Jovens, atenção a trombose
Nesta semana, duas jovens inglesas, uma de 19 anos e outra de 17, foram diganosticadas com casos de trombose. Uma sobreviveu e outra morreu. Billie-Jo Twigg começou a sentir as pernas doloridas e inchadas, mas imaginou tratar-se de simples dores musculares. Ao comentar sobre a sensação com sua professora de biologia, esta sugeriu que ela procurasse um médico imediatamente. Três coágulos foram encontrados em veias de sua perna, caracterizando uma trombose. Billie-Jo recebeu o diagnóstico antes de fazer uma viagem de longa distância, o que poderia ter piorado o quadro.
Outra estudante não teve a mesma sorte. Charlotte Porter, de 17 anos, começou a sentir dores, inchaço e percebeu a perna esquerda ficar um pouco roxa, dos joelhos até os tornozelos. A estudante, que também era líder de torcida, contou os sintomas para a mãe via mensagem de texto enviada por celular durante a aula e esta por precaução decidiu levá-la para exames num hospital.
Enquanto esperava os resultados dos exames de sangue, Charlotte ficou inconsciente e apesar de ser socorrida imediatamente morreu em decorrência de embolia pulmonar. Ao ser examinada pelos médicos, sua perna esquerda estava quase 4 cm mais grossa do que a direita.
Apesar de ser rara em jovens e a idade ser o principal fator de risco para trombose, as alterações no sangue que levam a coagulação e entupimento das veias pode matar, como ocorreu com a jovem inglesa.
Entenda o que é, conheça os principais sintomas e veja como é tratada a doença, segundo a médica Vânia Maris Morelli, hematologista da Universidade Federal de São Paulo:
1) Idade é o principal fator de risco para trombose venosa profunda. É reconhecido em diversos estudos que a incidência aumenta conforme cresce a faixa etária dos pacientes.
2) Isso não significa que não ocorra em outras idades. Apesar de ser menos comum pode acontecer em bebês, desde recém-nascidos, até crianças e adolescentes.
3) A trombose ocorre por alterações no sangue devido a fatores genéticos ou adquiridos, como obesidade (incluindo a abdominal), câncer, doenças autoimunes, gestação, e longos períodos de imobilização, como viagens ou pessoas acamadas, períodos pós-operatórios ou pós-parto.
4) É mais comum em membros inferiores, principalmente nas pernas. Mas pode acontecer em qualquer veia do corpo humano, incluindo a dos pulmões, o que caracteriza embolia pulmonar.
5) Os sintomas que indicam a instalação de um quadro de trombose são: dores, edemas (inchaços), vermelhidão e sinal de endurecimento, principalmente na região das panturrilhas. Os quatro sinais aparecem juntos, mas a médica alerta que eles podem não ser percebidos pelo paciente.
6) A dor é persistente e piora quando a região é pressionada, o que pode ser confundido com dor muscular ou com início de um processo inflamatório.
7) Um simples exame clínico não é suficiente para comprovar um quadro de trombose. O tipo de investigação depende da veia atingida, mas em geral é feita de forma não-invasiva, via imagem, como o ultrassom Doppler.
8) O tratamento é feito com remédios anticoagulantes que farão com que o coágulo seja absorvido pelo próprio organismo. No início, o medicamento é ministrado na veia ou de maneira subcutânea, e entre três e seis meses o paciente toma remédio via oral.
9) Durante o tratamento, o paciente precisa tentar manter-se longe de situações de risco, que possam causar sangramentos. Mas a especialista afirma que hoje as contraindicações não existem se a medicação é ministrada de maneira correta e na dose adequada.
10) Mesmo com a trombose controlada, após o período de tratamento recomendado, é preciso monitorar a reincidência da doença, caso o paciente esteja exposto a um dos fatores de risco, como câncer. Em alguns casos, os médicos recomendam um tratamento profilático (preventivo) com uso de heparina.
11) Nem sempre o coágulo se desprende e migra para os pulmões, mas essa é uma evolução possível para a doença, se não for tratada.