Trabalho x postura corpora: está na hora de achar o equilibro
Está na moda falar em fatoresde risco. Eles aumentam as chances de um ataque cardíaco, um acidente vascular cerebral e até um ataque de raiva — se o tal fator for uma folgada que rouba sua hora no cabeleireiro. Tirando esse último, o trabalho é, sim, fonte para os outros problemas. Você talvez nem tenha percebido, mas aquelas horas que passa na cadeira de rodinhas com a cara enfiada no computador podem minar seu bem-estar físico e mental. Claro que trabalho é prazer, fonte de realização — e de dinheiro também —, mas há características nele que simplesmente fazem mal. Periodicamente, a International Stress Managment Association (Isma-BR) realiza uma pesquisa para identificar quais são as profissões mais sujeitas ao stress no trabalho e suas consequências negativas. A última delas foi em 2009. Adivinhe quem ganhou. Padres e freiras! Isso mesmo. E você se pergunta: o que eu tenho a ver com isso, uma vez que não exerço essas profissões (do contrário não estaria lendo uma revista cheia de homens bonitos e dicas picantes)? Mas basta entender por que essa profissão é estressante para ver que a sua nem é tão diferente assim. "Padres e freiras vivem estressados porque não conseguem ter vida privada e sofrem cobranças por seu comportamento", diz a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR. "Além disso, são acionados a qualquer momento do dia ou da noite para atender alguém, e não podem recusar", completa ela. Soa familiar?
As pessoas que mais investem no trabalho são ainda mais vulneráveis, diz uma pesquisa da organização canadense Centro de Vício e Saúde Mental. Eles avaliaram 2 137 pessoas e 18% delas se identificaram como "altamente estressadas", exatamente as que colocavam o trabalho como prioridade e ocupavam cargo de responsabilidade. Como não dá para parar de trabalhar — e ninguém diz que você tem de fazer isso —, melhor saber como o trabalho afeta a saúde e como se proteger.
Costas e músculos
Tudo o que você faz repetitivamente sem pensar na postura afeta músculos e ligamentos. Pode ser a forma como senta até o movimento de dar um clique no mouse. "Os problemas mais comuns são as tendinites, miosites, lombalgias, dores nas costas e na cabeça", diz o ergonomista Marcos Domaneschi, da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo). De acordo com o Departamento de Segurança Ocupacional e Administração de Saúde (Osha) dos Estados Unidos, doenças causadas por movimentos repetitivos representam um prejuízo de 20 bilhões de dólares por ano, somando-se tratamento e afastamento do trabalho. O primeiro passo para evitar a má postura é prestar atenção nela, sentar com as costas inteiras escostadas na cadeira, um apoio de pé, os olhos centrados no meio da tela do computador. O segundo é realizar exercícios preventivos ao menos uma vez por dia. Essas duas medidas farão bem não apenas para seu corpo mas para a própria carreira. Um estudo da Univesidade Northwestern, nos EUA, mostrou que uma boa postura aumenta a sensação de poder, independentemente da posição hierárquica que ocupa na corporação.
Olhos
Apesar de a má iluminação não causar danos permanentes à visão, provoca desconforto. "Ao final do dia a pessoa sente cansaço, e podem ocorrer irritação e lacrimejamento", diz o oftalmologista Elcio Sato, da Universidade Federal de São Paulo. A iluminação ideal é a natural, mas, como ela varia durante o dia, é preciso lançar mão da artificial. "Deve-se evitar fontes de luz que atinjam os olhos diretamente", diz Sato. Ela deve ser regular e constante durante as horas de trabalho. Além da luz ruim, as mulheres sofrem mais com os olhos secos, normalmente causados por uma baixa umidade devido ao ar condicionado, o que pode ser agravado pelo uso da maquiagem. Ter um colírio que imita lágrima sempre à mão pode ajudar.
