Estratégias preventivas na Fisioterapia do Trabalho
Os distúrbios e problemas músculo-esqueléticos encontram-se, atualmente, no topo dos indicadores de doenças ocupacionais, quando se enfocam as perturbações na saúde dos trabalhadores. Independentemente do tipo de atividade ou do produto fabricado, o processo e organização do trabalho, as estruturas músculo-esqueléticas passam a ser alvo freqüente de agressões. As causas dessas agressões são diversas, considerando desde posturas críticas adotadas durante a jornada até fatores psicossociais e emocionais que acabam por acarretar posturas de proteção (posturas estáticas prolongadas).
A maioria dos distúrbios ocupacionais pode ser solucionada com medidas simples como a adaptação do posto de trabalho e a adoção de posicionamentos mais funcionais e
menos agressivos. No entanto, as estratégias preventivas passam pela educação em saúde (prevenção primária), que tem o foco centrado na reeducação postural e gestual no trabalho – sendo imprescindível a compreensão e a assimilação individual a respeito desses cuidados no dia a dia. Outra estratégia preventiva, mais ampla, é a adoção de critérios de ergonomia que visam não somente a melhoria dos postos de trabalho, mas também a eliminação/amenização de fatores como transporte e manuseio de cargas, amenização dos movimentos repetitivos, a reorganização do ambiente e do processo de modo a eliminar as posturas e movimentos críticos. Independentemente dos fatores que causam a dor e o desconforto no trabalho, torna-se imprescindível que, tanto a empresa quanto os trabalhadores, estejam cienes de que é impossível produzir bem e
com qualidade quando a dor e o desconforto passam a estar presentes no dia a dia dos trabalhadores.
Entre os distúrbios ocupacionais, encontram- se altos índices de perturbações posturais. Os distúrbios posturais, para melhor efeito didático, serão abordados neste artigo,
de acordo com os segmentos mais afetados por dores e desconforto posturais, entre eles: as cervicalgias (dores na região cervical) e lombalgias (dores na região lombar), além da identifi cação das causas, conseqüências e estratégias preventivas que podem ser adotadas para diminuição da incidência desses distúrbios.
ERGONOMIA E FISIOTERAPIA NO TRABALHO: ESTRATÉGIAS PREVENTIVAS
Uma das questões que atualmente mais intrigam no mundo do trabalho é a existência, cada vez maior, da DOR. Mais intrigante ainda: o evento DOR pouco é questionado, ou seja, de modo geral, não se procura o entendimento das causas da dor; ela existe e procura-se tratá-la, sem, no entanto, buscar soluções efetivas que eliminem a dor do trabalho. Partindo do pressuposto de que é impossível um trabalhador produzir bem, com qualidade, sentindo dor e desconforto, torna-se imprescindível, para o bem dos trabalhadores e para a sobrevivência das empresas, eliminar a dor do trabalho. Uma das melhores estratégias para a eliminação da dor é a implantação de um processo de ergonomia, mais eficaz se associado a um programa de fisioterapia preventiva e profilática. A ergonomia é uma ciência que busca melhorias nos ambientes de trabalho de modo a manter a saúde e a capacidade produtiva. O principal objetivo da ergonomia é adaptar o trabalho ao ser humano, em vez do ser humano ao trabalho. Neste capítulo, pretende-se abordar alguns aspectos relacionados a posturas no trabalho, de modo a instrumentalizar o leitor a respeito da importância dos cuidados quanto às posturas adotadas durante as atividades de trabalho e ao manuseio e transporte de cargas, utilizando como principal ferramenta preventiva a visão da ergonomia.
A fisioterapia preventiva e profilática vem a ser um conjunto de ações que visam, fundamentalmente, atuar na amenização das causas das dores e desconfortos no trabalho. Quando se trata de distúrbios ocupacionais, a fi sioterapia vem a ser um complemento da ergonomia na orientação de posturas e movimentos mais funcionais e menos críticos a serem adotados durante as atividades de trabalho. As orientações devem ser individuais, considerando o modus operandi de cada trabalhador, assim como orientações para a prática de exercícios preventivos e compensatórios que permitam o relaxamento das estruturas músculo-esqueléticas mais utilizadas.
É imprescindível que o fisioterapeuta, em qualquer que seja a abordagem preventiva, estimule constantemente a percepção corporal e a consciência postural, pois o sucesso das demais estratégias dependerá, essencialmente, da importância e da compreensão que o indivíduo tem do seu corpo.