Fisioterapia na dismenorreia primária




Um dos maiores problemas de mulheres na adolescência é a dismenorreia primária. Ela se apresenta como um período doloroso que começa, geralmente, por volta de dois a três anos após a menarca durante o período menstrual, a dor começa no momento do sangramento e se estende por aproximadamente 32 ou 48 horas. A causa da dismenorréia primária está relacionada ao aumento de produção de prostaglandina.

Existem causas congênitas para a dismenorréia como a retroversão uterina e o estreitamento do colo do útero. Nesta acontece uma espécie de tamponamento do fluxo em placas onde o útero tem que fazer espasmos para ajudar a descer estes pedaços de endométrio. As causas patológicas cursam com infecções , inflamações no colo do útero ou nos anexos dos ligamentos do útero (parametrite), endometriose, miomas e cistos ovarianos. E, finalmente, existem causas hormonais por desrregulação entre as taxas de estrogênio e progesterona.

Os exames complementares vão ajudar a detectar qual a causa da dismenorreia para melhor abordagem. Causas hormonais são tratadas pela ginecologia assim como a maioria das causas patológicas. Cabe a Fisioterapia atuar nas causas congênitas e em alguns casos de causas patológicas. No exame físico iremos realizar um exame postural minucioso verificando o posicionamento da pelve e palpação da musculatura lombar e do abdome em busca de Trigger points. Um ponto importante é fazer o controle da pressão arterial pois estas pacientes possuem alteração significativa na pressão arterial durante o período de crise.

Atualmente, pouco se tem discutido sobre formas fisioterápicas para minimizar o desconforto e acabar com o estado doloroso. Algumas pessoas indicam o uso de um trabalho contínuo de ondas curtas realizado no meio do ciclo menstrual. Outros estudiosos condenam esta prática por ainda não se ter material suficiente que confirme os reais efeitos deste aparelho eletroterápico no sistema reprodutor feminino.

Existe, ainda um grupo de profissionais que defendem a massoterapia (em membros inferiores para melhorar o retorno venoso e lombar para aliviar a lombalgia) associado a cinesioterapia ativa para fortalecimento da musculatura abdominal e lombar.

Para Cara Adams e Jane Frahm, em um capítulo publicado no Saunders Manual of Physical Therapy practice, o ideal é o uso do TENS ou da corrente interferencial para combater tanto a dor abdominal quanto a lombar que acontece neste período da vida da mulher.

1) TENS convencional
- Eletrodos dispostos posteriormente entre T-10 e L-1 ou anteriormente, na região abdominal, logo após a cicatriz umbilical e nunca abaixo da espinha ilíaca antero-superior.
- Freqüência - 50 a 100 Hz.
- Pulso - 40 a 75 ms.
- Intensidade confortável parestesia sem provocar a contração muscular.
- Tempo- 30 minutos e caso a dor persistir mais uma série de 30 minutos.

2) Corrente interferencial.
- Quatro eletrodos sendo dois de 100 cm2 dispostos anteriormente e dois de 200 cm2 dispostos posteriormente (acima da prega glútea).
- Freqüência rítmica de 90 a 100 Hz.
- Intensidade depende da tolerância da paciente (usualmente de 12 a 25 mA)
- Tempo de 15 a 20 minutos diários.


Referências Bibliográficas:

1)Deligeoroglou E , Dysmenorrhea Ann N Y Acad Sci 2000; 900: 237-44

2) Myers, R S Saunders Manual of Physical Therapy Practice. W.B. Saunders Company, USA, 1995


Autor: Bianca Laufer Bass - Fisioterapeuta do Hospital Barra D Or, Professora de Cinesiologia do IBMR, Pós-graduada em psicomotricidade UNESA
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