Pulmões
Sabia que não é apenas você quem fica mal, o prédio onde você trabalha também? É a chamada "síndrome dos edifícios doentes", uma referência à qualidade do ar interno. O principal culpado é o ar-condicionado. Se não for bem conservado, dentro dele acabam morando vírus, bactérias e até aracnídeos, como é o caso do ácaro, que se espalham pelo ambiente. Juntamente com essa contaminação biológica pode ocorrer também a contaminação química pelos gases emanados de produtos de limpeza, verniz, entre outros. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os gastos anuais com esse tipo de problema chegam a 100 milhões de dólares nos Estados Unidos. Os principais problemas são resfriados e gripes constantes, alergia e asma. Para tentar poupar seus pulmõezinhos, o jeito é pressionar a administração para que faça uma manutenção adequada do ar e sair para respirar fora de quatro paredes sempre que for possível. Se o calor não for tanto, melhor abrir as janelas.
Silhueta
Ficar sentada o dia todo, ou boa parte dele, faz engordar. Grande novidade. Mas essa verdade foi estudada a fundo por um grupo de pesquisadores canadenses. CarlÉtienne Juneau, do Departamento de Medicina Social e Preventiva da Universidade de Montreal, e seus colegas analisaram os dados estatísticos do país, e concluíram que a falta de atividade física durante o horário de trabalho pode explicar o fato de a obesidade ter aumentado 10% entre 1978 e 2004 no país, mesmo que as pessoas estejam frequentando mais as academias. A solução é compensar o tempo extra sentada com mais academia ainda. E tomar muito cuidado com os petiscos dentro da sua gaveta. Se for para beliscar algo no meio da tarde, que seja uma fruta seca ou uma castanha, não um biscoito recheado.
Coração e cérebro
Há aquele ditado que diz que "quando a mente não pensa, o corpo padece". O pior é que, quando a mente pensa demais, o corpo também sofre. "O trabalho muitas vezes exige que a pessoa exceda seus limites, com jornadas longas, falta de recursos e também de reconhecimento", diz Ana Maria Rossi. "Isso aumenta em 63% a chance de ter um problema de saúde." Um dos principais órgãos afetados pelo stress é o coração. Sob stress, a pressão sanguínea sobe, a pessoa come mais e os níveis elevados dos hormônios adrenalina e cortisol aumentam a chance de ter um ataque cardíaco. Outro que padece juntamente com o coração é o cérebro. Ele é irrigado por 640 quilômetros de pequenos vasos que levam nutrientes e oxigênio. Flutuações bruscas e constantes na química do sangue — como a elevação dos níveis de hormônio — afetam diretamente esses vasos, podendo provocar desde uma dor de cabeça até um acidente vascular cerebral (AVC). Quem descobrir como acabar com o stress no trabalho vai ficar tão milionário quanto a empresa que criou aquela pilulazinha azul que faz você sabe o quê. Mas algumas atitudes pontuais podem ajudar a aliviar o stress, como programar-se para trabalhar em casa um dia da semana, treinar o poder de negociação e encontrar recompensas fora da empresa. "Isso vale, inclusive, para quem sofre com a falta de reconhecimento. Se não vem do trabalho, esse reconhecimento pode ser buscado no companheiro, em uma atividade qualquer na qual você seja boa, como pintar ou cantar", diz Ana Maria.
Seus peitos
Ficar sentadinha por horas faz mal não apenas para a silhueta. Uma pesquisa da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, mostrou que a inatividade aumenta em três vezes o risco de desenvolver câncer de mama. Desse ponto de vista, talvez as donas de casa, cheias de tarefas físicas, levem vantagem. A posição — sentada em frente ao computador — também não ajuda nada. Os músculos das costas acabam enfraquecidos e a coluna curvada, fazendo com que os seios pareçam caídos. Que tal uma boa espreguiçada para espichar-se quando não tiver ninguém olhando?
Profissões de risco
Uma pesquisa da Isma-BR identificou as profissões que sofrem maior stress. Tirando os padres e as freiras — que ganharam disparado —, saiba quem é mais afetado pela rotina
1º. Profissionais da segurança pública ou privada
Por quê: têm de defender bens físicos ou pessoas, colocando em risco a vida.
2º. Controladores de voo
Por quê: carregam a vida de muitas pessoas em suas mãos.
3º. Motoristas urbanos
Por quê: trabalho repetitivo, seguem a mesma rota diária. Estão sujeitos à pressão do tempo porque, mesmo com trânsito, não podem atrasar.
