmente, a amplitude de movimentos ativos são feitas pelo menos três vezes ao dia. Os dispositivos resistidos podem ser usados nas áreas que não foram queimadas para a manutenção da força muscular. Os períodos durante os exercícios na piscina são os melhores momentos para as sessões mais agressivas, por os curativos são retirados e a pele está úmida. Se o paciente acabou de receber enxerto de pele os exercícios ativos e passivos serão suspensos por sete a dez dias.
O paciente de queimadura precisará de toda uma vida de exercícios para impedir contrataras e perdas de movimentos.
O paciente queimado perde grande quantidade de massa corporal. O exercício pode lançar mão de dispositivos de treinamento de exercícios e do incremento da força, mas eles podem depender de modificações, com base no estágio do paciente e no estágio de cicatrização das feridas.
O paciente deve ser encorajado a iniciar exercícios ativos que enfatizarão o sistema cardiovascular, como andar desde a unidade de queimadura até a unidade de fisioterapia, andar na bicicleta ergométrica, entre outros. Estes exercícios não só atuarão no sistema cardiovascular como irão aumentar a amplitude de movimento das extremidades.
Conclusão
Na leitura para a formulação deste pequeno resumo do que é, e como se trata as lesões por queimaduras, podemos perceber ainda mais o quanto a fisioterapia é fundamental, visto que a necessidade do paciente queimado é muito grande no que diz respeito a fisioterapia logo num primeiro momento.
rabalho realizado por:
Prof. Blair José Rosa Filho.