Biofeedback: um recurso inteligente no ganho motor.
O Biofeedback é uma técnica de tratamento onde as pessoas são treinadas para melhorar a sua saúde usando sinais de dentro de seu próprio corpo. É uma técnica que vem sendo utilizada com grande sucesso tanto por fisioterapeutas quanto por profissionais de outras areas da saúde como a psicologia. A idéia do Biofeedback não é nova. As chances de você já ter usado estes preceitos no seu dia a dia são grandes, por exemplo, se você está fazendo ginástica e verifica a sua frequência cardíaca para ajustar a intensidade do exercício, isto é uma forma de estar usando o Biofeedback.
Para Bernard A Brucker, do Biofeedback Laboratory da Universidade de Miami, o Biofeedback é um aprendizado, comumente conhecido como método de tentativas e erros – Operant conditioning, que é uma técnica usada para criar o aprendizado de comportamentos simples e complexos. O mecanismo acontece através de uma série de reforços ou realimentação (feedback) desde o estado inicial até a meta.
Para Elmer Green, o Biofeedback é geralmente apresentado como a informação biológica do que está acontecendo com o organismo tal como frequencia cardíaca, através de metragem, luz ou sinal auditivo, para que este indivíduo fique ciente dos seus comportamentos internos. O treinamento do Biofeedback usa informações para que haja o aprendizado de como controlar os processos biológicos.
Para Bette Runck, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, a palavra biofeedback foi cunhada pelos idos de 1960 para descrever procedimentos laboratoriais que usavam o treinamento experimental em pesquisas com indivíduos para alterar a atividade cerebral, a pressão arterial e a frequencia cardíaca.. Mesmo no início da pesquisa, os cientistas tinham a idéia de que um dia o ser humano seria capaz de controlar as suas próprias ondas cerebrais.
Parece que as idéias iniciais saíram do psicólogo Neal Miller que foi o primeiro a demonstrar que o Sistema Nervoso era capaz de ser treinado para alterar processos corporais. A descoberta de Miller abriu caminho para a idéia de que o sistema nervoso autonômico era "burro" e dependente do controle voluntário.
A Biofeedback Society of America foi fundada em 1969 e organizou a terminologia utilizada nesta área de atuação. Porém, as idéias do biofeedback, como já dissemos anteriormente, vem de muito antes. Para a medicina oriental e os preceitos de Yoga, por exemplo, já era o padrão a tentativa de controlar certos processos autonômicos do corpo, sendo que, para eles, através da cor e da temperatura do corpo se é capaz de controlar o fluxo sanguineo dos membros.
Atualmente, a maior parte dos pesquisadores concordam que o biofeedback é capaz de auxiliar em tratamentos de muitas patologias dolorosas e naquelas que alteram o controle motor. Agora só falta determinar quanto controle motor pode ser obtido através de máquinas.
O Biofeedback tem várias áreas de atuação. Podemos vê-lo como processo terapeutico em quadros de cefáleia crônica, enxaqueca, outros processos álgicos corporais, desordens do aparelho digestivo, alterações da pressão arterial, arritmias cardíacas, epilepsia, doenças angiológicas e/ou reumáticas como a síndrome de Raynaud e, principalmente para nós fisioterapeutas, em paralisias e desordens musculares, podendo até ser utilizado em pacientes tetraplégicos para o desmame da prótese ventilatória.
O trabalho com o biofeedback depende quase que exclusivamente do envolvimento do paciente com a terapia. Dependendo da forma com que ele relata suas sensações é que o grau de dificuldade é modificado.
A instrumentação do biofeedback neuromuscular é simples: eletrodos de superfície são colocados ao longo da parte do corpo a ser tratada e percebem sinais que são enviados para um computador que, por sua vez, emite gráficos (estímulo visual) com sons para reforço positivo (estímulo auditivo). A precisão da medição é fundamental pois o grau de aprendizado depende da precisão da realimentação. Se por um descuido do terapeuta, não houver um ajuste da sensibilidade para captar o menor estímulo daquele segmento, o paciente pensará que não haverá possibilidade de movimento. O insucesso do tratamento pode estar envolvido com estas circunstâncias. A retroalimentação ou realimentação deve ser imediata. O ser humano tem dificuldade de associar estímulos com o reforço tardio.
Para Bernard Brucker, o uso desta terapia é variada e de garande valia. No caso das sequelas de Acidente Vascular Encefálico, o Biofeedback pode ser usado para se conseguir o controle voluntário de neurônios motores com a finalidade de restabelecer o funcionamento de músculos espásticos além da coordenação do movimento. Os paciente que cursaram com Traumatismo craniano também são capazes de grande recrutamento de neurônios motores resultando na redução dos espamos e na melhoria da função. Finalmente, no caso de lesões parciais da coluna vertebral, os pacientes aprendem a estabelecer maior controle neuro-motor sobre os músculos situados abaixo do nível traumatizado.
O trabalho com o Biofeedback dentro da fisioterapia respiratória já era utilizado a um certo tempo. A idéia de retroalimentação para melhoria da função ventilatória já era preconizada com o uso dos incentivadores inspiratórios de fluxo e volume. Hoje, o uso dos gráficos do computador serve como retroalimentação para o paciente. Além do mais, existem aparelhos como o VentrackR que capta os volumes e capacidades e transforma em estímulos gráficos.
Podemos concluir que o biofeedback é uma terapia complementar, utilizada com grande sucesso em todo mundo e que ainda está em desenvolvimento para que além dos trabalhos realizados com pacientes de AVE, TCE e secção parcial da medula possa acontecer melhoras na perspectiva terapeutica de patologias como Guillain-Barré, Paralisia de Bell, Esclerose Lateral Amiotrófica, Encefalite e Esclerose Multipla. Para a Fisioterapia, este trabalho é de grande valia pois complementa o trabalho realizado pela cinesioterapia neuro-motora e pela ciensioterapia pneumo-funcional.
Autora: Bianca Laufer Bass