4º. Executivos, profissionais da área de saúde, de telemarketing e bancários
Por quê: em comum todos têm a pressão. O executivo, por metas; quem trabalha com a área de saúde lida com vidas; atendentes de telemarketing têm de cumprir metas e muitas vezes não são bem tratados; e os bancários lidam com o dinheiro alheio e o risco de assaltos.
5º. Pessoas que estão fora de sua área de formação
Por quê: um professor que vira diretor da escola e tem de lidar com questões administrativas; um publicitário que passa a gerenciar uma grande equipe e deixa de lado a parte criativa. Pessoas assim podem sentir-se inseguras, o que aumenta o stress.
6º. Jornalistas
Por quê: são pressionados pelo prazo, pelo risco constante de demissão, já que o mercado está inflado, e ainda assim precisam garantir a qualidade do trabalho.
As pessoas que mais investem no trabalho são ainda mais vulneráveis, diz uma pesquisa da organização canadense Centro de Vício e Saúde Mental. Eles avaliaram 2 137 pessoas e 18% delas se identificaram como "altamente estressadas", exatamente as que colocavam o trabalho como prioridade e ocupavam cargo de responsabilidade. Como não dá para parar de trabalhar — e ninguém diz que você tem de fazer isso —, melhor saber como o trabalho afeta a saúde e como se proteger.
Costas e músculos
Tudo o que você faz repetitivamente sem pensar na postura afeta músculos e ligamentos. Pode ser a forma como senta até o movimento de dar um clique no mouse. "Os problemas mais comuns são as tendinites, miosites, lombalgias, dores nas costas e na cabeça", diz o ergonomista Marcos Domaneschi, da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo). De acordo com o Departamento de Segurança Ocupacional e Administração de Saúde (Osha) dos Estados Unidos, doenças causadas por movimentos repetitivos representam um prejuízo de 20 bilhões de dólares por ano, somando-se tratamento e afastamento do trabalho. O primeiro passo para evitar a má postura é prestar atenção nela, sentar com as costas inteiras escostadas na cadeira, um apoio de pé, os olhos centrados no meio da tela do computador. O segundo é realizar exercícios preventivos ao menos uma vez por dia. Essas duas medidas farão bem não apenas para seu corpo mas para a própria carreira. Um estudo da Univesidade Northwestern, nos EUA, mostrou que uma boa postura aumenta a sensação de poder, independentemente da posição hierárquica que ocupa na corporação.
Olhos
Apesar de a má iluminação não causar danos permanentes à visão, provoca desconforto. "Ao final do dia a pessoa sente cansaço, e podem ocorrer irritação e lacrimejamento", diz o oftalmologista Elcio Sato, da Universidade Federal de São Paulo. A iluminação ideal é a natural, mas, como ela varia durante o dia, é preciso lançar mão da artificial. "Deve-se evitar fontes de luz que atinjam os olhos diretamente", diz Sato. Ela deve ser regular e constante durante as horas de trabalho. Além da luz ruim, as mulheres sofrem mais com os olhos secos, normalmente causados por uma baixa umidade devido ao ar condicionado, o que pode ser agravado pelo uso da maquiagem. Ter um colírio que imita lágrima sempre à mão pode ajudar.
Pulmões
Sabia que não é apenas você quem fica mal, o prédio onde você trabalha também? É a chamada "síndrome dos edifícios doentes", uma referência à qualidade do ar interno. O principal culpado é o ar-condicionado. Se não for bem conservado, dentro dele acabam morando vírus, bactérias e até aracnídeos, como é o caso do ácaro, que se espalham pelo ambiente. Juntamente com essa contaminação biológica pode ocorrer também a contaminação química pelos gases emanados de produtos de limpeza, verniz, entre outros. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os gastos anuais com esse tipo de problema chegam a 100 milhões de dólares nos Estados Unidos. Os principais problemas são resfriados e gripes constantes, alergia e asma. Para tentar poupar seus pulmõezinhos, o jeito é pressionar a administração para que faça uma manutenção adequada do ar e sair para respirar fora de quatro paredes sempre que for possível. Se o calor não for tanto, melhor abrir as janelas.
