Lesões da mão no esporte
A mão é uma das partes mais exposta e vulnerável do corpo humano, e dados estatísticos comprovam que, cerca de ¼ das lesões esportivas atingem a mão ou o punho.
Cada esporte tem os seus riscos de lesões mais freqüentes, como descreveremos mais adiante.
É importante o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, pois o atleta necessita de 100% de recuperação, para um perfeito desempenho.
´´DEDO EM MARTELO´´ (´´BASEBALL FINGER´´)
É uma lesão, bastante freqüente, provocada pelo impacto da bola no dedo em extensão, produzindo uma flexão súbita e intensa da falange distal. Isto leva a ruptura do tendão extensor ou até ao arrancamento de um fragmento ósseo da falange distal, ocasionando ocasiona uma deformidade em flexão dessa articulação, caracterizando o dedo em martelo.
Geralmente ocorre nos esportes com bola, como baseball, basquete, handebol, vôlei e em goleiros de futebol, onde a bola atinge violentamente um dedo em extensão.
O atleta imediatamente após o trauma, percebe a deformidade evidente e também nota a incapacidade de estender ativamente a articulação interfalangeana distal.
O tratamento conservador com talas em extensão é indicado quando a angulação entre as falanges é pequena (inferior a 30 graus).
Nos casos onde a avulsão do tendão é mais extensa, ou quando o fragmento fraturado é muito grande, o tratamento cirúrgico está indicado, sendo necessário a fixação dos fragmentos por meio de fios de Kirschnner, assim como bloqueio dessa articulação, por um período de 6 a 8 semanas.
AVULSÃO DE TENDÃO FLEXOR PROFUNDO DOS DEDOS
É uma lesão geralmente encontrada nos atletas praticantes de judô e jiu-jitsu e também no rúgbi e futebol americano, freqüentemente não diagnosticadas de imediato.
Ocorre durante a extensão forçada do dedo na máxima contração do músculo flexor profundo dos dedos, como quando o atleta agarra a camisa do outro,por exemplo. Isto ocasiona arrancamento do tendão flexor profundo dos dedos da sua inserção, na base da falange distal, podendo ou não haver fratura associada da falange distal.
Durante o exame físico notamos a incapacidade do paciente em flexionar a ponta do dedo, com o dedo fixo em extensão. Na radiografia podemos encontrar um arrancamento ósseo da base da falange distal, no ponto de inserção do tendão. O tratamento consiste na reinserção do tendão/ osso na base da falange distal.
FRATURA DO BOXER
As fraturas do colo do quinto metacarpiano, são conhecidas como a fratura do "boxer", onde o desvio volar do fragmento distal é causado pelo impacto direto do punho fechado, como em um soco no boxe.
O tratamento dessas fraturas pode ser conservador, através de uma redução e imobilização gessada, ou nos casos onde a fratura é instável, o tratamento cirúrgico está indicado para manter a redução dos fragmentos ósseos.
LESÃO DO PUNHO NO TÊNIS
Na região do punho existe uma estrutura triangular, conhecida como ´´o menisco do punho´´, que é a fibrocartilagem triangular. Ela conecta os ossos do antebraço (rádio e ulna) ao punho com importante função de estabilização no movimento de rotação e amortecendo a força de preensão.
Nos jogadores de tênis, existe uma incidência aumentada de lesões da fibrocartilagem triangular.
Entre os fatores predisponentes, destacamos:
pacientes que apresentam a ulna mais longa que o rádio excesso de treinos, com microtraumas repetitivos relacionado com trauma, como uma queda, por exemplo
O paciente sente dor na borda ulnar do punho com dificuldade de suportar o peso sobre a mão espalmada (ex: dor para sair da piscina). É necessário descartar a presença de tenossinovite do extensor ulnar do carpo, que pode ser a causa da dor.
A lesão pode ser uma perfuração central na fibrocartilagem ou uma desinserção da mesma de um dos seus três vértices.
O tratamento pode variar desde, imobilização da rotação do punho ou tratamento cirúrgico por artroscopia do punho, onde através de dois furos, realizamos o desbridamento da lesão central ou a reinserção da lesão periférica.
LESÃO DA MÃO DO ESCALADOR
Com o aumento do interesse na prática de escalada, seja ela ´´indoor´´ ou ´´outdoor´´, notamos uma maior incidência de lesões que acometem as mãos, comuns nesta modalidade atlética.
O grande esforço de galgar altitude com a força das mãos pode acarretar desde bolhas na mão até lesões no sistema que rege o movimento dos dedos.
Na região da palma dos dedos, existe um sistema de presilhas que prendem os tendões flexores ao osso. São as polias flexoras. Sem estas estruturas, ao flexionarmos os dedos, os tendões ficariam balantes.
A solicitação dos dedos na escalada esportiva pode causar lesão na polia, fato que provoca dor e dificuldade para flexão do dedo. O tratamento consiste em fazer uma nova polia com enxerto de tendão flexor.
FRATURA DO GANCHO DO HAMATO NO GOLFE
São fraturas encontradas em atletas que realizam esportes onde se utilizam raquetes ou tacos, como golfe, tênis ou beisebol. O gancho, ou hâmulo, do hamato é um osso proeminente localizado na borda ulnar da palma da mão,e apresenta íntimo contato com o nervo ulnar.
Quando o atleta segura a raquete ou taco, o final da empunhadura acaba se chocando com o gancho do hamato e pode dependendo do excesso de uso causar uma fadiga óssea e causar uma espécie de fratura por stress do gancho do hamato (H), irritando o nervo ulnar.
Em geral, os atletas se queixam de dores na borda ulnar da mão, na base da eminência hipotenar, fato que atrapalha a preensão do taco. Podem apresentar formigamento e dormência no dedo mínimo.
O diagnóstico é melhor comprovado através de exame de tomografia computadorizada do carpo.
Se diagnosticado precocemente, a imobilização gessada garante a consolidação. Porém, na maioria dos casos o diagnóstico é tardio e o fragmento fraturado dificilmente consolida, o que mantém os sintomas, e o tratamento deve ser cirúrgico com liberação do nervo acometido e ressecção da parte fraturada do gancho do hamato.
NEURITE DO CICLISTA
Os ciclistas adeptos de longo percurso podem apresentar formigamento nos dedos, especialmente no dedo anular e dedo mínimo.
Isto ocorre, pois a mão apoiada em extensão sobre o guidão deixa o nervo ulnar exposto á compressão ao nível do punho.
É importante encorajar o ciclista a alterar a posição da mão para evitar compressão crônica. Normalmente a alteração de sensibilidade e o formigamento desaparecem em minutos ou horas após cessar a compressão, mas em alguns casos pode persistir por semanas ou meses, sendo necessário evitar a bicicleta, manter o punho em repouso e fazer uma investigação da função do nervo. Casos crônicos, que não melhoram com o tratamento conservador, podem requerer a descompressão cirúrgica do nervo.