Artigo: Lesões esportivas no Voleibol

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Introducão

    O voleibol é considerado um dos esportes coletivos que mais tem evoluído ao longo dos últimos anos e que exige esforços próximos ao nível máximo de intensidade favorável ao acometimento de uma série de lesões nos atletas. Essa prática desportiva alterna tanto a atividade aeróbia como anaeróbia e necessita que seus praticantes tenham força, flexibilidade muscular, agilidade e aptidão.
    São inúmeros os benefícios proporcionados por esta atividade esportiva, mas sua prática expõe o praticante a lesões desportivas, que afetam principalmente o sistema osteomioarticular à medida que os atletas buscam a superação dos seus limites (TALMA, 2009).
    A Medicina Esportiva abrange várias áreas de ciências da saúde, onde se destaca o profissional de fisioterapia por possuírem algumas relações com o desempenho atlético e com os cuidados para com o atleta lesionado. Esse profissional pode ainda proporcionar condições adequadas para o atleta na competição, auxiliando-o no seu desempenho para atingir o potencial máximo e guiando o atleta para voltar aos níveis de competição após lesão. (SILVA et al., 2008).
    Para maior sedimentação da atuação do profissional fisioterapeuta no domínio da prevenção de lesões no esporte se faz necessário o incentivo de uma formação mais uniforme nessa área. Visto que, a graduação atende pouco as expectativas do fisioterapeuta esportivo, cursos de aperfeiçoamento voltados para o atendimento emergencial e para aspectos essenciais da prevenção de lesões no esporte, devem ser incentivados com o intuito de estruturar melhor essa formação.
    A assistência fisioterapêutica esportiva é observada em todos os do­mínios de sua prática, com participação em todas as funções possíveis de serem ocupadas. Atualmente, ainda permanecem discussões quanto ao papel e à formação necessária de cada profissional de saúde na área esportiva. Apesar das controvérsias quanto ao papel de cada profissional, a equipe de saúde, incluindo o fisioterapeuta, que atende ao atleta, atua em pelo menos quatro grandes domínios: prevenção, atendimento emergencial, reabilitação e retorno do atleta à atividade (SILVA et al., 2011).
    Os acadêmicos no decorrer da permanência na universidade, além de conteúdos teóricos, necessitam de atividades que o aproximem da realidade e de sua futura atuação profissional. As atividades de pesquisas e extensão são as oportunidades dos acadêmicos de vivenciar essas experiências, visto que as atividades são realizadas em equipe e para a comunidade. Essa atividade teve como resultado o trabalho em equipe com profissionais, vivência a qual os acadêmicos terão nos locais de atuação de suas profissões, quando tiverem concluído a graduação.
    Nesse contexto, o presente relato tem como objetivo descrever as ações desenvolvidas por meio de um projeto de extensão com a participação dos acadêmicos do curso de fisioterapia do Instituto de Saúde e Biotecnologia- ISB, com práticas voltadas para a assistência fisioterapêutica desportiva em atletas de voleibol no município de Coari, AM.
Procedimentos metodológicos e resultados
Tipo de estudo
    Este estudo consiste em um relato de experiência universitária vivenciado pelos discentes do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) – Campus do Médio Solimões em Coari/AM.
    As atividades de extensão proporcionam aos alunos extensionista uma visão mais ampla de suas possibilidades de atuação como futuro profissional além de proporcionar ao acadêmico um conhecimento além da sala de aula, conhecimento este que se transformará em instrumento de ação quando aplicados na sociedade.
    “A efetividade e a ampliação das ações de extensão possibilitam uma formação discente mais qualificada, ratificando institucionalmente a concepção de que a extensão se expressa como um instrumento, real e potencial, de produção e transferência de conhecimento e de desenvolvimento socioeconômico, cultural e político, por meio do qual a Universidade reafirma seu compromisso sócio acadêmico” (Resolução N° 008/2010CONSUNI/UFAM).
    Essas atividades aconteceram durante a preparação dos atletas para os Jogos escolares do Pólo do Médio Solimões, no município de Coari/Amazonas/Brasil.
