Método Kabat em Fisioterapia


As técnicas de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva confiam principalmente na estimulação dos proprioceptores para aumentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, para obter e simplificar suas respostas. O tratamento através destas técnicas é muito compreensível e envolve a aplicação dos princípios de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em todos os aspectos e em todas as fases de reabilitação. Foi desenvolvido pelo Dr. Herman Kabat, M.D., Pd., e pela Srta. Margareth Knott., B.S. no Instituto Kabat-Kaiser, entre 1946 e 1951, e a filosofia de tratamento e das técnicas usadas são descritas num livro intitulado "Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva: Modelos e Técnicas", de Margareth Knoff, B.S., e Dorothy E. Voss, B. Ed.

 

O Dr. Kabat fez conferencias sobre este assunto no Primeiro Congresso Mundial de Fisioterapia em 1953, e a Srta. Knoff demonstrou seus métodos tanto naquela época quanto em 1959, em conexão com um curso no Hospital Londrino. A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva despertou grande interesse neste país, e muitos terapeutas da Grã-Bretanha visitaram o Centro de Reabilitação da Califórnia, em Vallejo, E.U.A., onde a Srta. Knott era a Fisioterapeuta Chefe, e aprenderam as técnicas e alguma coisa dos métodos de tratamento.

 

Estas Técnicas e o método de tratamento em que são usadas visam a obter a máxima quantidade de atividade que pode ser conseguida em cada esforço voluntário e o maior número possível de repetições desta atividade para facilitar a resposta. A fisioterapeuta precisa de perícia na execução das técnicas e um total entendimento do método de tratamento para obter os melhores resultados do paciente.

 

As técnicas são adequadas ao tratamento de muitos casos e fornecem um meio efetivo de obter e acelerar a reabilitação do paciente. Algumas são aqui descritas brevemente, para servirem como lembrete para os que já tiveram algum ensino prático, e também para dar aos outros uma base para o entendimento quando forem vistas.

ANOTAÇÕES SOBRE AS TÉCNICAS 

DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA

 

O tratamento por meio destas técnicas visa somar os efeitos da facilitação para aumentar a reposta do mecanismo Neuromuscular. A estimulação proprioceptiva é o principal meio empregado para aumentar as demandas feitas pelo esforço voluntário; o inicio de algumas reações reflexas e princípios fisiológicos ligados á interação de músculos antagonistas também são usados em algumas técnicas. A resistência e o estiramento são aplicados manualmente aos músculos que trabalham para executar padrões de movimento de massa, e ordens dinâmicas dão estímulo verbal ao esforço voluntário do paciente.

 

Considera-se que a resistência máxima seja o meio mais importante de estimular os proprioceptores, e as técnicas ligadas com sua aplicação a padrões de movimento de massa são básicas. As técnicas de ênfase têm como objetivo corrigir desequilíbrios.

Técnicas Básicas:

 

1) Padrões de Facilitação

Os padrões de movimento de massa são usados como a base sobre a qual todas as técnicas da facilitação Neuromuscular Proprioceptiva são superimpostas, porque o movimento de massa é característico de toda atividade motora. Os padrões de movimento usados são espiral e diagonal e são intimamente aliados aos de movimento funcional normal; podem ser observados no uso diário, ex.: ao levar a mão à boca, e no trabalho ou esportes, ex.: cortando lenha ou chutando uma bola. Existem dois caminhos de movimento para cada parte principal do corpo, i.e., Cabeça - Pescoço, Partes superior e inferior do tronco, Braço, Perna e dois padrões antagonistas.

 

2) Contatos Manuais

A pressão do contato manual da fisioterapia com o paciente fornece um meio satisfatório de aplicar a resistência máxima ao movimento em padrões de facilitação.

 

3) O Estímulo do Estiramento e o Reflexio de Estiramento

Os proprioceptores situados nos músculos (fusos) são estimulados pelo estiramento, que aumenta a tensão intramuscular. A estimulação do fuso muscular provoca uma contração reflexa do músculo, desde que o estimulo de valor inicial e o arco reflexo esteja intacto. O bombardeio de C.C.As., dormentes por impulsos iniciados dos fusos aumenta a excitação central e facilita a estimulação dessas células.

 

4) Tração e Aproximação

A tração e aproximação (compressão) podem ser efetivos no estímulo de impulsos proprioceptivos que surgem das estruturas articulares.

