Tratamento da Sindrome do Pânico
Quem tem alguém perto de você com essa síndrome sabe o que é lidar com ela. Mas e quando acontece com um paciente e ele está sob os seus cuidados? É preciso saber um pouco sobre o tratamento para saber como agir caso isso aconteça.
É importante ter em mente que o paciente deve ser sempre muito bem orientado sobre os passos, o tipo e a natureza do tratamento a que está sendo submetido. Ele deve conhecer as características dos medicamentos utilizados, suas ações e efeitos adversos, bem como o tempo previsto para sua ação terapêutica e a previsão de tempo de uso.
Os sintomas ansiosos e físicos desaparecerão com o tratamento. A base da terapia consiste no uso de antidepressivos, com ou sem o auxílio de ansiolíticos. Primeiro porque alguns antidepressivos já têm um excelente efeito ansiolítico, e em segundo lugar porque nem sempre a frequência das crises de pânico exige o uso de ansiolíticos.
Caso sejam necessários, os ansiolíticos serão empregados para alívio mais rápido de sintomas físicos e ansiosos, os quais normalmente se constituem na principal queixa que motiva a consulta, por um período mais curto. O medicamento de uso mais prolongado e continuado será sempre o antidepressivo.
Atualmente, existem três classes de medicamentos disponíveis para o tratamento da síndrome do pânico: antidepressivos, ansiolíticos e betabloqueadores. O tratamento não-medicamentoso também é de extrema importância, como por exemplo, a terapia cognitiva e comportamental. Precisam ser considerados os riscos e benefícios, os custos e a eficácia de cada um desses tratamentos. A taxa de resposta ao tratamento varia entre 50% e 80%.
1. Antidepressivos Tricíclicos
Os objetivos principais do tratamento da síndrome do pânico com antidepressivos tricíclicos também objetivam reduzir a intensidade e a freqüência dos ataques de pânico, a ansiedade antecipatória e a depressão associada. Geralmente, esses agentes também devem levar à redução da agorafobia. Trata-se do grupo de medicações com maior experiência acumulada (mais de 30 anos) no tratamento dessa síndrome, sendo possivelmente o tratamento de maior eficácia.
Atualmente são considerados medicações de segunda escolha, porém isso se deve basicamente à maior incidência de efeitos colaterais (boca seca, constipação intestinal, arritmias cardíacas, entre outros) e, principalmente, ao ganho de peso e disfunções sexuais associados. Dessa forma, muitos pacientes interrompem o tratamento e acabam apresentando retorno dos sintomas.
Os estudos mostram uma resposta definida como remissão completa das crises de pânico ou redução de até 80% no número de crises. Os tricíclicos imipramina e clomipramina são eficazes no tratamento das crises de pânico sem ou com agorafobia. A clomipramina parece ser a mais eficaz.
Esses antidepressivos apresentam como vantagens: dose única ao dia; baixo risco de dependência; baixo custo; e eficácia comprovada. É importante o conhecimento do período de latência para a obtenção dos resultados terapêuticos. Normalmente estes resultados são obtidos após um período de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar até 30 dias.
2. Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina
Os objetivos e resultados do tratamento com medicamentos desse grupo são os mesmos apontados com relação aos tricíclicos. Eles não apresentam a maioria dos efeitos colaterais encontrados nos antidepressivos tricíclicos e, embora alguns deles tornem o ato sexual mais prolongado, decididamente não influem tanto na libido. Esses antidepressivos não apresentam interações com o álcool, portanto, limitam menos o nível de interação social dos pacientes.
Estudos realizados por períodos de até um ano demonstram que a maioria desses medicamentos não causa ganho de peso, ao contrário do que ocorre em muitos pacientes em uso de antidepressivos tricíclicos.
Os efeitos antipânico dos ISRS começam a ser observados de 2 a 4 semanas após o início do tratamento, normalmente após a segunda semana. O efeito máximo ocorre após 5-6 semanas de uso.
Os benzodiazepínicos (ansiolíticos) apresentam rápido início de ação, podendo ser usados para tratar as crises de pânico. Para a maioria dos psiquiatras, os ansiolíticos podem ser ótimos ajudantes no tratamento, principalmente enquanto os antidepressivos ainda não fizeram seu efeito esperado. No entanto, esses medicamentos apresentam efeito em nível dos sintomas, sem ação curativa.
Por causa disso, muitos pacientes confundem o uso dos ansiolíticos prescritos pelo médico como se fossem indicados na modalidade "se necessário", o que é errado. Quando prescritos, eles podem ser imprescindíveis, devendo ser tomados em doses diárias regulares, conforme a prescrição. Na maioria das vezes, devem ser suspensos tão logo sejam desnecessários.
O risco mais grave com esses medicamentos é o da dependência. Sintomas de abstinência ou recorrência dos sintomas de pânico, durante a diminuição abrupta da droga, são um risco do tratamento em longo prazo.
As propriedades sedativas dos benzodiazepínicos são facilmente reconhecidas, incluindo a inibição da resposta emocional excessiva a estímulos normais, bem como a redução da resposta emocional apropriada a estímulos excessivos. Vários trabalhos vêm mostrando que os benzodiazepínicos são drogas bastante eficazes no tratamento de diversos quadros de ansiedade, destacando-se a síndrome do pânico.