Recuperação de entorse de tornozelo

O entorse do tornozelo é uma lesão dos ligamentos do tornozelo. Os ligamentos são formados por tecido conjuntivo, servindo para estabilizar as articulações e para impedir a mobilidade anormal, sobretudo nas amplitudes de grau extremo. Suas fibras têm uma elasticidade muito reduzida e não se alongam, mas rompem-se em maior ou menor número quando seu coeficiente de elasticidade é ultrapassado (fig.1).

Aproximadamente 25.000 pessoas sofrem um entorse de tornozelo a cada dia. Estas lesões nem sempre são simples e podem resultar em sintomas residuais em até 40% dos pacientes.

Geralmente (85% dos casos), os entorses ocorrem quando o tornozelo roda para fora (fig.2), fazendo com que a planta do pé fique voltada para o outro pé (inversão).

As lesões agudas classificam-se em três graus:

  • Grau 1 (discretas): lesão mais leve, com ruptura de poucas fibras; dor instantânea seguida de um período de alívio, permitindo a continuidade da atividade e acentuação da dor após intervalo de repouso; pouco ou nenhum edema; testes mostram tornozelo estável;
  • Grau 2 (moderadas): com maior número de fibras rotas; dor instantânea e ininterrupta, dificultando muito ou impedindo continuação da atividade; edema moderado, de instalação mais rápida e, mais tarde, sufusão sangüínea subcutânea; perda parcial de estabilidade, geralmente com algum teste positivo;
  • Grau 3 (graves): com ruptura total de um ou mais ligamentos; dor instantânea e contínua, aumento de volume rápido, depois, sufusão sangüínea extensa; perda da capacidade de sustentar o peso; geralmente mais de um teste de instabilidade positivo.

Freqüentemente, são realizadas radiografias para determinar se existe alguma fratura óssea. Outros exames raramente são necessários.

Tratamento

O tratamento de um entorse tem como objetivo proteger o ligamento lesado contra um estiramento ulterior durante o processo de recuperação. Compreende duas fases: a fase de tratamento imediato após o acidente e a fase de reabilitação.

Tratamento Imediato

Válido para todas as formas e graus de entorse, tratando-se dos primeiros cuidados destinados a evitar ao máximo o edema, a dor e agravamento, antes do exame clínico do médico, o qual determinará o nível de gravidade e o tratamento indicado:

Proteção do tornozelo através da aplicação imediata de uma bandagem ou de esparadrapos devidamente aplicados, que podem servir como um ligamento (externo) provisório;
Aplicação de gelo sobre a contenção (20 a 30 minutos, a cada 3 a 5 horas). Quanto mais depressa for aplicado, melhor;
Compressão da articulação envolvida por atadura elástica;
Elevação do membro inferior afetado;
Proibir o apoio do pé.
A principal medida durante as primeiras 48 a 72 horas consiste em proteger a articulação afetada contra novos traumas e em controlar as dimensões do edema.

Fase de Reabilitação

A lesão dos ligamentos pode provocar certo grau de instabilidade articular, razão pela qual o seu tratamento implica na observação de determinado período de imobilização. O tratamento depende da gravidade do entorse. Geralmente, os entorses leves são tratados com um enfaixamento do tornozelo e do pé com faixa elástica ou esparadrapo, aplicação de gelo na região, elevação do tornozelo e, à medida que ocorre a cicatrização, um aumento gradual das caminhadas e dos exercícios. Para os entorses moderados, é utilizado um aparelho gessado que permite a deambulação, o qual é mantido por, aproximadamente, três semanas. Para os entorses graves, pode ser necessária a realização de uma cirurgia ou imobilização com gesso durante, aproximadamente, 10 semanas. A fisioterapia é importante para a restauração dos movimentos, o fortalecimento da musculatura e a melhoria do equilíbrio e do tempo de resposta, antes que o indivíduo retome as atividades mais exigentes do ponto de vista físico. O programa terapêutico poderá levar apenas duas semanas de duração, no caso de entorses menos sérios, ou até 6 a 8 semanas para as lesões graves.

Para os indivíduos que sofrem entorses de tornozelo com facilidade, as lesões subseqüentes podem ser prevenidas com o uso de suportes para o tornozelo e o uso de dispositivos no calçado para estabilizar o pé e o tornozelo.

Os critérios para o retorno às atividades compreendem: (1) mobilidade normal da articulação afetada; (2) boa força muscular e equilíbrio e (3) uso funcional do segmento lesado nas atividades necessárias

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