Dos participantes/reuniões
    O projeto de extensão ‘’Assistência Fisioterapêutica Esportiva na Prática do Voleibol’’ foi proposto pelo docente do colegiado de fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A ação de extensão foi desenvolvida e executada, no segundo semestre do ano de 2009, por acadêmicos de Fisioterapia e Enfermagem. As ações do projeto de extensão iniciaram-se com reuniões semanais entre o coordenador do projeto e os acadêmicos participantes. No primeiro momento foram realizadas reuniões com os dez estudantes que se interessaram em participar do projeto e quais seriam os serviços prestados aos atletas de voleibol durante os jogos esportivos do município de Coari-AM. Das reuniões saíram temas importantes como: anatomia do movimento, primeiros socorros, lesões mais comuns em atletas de voleibol, fisioterapia preventiva, órteses para atletas de voleibol. A partir daí os acadêmicos foram divididos em grupos para que com respectivos temas os mesmos pudessem realizar uma palestra para os atletas do voleibol de Coari.
    O público- alvo dessa atividade foram os jogadores de voleibol da seleção municipal de Coari/AM, que participariam dos Jogos do Pólo de Coari (fazem parte desse polo os municípios de Codajás, Anori, Fonte Boa, Tefé e Alvarães).
    Como resultados dessas reuniões os acadêmicos puderam desenvolver suas atividades de gestão do processo de formulação e adequação do tema para o público- alvo.
Dos encontros com os atletas
    A participação dos estudantes nos encontros com os atletas do voleibol nos permitiu adquirir e compartilhar experiências e saberes, tanto o saber popular, quanto o técnico e científico. O trabalho em equipe é um conjunto de pessoas reunidas a partir de um determinado objetivo comum a todos os elementos que o compõe, ou que tem um problema em comum e se reúnem com um ou mais propósitos ou metas, que deverão ser atingidos em um determinado espaço de tempo (BULLEY, 2005). Nossa experiência com os atletas foi favorecida principalmente no atendimento oferecido a esses atletas, tivemos presentes a cada partida de jogos prestando assistência fisioterapêutica aos atletas. Acompanhar esses atletas nos jogos nos possibilitou adquirir maiores conhecimentos no que se refere à assistência fisioterapêutica, e isso nos propiciou uma intercomunicação com os atletas de voleibol, compreendendo melhor essa prática desportiva e vivenciando esse processo de atuação fisioterapêutica, além de favorecer o nosso crescimento enquanto estudantes e na formação acadêmica. Tivemos ainda a oportunidade de participar de vários eventos e jogos esportivos, o que nos beneficiou de forma grandiosa a respeito desse conhecimento sobre essa prática desportiva do voleibol juntamente com as assistências fisioterapêuticas oferecidas.
Assistência fisioterapêutica
    Durante a prática esportiva do voleibol, os atletas estão sujeitos a diversos tipos de lesões, por isso os participantes do projeto, desenvolveram palestras preventivas que no decorrer do campeonato pudessem melhorar e beneficiar de forma preventiva a atuação desses atletas dentro da quadra de esporte e durante os campeonatos, evitando assim alguns tipos de lesões mais graves. As lesões esportivas muitas vezes são provocadas por métodos inadequados de treinamento, alterações estruturais que sobrecarregam mais determinadas partes do corpo do que outras e muitas dessas lesões também podem ser causadas pelo desgaste crônico e por lacerações, os quais são decorrentes de movimentos repetitivos (overuse) que afetam os tecidos suscetíveis (ANTONIO, 2012).
    Devido a este breve contexto apresentado, julga-se de extrema importância que atletas, professores e treinadores conheçam os mecanismos de lesão que estão presentes dentro dessa prática esportiva. O voleibol apresenta aspectos com repetições de gestos, acelerações e desacelerações, deslocamentos e saltos, e muitas vezes os atletas devido a certa displicência ou falta de orientação, não se preocupam em manter sua condição física acabando por prejudicar suas performances esportivas e conseqüentemente em muitos casos abreviando sua capacidade de praticar o esporte, seja ele de alto nível ou com fins recreativos. Antes de abordarmos diretamente a questão dos tipos de lesões mais acometidas durante os jogos de voleibol e as assistências fisioterapêuticas oferecidas durante o campeonato aos atletas de voleibol da seleção do município de Coari-AM, fez-se necessário uma breve abordagem sobre as estruturas anatômicas dos ombros e os movimentos que o mesmo realiza. As intervenções realizadas nos atletas durante os campeonatos foram: os alongamentos, órteses, e bandagem funcional. Todos os acadêmicos participantes da extensão estavam aptos a realizar as intervenções fisioterapêuticas se acaso ocorresse alguma lesão que necessitasse dos mesmos.
