O que influencia a contração muscular?
Vamos discutir três fatores que são responsáveis pelo aumento da força de contração de um músculo: a intensidade do sinal; a freqüência do sinal e a largura de pulso do sinal.
Intensidade
A intensidade cuja unidade pode ser dada em mA ou volts é um fator que influencia na força muscular devido ao recrutamento das fibras produzido pelo aumento da intensidade. Quanto maior a intensidade, maior será o número de fibras recrutadas, e assim, maior será a força. Vamos fazer uma analogia:
"Supomos que temos um navio daqueles antigos em que a propulsão era feita através de mão de obra escrava, ou seja, tínhamos um número de escravos (vamos supor 100) de um lado e mais 100 do outro, e todos possuíam um remo em suas mão."
Uma forma de fazer este barco funcionar seria ordenar 20 escravos trabalharem remando de um lado e mais 20 escravos trabalharem remando do outro. No entanto, se quisermos fazer este barco ter mais força, podemos ordenar que mais escravos trabalhem até que todos estejam trabalhando e assim a força é máxima. É assim que o cérebro trabalha: para aumentar a força muscular ele utiliza como primeiro recurso, o aumento da intensidade do estímulo nervoso sobre o músculo e conseqüentemente recruta mais fibras.
Freqüência
Após o recrutamento do número máximo de fibras, o meio mais eficiente de aumentar a força muscular é através do aumento da freqüência do estímulo. Agindo assim, estamos sobrecarregando a fibra selecionada, estamos fazendo ela trabalhar mais. Se voltarmos à analogia do navio movido à remo, seria o seguinte: após todos estarem remando, o próximo passo é que todos remem mais rápido!
Quero chamar a atenção que a seqüência correta utilizada pelo cérebro para aumentar a força muscular é: aumentar a intensidade do estímulo para recrutar o máximo de fibras e depois aumentar a freqüência para aumentar o trabalho de cada fibra. Nos procedimentos utilizados na eletroterapia, geralmente o que se faz é o inverso: primeiro selecionamos uma freqüência alta e depois vamos aumentando a força em função do aumento da intensidade da corrente. É provável que este seja um dos fatores que fazem com que a eletroestimulação não seja significativamente tão importante quanto o exercício ativo no ganho de força. Ê fácil observar que nesta seqüência, estaremos sobrecarregando as fibras que estão sendo selecionadas. Como o paciente vai relatar dor, estaremos trabalhando só uma pequena camada muscular.
Largura de pulso
Nosso cérebro não utiliza outro recurso para aumentar a força muscular além do aumento da intensidade do estímulo e do aumento da freqüência. No entanto, quando utilizamos a eletroestimulação, percebemos que a largura de pulso (tempo em que a corrente passa agindo no organismo) também é outro fator que pode influenciar na força do músculo. Consultando a Figura 2-1, vista anteriormente, observamos que o aumento da largura de pulso é tão importante, que conseguimos uma queda drástica nos valores da intensidade necessária para estimular a fibra, até a Reobase.
Concluindo sobre qual deve ser o procedimento mais adequado para um protocolo de ganho de força muscular, podemos tomar a seguinte decisão: primeiro utilizamos correntes com largura de pulsos grandes (não ultrapassando a reobase), pois com isso conseguimos obter o mesmo efeito fisiológico com intensidades menores (o que provoca menos incômodo no paciente). Posteriormente, vamos aumentar a intensidade até que o máximo de fibras sejam recrutadas (lembrando neste momento a importância do ponto motor). E só quando estes passos estiverem sido dados é que vamos aumentar a freqüência para obtermos aumento de força.