Estrabismo deve ser tratado até os 4 anos de idade
Olhar nos olhos de seu filho traz muitos mais benefícios além dos afetivos. Através disso, por exemplo, é possível diagnosticar se a criança tem ou não estrabismo, alteração ocular que afeta de 5% a 10% dos brasileiros e é mais comum em crianças. Olhinhos sem paralelismo apontados para dentro ou para fora, para cima ou para baixo indicam um problema nos músculos que os sustentam. Ou eles são fortes ou fracos demais.
"Em crianças com visão normal, os olhos paralelos enxergam o mesmo objeto", diz o oftalmologista Jorge Mitre, do Hospital de Olhos de São Paulo (HOSP). Assim, se um dos olhos está torto, é porque só um deles (o sadio e alinhado) está sendo usado. O resultado de uma boa fusão das imagens vistas pelos dois olhos é uma noção melhor de espaço e de profundidade, percebidos pelo cérebro.
O estrabismo pode ser identificado desde os primeiros meses de vid e precisa de tratamento. O melhor é que ele seja feito o mais cedo possível, uma vez que poderá, depois dos 5 anos de idade, causar a ambliopia - doença que deixa a criança praticamente cega do olho estrábico.
No exame clínico, deve-se também identificar o tipo de estrabismo que a criança tem. Isso só é possível através do exame dos dois olhos. Aí, elabora-se um plano de recuperação para o olho estrábico, que pode incluir óculos, exercícios ortópticos ou até cirurgia.
O tipo de correção mais comum para a disfunção é feito por meio da observação de imagens nítidas. "Assim, o olho fraco será forçado a funcionar como visão principal", diz Renato Neves, da Rede Eye Care, em São Paulo. Durante o tratamento, a criança usa o tampão no olho sadio, de forma que o olho doente possa reagir e funcionar como desejado.
Em casos mais graves, a criança passa por uma cirurgia de alinhamento dos olhos ou retirada de opacidades nos meios óticos da córnea e cristalino (catarata).
O mais importante, segundo Neves, é que os pais da criança estejam sempre por perto dando apoio e incentivo. Os ganhos são para sempre. Após o tratamento, os olhos são alinhados, o cérebro passa a fundir as imagens e a qualidade da visão torna-se satisfatória. "É fundamental que toda criança seja submetida a um exame oftalmológico logo após o nascimento. Esse exame deve ser repetido de dois em dois anos até os seis anos de idade", aconselha Neves.
Sintomas - O estrabismo pode se apresentar de diversas maneiras. A forma mais comum é o desvio convergente, que acontece quando um dos olhos "entorta" para dentro. Existem também os desvios divergentes (olhando para fora) e os verticais (quando um olho fica mais alto ou mais baixo do que o outro).
Além disso, existem três classificações que dizem respeito à freqüência com a qual o estrabismo pode ser observado. No constante, o desvio de um dos olhos é observado o tempo todo. Pode ser monocular quando é sempre o mesmo olho que desvia e alternante quando o desvio se alterna nos olhos.
No desvio intermitente, os olhos intercalam alinhamento com o desvio. Nos latentes, os desvios são apenas verificados através de testes de motilidade ocular.
Tratamento
O tratamento do estrabismo tem como objetivo devolver à pessoa a visão do olho doente, o paralelismo (alinhamento) dos olhos e a recuperação da visão binocular. O desenvolvimento ocular se consolida por volta dos 6 anos de idade, por isso, o melhor é que o tratamento seja feito o mais cedo possível. "Depois disso, o olho fraco não pode mais ser desenvolvido de forma satisfatória", diz Mitre. O estrabismo pode ser corrigido com óculos, oclusão alternada dos olhos ou cirurgia. Além disso, são recomendados exercícios ortópticos, que podem ser comparados à uma espécie de fisioterapia ocular. A cirurgia de alinhamento ocular age sobre a musculatura dos olhos Ela é realizada sob anestesia geral. Mesmo assim, o tratamento clínico, com óculos e exercícios, não deve ser deixado de lado.
O problema pode ter diversas origens, e elas podem aparecer com mais freqüência de acordo com a idade com que a disfunção se manifesta. "A causa mais comum é a congênita, ou seja, a pessoa nasce com o olho torto e não se pode precisar a causa", diz o oftalmologista Jorge Mitre. Os casos de origem genética, por exemplo, são mais comuns nas crianças. Mas nem sempre um pai estrábico terá um filho estrábico. O problema pode pular algumas gerações. Entre os adultos, os traumas são responsáveis por maior parte dos problemas que surgem. Acidentes ou batidas na cabeça, por exemplo, podem desencadear o estrabismo, assim como diabetes, hipertireoidismo, afecções neurológicas, entre outras doenças. O estrabismo costuma causar cefaléia, torcicolo e piscar constante.
Fonte: http://www.atribunamt.com.br