Intervenções fisioterapêuticas
    Estudos mostram que os alongamentos para os esportes podem ajudar os atletas e seus treinadores a reduzir os riscos de lesões nos esportes, melhorando o seu desempenho esportivo. Os alongamentos devem ser realizados para os músculos terem mobilidade à determinada modalidade esportiva, pois os alongamentos são importantes na regeneração do tônus muscular e na aceleração após competição. Foram passados e ensinados aos atletas alongamentos de MMSS e MMII que pudessem ser realizados nos treinamentos e durante as competições. Estudos comprovam a importância dos alongamentos para o ganho e a melhora da flexibilidade e amplitude articular de movimento dos atletas (MARIO, 2012).
    Guarnieri (2006) buscou demonstrar a importância da flexibilidade na preparação de atletas de voleibol na categoria juvenil. Realizou um estudo mensurando a flexibilidade antes e após treinamento. Verificou que em algumas variáveis analisadas ocorreu a piora neste item após o treinamento demonstrando que trabalho de flexibilidade não é priorizado no treinamento. Fator este preocupante, pois as atletas podem ficar mais propensas a se lesionarem. Assim, propõe que durante os treinamentos devem ser inseridas sessões que priorizem o trabalho de flexibilidade. Esses exercícios de alongamentos podem ser inseridos tanto em ambiente esportivo quanto em terapêuticos proporcionando ganho de amplitude articular de movimento (GAMA et al., 2007).
    Durante os treinamentos e as competições foram realizadas técnicas de alongamentos passivos e ativos de MMSS e MMII, com objetivo de evitar distensão muscular, reduzir dores musculares, e melhorar a flexibilidade dos atletas. A escolha pelos alongamentos foi devido as queixas relatadas pelos atletas.
Considerações finais
    As atividades de extensão universitária são oportunidades para acadêmicos, professores e comunidade fazerem um espaço comum para troca de informações, beneficiando-se mutuamente quanto aos aspectos relevantes do processo de ensino e aprendizagem, pois é por meio da extensão, pode proceder a difusão, socialização e democratização do conhecimento existente. Essa atividade de extensão universitária contribuiu para que tenhamos uma formação acadêmica com um saber mais ampliado sobre assistência fisioterapêutica através da fisioterapia, proporcionado por novas experiências e vivências com esses atletas, tornando-nos futuros profissionais de fisioterapia mais conscientes, políticos e humanizados. As oportunidades oferecidas nos possibilitaram um maior conhecimento no que se refere assistência fisioterapêutica durante o atendimento a esses atletas do voleibol, cuja abordagem é muito restrita em nossa grade curricular. Este projeto nos ajudou a construir uma consciência articulada com a prática, que para nós estudantes, é desafiadora e transformadora. Portanto, ensino, pesquisa e extensão são atividades interdependentes, complementares e precisam ter valorizações equivalentes no sistema universitário para nossa futura vida profissional.
Referências
  • Antônio VS. Prevalência de lesões em atletas de voleibol feminino e possíveis relações com treinamento inadequado e estresse. Revista Hórus, vol 6, número 1 (Jan-Mar), 2012.
  • Bulley C. Sports physiotherapy competencies: the first step towards a common platform for specialist professional recognition. Rev Physical Therapy in Sport volume 6, Issue 2, May 2005, Pages 103–108.
  • Gama ZAS. Influência da freqüência de alongamento utilizando facilitação neuromuscular proprioceptiva na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Rev Med Esporte vol.13, N˚.1, Jan/Fev,2007.
  • Guarnieri ATA. Importância do trabalho de flexibilidade em jovens atletas de voleibol. [Monografia]. UNESP. Bauru, 2006.
  • Mario B. Ice and modern sports physiotherapy: still cool. Rev Br Sports Med, 2012.
  • Silva, A.A. et al. Analise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com atuação na área esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil. Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 15, n. 3, p. 219-26, maio/jun. 2011.
  • Silva, AA et al. Analise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta do futebol e do voleibol no Brasil. [Tese]. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Belo Horizonte; 2008.
  • Talma PV. Prevalência de lesões osteomioarticulares em atletas de voleibol de quadra da UFJF. [Monografia] UFJF, Juiz de fora, 2009.
  • Universidade Federal do Amazonas. Resolução N° 008/2010CONSUNI/UFAM. Disponível em http://proexti.ufam.edu.br/index.php/resolucoes.
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