Silhueta
Ficar sentada o dia todo, ou boa parte dele, faz engordar. Grande novidade. Mas essa verdade foi estudada a fundo por um grupo de pesquisadores canadenses. CarlÉtienne Juneau, do Departamento de Medicina Social e Preventiva da Universidade de Montreal, e seus colegas analisaram os dados estatísticos do país, e concluíram que a falta de atividade física durante o horário de trabalho pode explicar o fato de a obesidade ter aumentado 10% entre 1978 e 2004 no país, mesmo que as pessoas estejam frequentando mais as academias. A solução é compensar o tempo extra sentada com mais academia ainda. E tomar muito cuidado com os petiscos dentro da sua gaveta. Se for para beliscar algo no meio da tarde, que seja uma fruta seca ou uma castanha, não um biscoito recheado.
Coração e cérebro
Há aquele ditado que diz que "quando a mente não pensa, o corpo padece". O pior é que, quando a mente pensa demais, o corpo também sofre. "O trabalho muitas vezes exige que a pessoa exceda seus limites, com jornadas longas, falta de recursos e também de reconhecimento", diz Ana Maria Rossi. "Isso aumenta em 63% a chance de ter um problema de saúde." Um dos principais órgãos afetados pelo stress é o coração. Sob stress, a pressão sanguínea sobe, a pessoa come mais e os níveis elevados dos hormônios adrenalina e cortisol aumentam a chance de ter um ataque cardíaco. Outro que padece juntamente com o coração é o cérebro. Ele é irrigado por 640 quilômetros de pequenos vasos que levam nutrientes e oxigênio. Flutuações bruscas e constantes na química do sangue — como a elevação dos níveis de hormônio — afetam diretamente esses vasos, podendo provocar desde uma dor de cabeça até um acidente vascular cerebral (AVC). Quem descobrir como acabar com o stress no trabalho vai ficar tão milionário quanto a empresa que criou aquela pilulazinha azul que faz você sabe o quê. Mas algumas atitudes pontuais podem ajudar a aliviar o stress, como programar-se para trabalhar em casa um dia da semana, treinar o poder de negociação e encontrar recompensas fora da empresa. "Isso vale, inclusive, para quem sofre com a falta de reconhecimento. Se não vem do trabalho, esse reconhecimento pode ser buscado no companheiro, em uma atividade qualquer na qual você seja boa, como pintar ou cantar", diz Ana Maria.
Seus peitos
Ficar sentadinha por horas faz mal não apenas para a silhueta. Uma pesquisa da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, mostrou que a inatividade aumenta em três vezes o risco de desenvolver câncer de mama. Desse ponto de vista, talvez as donas de casa, cheias de tarefas físicas, levem vantagem. A posição — sentada em frente ao computador — também não ajuda nada. Os músculos das costas acabam enfraquecidos e a coluna curvada, fazendo com que os seios pareçam caídos. Que tal uma boa espreguiçada para espichar-se quando não tiver ninguém olhando?
Profissões de risco
Uma pesquisa da Isma-BR identificou as profissões que sofrem maior stress. Tirando os padres e as freiras — que ganharam disparado —, saiba quem é mais afetado pela rotina
1º. Profissionais da segurança pública ou privada
Por quê: têm de defender bens físicos ou pessoas, colocando em risco a vida.
2º. Controladores de voo
Por quê: carregam a vida de muitas pessoas em suas mãos.
3º. Motoristas urbanos
Por quê: trabalho repetitivo, seguem a mesma rota diária. Estão sujeitos à pressão do tempo porque, mesmo com trânsito, não podem atrasar.
4º. Executivos, profissionais da área de saúde, de telemarketing e bancários
Por quê: em comum todos têm a pressão. O executivo, por metas; quem trabalha com a área de saúde lida com vidas; atendentes de telemarketing têm de cumprir metas e muitas vezes não são bem tratados; e os bancários lidam com o dinheiro alheio e o risco de assaltos.
5º. Pessoas que estão fora de sua área de formação
Por quê: um professor que vira diretor da escola e tem de lidar com questões administrativas; um publicitário que passa a gerenciar uma grande equipe e deixa de lado a parte criativa. Pessoas assim podem sentir-se inseguras, o que aumenta o stress.
6º. Jornalistas
Por quê: são pressionados pelo prazo, pelo risco constante de demissão, já que o mercado está inflado, e ainda assim precisam garantir a qualidade do trabalho.