Saiba mais sobre a dor orofacial

Do ponto de vista neural, as dores na boca, face e maxilar são das mais complexas. Existe uma variedade de dores numa área pequena.

Entenda cada uma delas:

1. Dor de dente - é a mais desconcertante de todas. Afeta o local e a enervação envolvida. A consciência da dor é sempre central, no cérebro. O problema é que a dor de dente "imita" outras dores na face. Por isso o diagnóstico deve ser diferenciado.

2. Dor da neuralgia do trigêmeo - causa muito sofrimento. O paciente sente como um choque na boca. Pode ser desencadeada por ações banais como engolir, escovar os dentes ou se maquiar. Ela ocorre na boca e se assemelha à dor de dente. Às vezes, os dentistas optam por tirar os dentes pensando que se trata de dor de dente. Isso serve de alerta para que os profissionais não removam os dentes quando não há certeza do diagnóstico.

3. Síndrome da ardência bucal - é a mais esquisita. Atinge principalmente mulheres em fase pré e pós-menopausa. A boca queima embora não haja lesões. As pessoas não acreditam que o paciente tenha alguma doença. A síndrome representa entre 1% e 6% do total de dores faciais e pode surgir em decorrência de câncer bucal, doenças sistêmicas, secura bucal. Pode haver dor neuropática, do nervo que irriga a língua.

4. Dores das disfunções de ATM - afetam todo o maxilar, articulações e músculos do pescoço. Em geral não são dores fortes como as outras. Elas imitam cefaléias e são comuns na população em geral. As causas são problemas dentários, estresse e bruxismo. O bruxismo afeta mais as mulheres e é modulado por estresse. Quando há sintoma de dor de cabeça fronto-temporal ao acordar, deve-se suspeitar de bruxismo no sono. A dor do bruxismo se manifesta no ouvido (30%), em frente ao ouvido, na face, nas têmporas, na mandíbula ou no pescoço, no fundo dos olhos ou "atrás dos olhos", na nuca.

5. Dor facial atípica - manifesta-se num número reduzido de pacientes. Pode surgir depois de alterações psiquiátricas importantes, como a depressão. Há casos de dor fantasma, geralmente ligada a nervos, dor na língua e câncer bucal. Dos 600 novos casos de pacientes com dor na boca e na face a esclarecer por ano, 1% têm tumores bucais, na cabeça ou no pescoço. Quando o diagnóstico é precoce, é possível tratá-los.

A boca também é a região em que podem se manifestar as chamadas "dores manifestas", como casos de angina, problemas cervicais, cefaléias, sinusites. Em quadros sistêmicos, como artrite reumatóide juvenil e fibromialgia, parte dos pacientes têm muita dor na face.

Cada um dos tipos de dor facial tem um tratamento diferente. Se for possível, deve-se descobrir e eliminar a causa. Além disso, pode-se adotar medicamentos ou indicar cirurgias. Às vezes a causa não está no fato, mas na decorrência dele.


NÚMEROS

Em geral, estima-se que entre 6% e 8% da população sofra de dor orofacial crônica.
Os casos de neuralgia do trigêmeo somam 4 a cada 100 mil.

Entre 10% e 30% dos adolescentes relatam dor de dente nos últimos seis meses.
Entre 100 mil pessoas, os casos de câncer bucal somam 20 mulheres e 80 homens.

Em geral, a dor crônica benigna é muito mais comum em mulheres. A única exceção é nos casos de dor em razão do câncer, que é maior nos homens.

A disfunção mandibular é de quatro a oito vezes maior nas mulheres.

A dor do bruxismo é sete vezes mais comum em mulheres - 75% dos pacientes com bruxismo são mulheres

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