Fisioterapia atua em todas as etapas na Oncopediatria


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O câncer infantil e suas respectivas terapêuticas normalmente debilitam as crianças e adolescentes e têm inúmeras sequelas sobre sua saúde. A fisioterapia exerce um papel fundamental no acompanhamento desses pacientes, e atua tanto na prevenção quanto na recuperação de diversas alterações provocadas pela doença

Ao atender um paciente com câncer infantil, a equipe de fisioterapia “se depara com inúmeros quadros.  Podem ocorrer “alterações motoras, respiratórias e posturais, seqüelas musculares, esqueléticas ou neurológicas, paralisia facial, dores iintensas, entre muitas outras. A atuação do fisioterapeuta não se restringe a uma etapa específica do tratamento: tem início desde o diagnóstico ou o momento da internação e perpassa todos os diferentes estágios, podendo inclusive continuar após o final da terapêutica, em função dos efeitos tardios que venham a se manifestar.

Diversas frentes de atuação

Embora o trabalho da equipe de fisioterapia abarque todos os tipos de câncer e de tratamento, alguns têm consequências especialmente pronunciadas sobre os pequenos pacientes. Os tumores de SNC, por exemplo, não raro impõem diversas sequelas neurológicas. Linfomas na região do mediastino e leucemias, (especialmente quando conduzem a um estado de grande imunossupressão), podem causar complicação ou insuficiência respiratória. Tumores ósseos podem requerer cirurgias ou amputações. As terapêuticas também influem sobre o estado geral do paciente. A quimioterapia não raro leva à imunussupressão. Corticóides provocam alterações articulares, e alguns quimioterápicos lesam o sistema de equilíbrio corporal. A radioterapia também gera sequelas diversas, como necroses.

No caso das complicações respiratórias, o trabalho é feito por meio de exercícios para estimular o sistema respiratório e retirar as secreções. Quando o paciente está na UTI, utilizamos a técnica de ventilação não invasiva, e, através de uma máscara nasal adaptada ao respirador, fazemos exercícios de respiração e estimulação motora, ativamos o sistema respiratório do paciente e prevenimos escaras de pressão.

Em relação aos tumores de SNC, que não raro impõem diversas sequelas neurológicas, a atuação do fisioterapeuta é imprescindível. Nos casos em que a criança está internada, ocorrem trabalhos de mobilização e fisioterapia motora no próprio leito, e a equipe previne ainda contraturas de posicionamento e deformidades decorrentes de cirurgia.

Nos casos de tumores ósseos, a fisioterapia também tem atuação destacada, especialmente nos casos de cirurgia ou amputação, de modo a permitir que a reabilitação do paciente ocorra o mais rapidamente possível. Nos processos pré e pós-operatórios, trabalhamos a adaptação às próteses e endopróteses, auxiliamos o paciente a andar com muletas e reabilitamos sua marcha, até que seja possível caminhar sozinho. No pós-operatório, trabalhamos também a postura – para que não evolua de modo incorreto – e a mobilização da musculatura, enquanto não se pode mover o membro afetado” completa Yeda.

Antes de qualquer procedimento, é importante atentar para o estado geral do paciente. O primeiro passo é verificar o hemograma da criança. Temos de estar sempre atento aos exames. Quando a contagem de plaquetas é inferior a 50 mil, por exemplo, não se pode fazer manobras para retirar secreção. Se houver baixa de leucócitos, é também necessário cuidado redobrado com assepsia e esterilização do material. A vigilância se estende aos processos infecciosos, que nas crianças imunossuprimidas evoluem rapidamente.

O trabalho deve perceber o indivíduo como um todo, e auxiliar para que ele deixe o leito o mais rapidamente possível. Temos de observar sempre como estão a postura e os movimentos; às vezes só o fato de levantar da cama e se expor à gravidade já faz bem.

Certas modalidades fisioterapêuticas podem ser especialmente benéficas, quando for possível aplicá-las. A fisioterapia aquática, por exemplo, traz resultados muito bons. Além de ser uma atividade lúdica, a fisioterapia aquática “não é estigmatizante: a criança muitas vezes fala que vai para a natação”. Além disso, na água, as crianças se movimentam com mais facilidade (principalmente as que sofrem de tumores de SNC) e conseguem fazer na piscina movimentos que, fora d’água, seriam impossíveis.

“Crianças são crianças, é preciso conquistá-las”

A aceitação dos pacientes ao trabalho dos fisioterapeutas no geral é muito boa, mas antes de iniciar qualquer intervenção é importante que se estabeleça um vínculo entre paciente e profissional. Sem esse vínculo, não há trabalho possível. Alguns pacientes são muito manipulados, passam por procedimentos dolorosos e invasivos, e podem relutar em aceitar o trabalho do fisioterapeuta. Por isso, essa vinculação inicial é imprescindível”.

As crianças são crianças, precisamos conquistá-las. Os pequenos acima de tudo “querem brincar”, e por isso a fisioterapia deve ser transformada em uma atividade lúdica. Se não entrarmos no mundo da criança, não temos acesso a ela.

Portanto, a equipe de fisioterapia, devidamente vinculada ao paciente, pode estruturar seu trabalho de modo a tirá-lo do leito e restaurar suas condições normais o máximo possível.É um trabalho que contribui decisivamente para a reintegração social da criança e do adolescente com câncer.
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