 

5) Ordens ao Paciente

A voz da fisioterapeuta é usada como estimulo verbal para exigir o esforço voluntário do paciente. Instruções breves, simples, precisas e bem sincronizadas, adequadas a sua idade, temperamento e capacidade de cooperação, exigem a atenção e o esforço do paciente na hora certa e indicam o tipo de ração exigida dele, até mesmo se ele não entender o idioma. A exatidão no comando é essencial:
 

Segure! ............................. para contração isométrica

Puxe ou empurre! ............. para contração isotônica

Relaxe! .............................. para relaxamento

 

A fisioterapeuta precisa assegurar-se de que suas ordens são desempenhadas com o máximo de habilidade do paciente.

6) Distribuição Normal

A distribuição normal nos padrões de facilitação é de distal para proximal, e desde que a rotação inicie o movimento, ele procede nesta direção no sujeito normal. O movimento progride suavemente como um todo, de modo que, se cada articulação estiver harmonizada com o movimento de outras articulações, ele se completa primeiro nas distais, depois intermediárias e finalmente nas articulações proximais. Quando o movimento é completado em cada articulação, os músculos que o produziram (por sua contração isotônica) continuam a se contrair isometricamente até que o movimento como um todo seja completado.

 

Quando a distribuição normal não pode ser conseguida, a distribuição para ênfase é usada como meio de corrigir desequilíbrios. A distribuição normal pode ser quebrada pela aplicação de resistência excessiva a um componente especifico do movimento com o resultado de que sua eficiência é diminuída, ex.: resistência excessiva aplicada ao pé nos movimentos da perna.

 

7) Resistência Máxima

A resistência máxima é definida como a maior quantidade ou grau de resistência que pode ser aplicada à contração muscular. A resistência máxima a uma contração isométrica é a quantidade máxima de resistência que pode ser aplicada sem quebrar o apoio. A resistência máxima a uma contraçao isotônica é a quantidade máxima de resistência contra a qual o paciente pode executar um movimento coordenado suave através da amplitude total.

 

8) Reforço

Incontáveis combinações de movimentos sâo requeridos e utilizados na vida diária e quando um grande esforço é exigido, um movimento de uma parte do corpo é associado e reforçado pelos esforços de outras partes. Isto pode ser observado no trabalho pesado e em atividades esportivas, quando sao exigidos força e concentração.

 

Os componentes musculares de um padrão de movimento reforçam-se uns nos outros, automaticamente, de acordo com as demandas da resistência e quando está máximo, o reforço estende-se além dos componentes musculares do padrão a outros segmentos do corpo, ex.: do braço para o tronco ou de uma perna para a outra.

 

A estimulação proprioceptiva que resulta da tensão nos músculos fortemente contraídos leva a uma superabundância de excitação no sistema nervoso central pelo processo de irradiação, cujo propósito é obter a cooperação de músculos aliados, os quais, ao se contraírem como sinergistas, aumentam a eficiência do movimento.

Técnicas de Ênfase:

 

As técnicas de ênfase usam os meios de facilitação para corrigir os desequilíbrios musculares e restaurar a capacidade de executar movimentos coordenados eficientes.

1) Contrações Repetidas

A repetição da atividade contra a resistência é essencial para o desenvolvimento da força e tolerância musculares. A contração de determinados músculos fracos ou componentes mais fracos de um padrão é repetida nesta técnica, enquanto eles estão sendo reforçados pela contração isotônica ou isométrica máxima de músculos aliados mais fortes.

 

2) Reversões Lentas

Esta técnica é baseada no princípio de Sherrington de indução sucessiva, isto é, imediatamente após o reflexo flexor ser elicitado a excitabilidade do reflexo extensor é aumentada. Este principio é aplicável ao movimento voluntário e à interação de grupos antagonistas na execução de movimentos. A contração de músculos antagonistas ou padrões fortes é usada como fonte de estimulação proprioceptiva para músculos ou padrões antagonistas mais fracos.

 

3) Estabilização Rítmica

A contração isométrica de músculos antagonistas é usada nesta técnica de estabilização das articulações. A estabilidade é mantida contra a resistência pela contração de músculos antagonistas.

 

4) Contração Isométrica

Esta é uma técnica de relaxamento cujo objetivo é obter reação de alongamento de músculos, cuja ação é antagonística ao movimento limitado na amplitude. É eficiente, simples e indolor.

 

5) Iniciação Rítmica

Esta é uma técnica de relaxamento de aplicação específica para a rigidez da Doença Parkinson.

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