Fisioterapia na UTI neonatal


A Fisioterapia atua nos berçários de alto risco promovendo a melhora da qualidade de vida, diminuindo o tempo de permanência desses bebês na UTI, além de favorecer o ganho de peso, melhorar o tônus e estado de alerta. Inicialmente deve ser realizada uma avaliação que permite conhecer a situação clinica do RN, através da história obstétrica e antecedentes maternos, coleta de dados pessoais do RN, tais como idade, peso, Apgar, tipo e condições de parto e a hipótese diagnóstica. Além disso, deve-se realizar o exame físico observando o estado geral do RN, temperatura, freqüência cardíaca e respiratória, padrão respiratório, tipo de tórax, ritmo respiratório, condições da pele, postura e tônus muscular, comportamento e estado de sono. Verificar a presença de edema, enfisema subcutâneo, fraturas de costela e ausculta pulmonar (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

Durante a avaliação devem ser observados os problemas pulmonares, neurológicos, posicionamento inadequado, alterações do sono/vigília, comportamento, tônus e presença de reflexos arcaicos (SWEENEY; SWANSON, 1994).

Após a avaliação o fisioterapeuta devem-se utilizar as técnicas e recursos da fisioterapia respiratória (como a vibração torácica, a aspiração das vias aéreas e o método RTA), o posicionamento e a estimulação sensorimotora. Esta consta de estimulação tátil, vestibular, proprioceptiva, visual e auditiva, que facilitam o desenvolvimento neuropsicomotor dos RN's (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998; SWEENEY; SWANSON, 1994). 

A vibração torácica, que consistem em movimentos manuais rítmicos, rápidos e com uma intensidade capaz de transmitir a vibração aos brônquios pulmonares, pode ser bastante eficaz para a remoção de secreções em lactentes que apresentam freqüência respiratória normal. Esta técnica apresenta como contra-indicações os lactentes muito pré-termo, que apresentem pele bastante fina, o que facilita as lesões e infecções; em caso de broncoespasmo, que pode ser aumentado; e em RN's que tenham amolecimento dos ossos, deformidades ou que podem desenvolver o raquitismo (PARKER; PRASAD, 2002).

O autor supracitado relata que a aspiração das vias aéreas é uma técnica que visa a remoção de secreções, e é indicada quando os mecanismos de ação ciliar estiverem deficitários. No caso de lactentes e crianças jovens, esta técnica deve ser feita seguindo-se alguns cuidados, como: realizar uma pré-oxigenação, com aumento do oxigênio em aproximadamente 10%, para evitar a hipóxia; manter uma boa higienização das mãos e equipamentos a serem utilizados, evitando infecções; não oferecer uma pressão excessiva no vácuo, e sim a necessária para puxar as secreções, que é de 75-150 mmHg; não introduzir os cateteres de aspiração além de 1cm abaixo da extremidade do tubo endotraqueal, a fim de evitar perfuração direta do brônquio segmentar e conseqüentemente um pneumotórax; e ao realizar a aspiração nasofaríngea em RN que não esteja intubado, deve-se envolve-lo com cobertor para evitar que o mesmo se debata.

O método Reequilíbrio Tóraco Abdominal (RTA) tem como objetivo melhorar a ventilação pulmonar e promover a desobstrução brônquica a partir da normalização do tônus, do comprimento e da força da musculatura respiratória (O QUE É, 2004). Este método consiste em realizar um manuseio dinâmico sobre o tronco do paciente com a finalidade de promover a respiração abdominal melhorando os componentes justaposicional e insercional do diafragma. Isto é conseguido através do alongamento, fortalecimento e estimulação proprioceptiva deste músculo (A TÉCNICA, 2004).

Um adequado posicionamento na UTIN é muito importante a fim de melhorar a função respiratória dos pacientes. A posição supina é a menos benéfica, porém a prona apresenta vantagens na redução do refluxo gastro-esofágico e no gasto energético. Os RN's apresentam uma melhor oxigenação pulmonar quando, além da posição prona, inclina-se levemente sua cabeça para cima, o que não ocorre na posição totalmente horizontalizada ou com a cabeça para baixo (PARKER; PRASAD, 2002).

Para que a estimulação sensorimotora seja terapêutica deve-se levar em consideração sua intensidade, duração, freqüência e tipo, de acordo com a tolerância fisiológica de cada RN, pois, como por exemplo, um bebê hipertônico pode apresentar aumento ainda maior de tônus na presença de estímulos excessivos dados ao mesmo tempo. A intervenção sensorimotora tem como objetivo principal oferecer ao RN assistência a fim de que o mesmo atinja o máximo de interação com seus pais e atendentes, facilitando padrões posturais e movimentos normais (SWEENEY; SWANSON, 1994).

Vale ressaltar que é importante observar os parâmetros iniciais do ventilador, como FR, Ti, Te, PIP, fluxo de O2, FiO2 e PEEP, acompanhando toda a evolução do paciente até seu desmame, quando a intervenção fisioterapêutica se torna particularmente importante em virtude da alta incidência de atelectasia pós-extubação (DOMINGUEZ; KOMIYAMA, 1998).

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