Ligamentos e músculos que se relacionam com o Joelho
O joelho é uma articulação instável por ter poucas estruturas que a envolvem e receber biomecanicamente grande parte da descarga de peso corporal, conseqüentemente sofre diversas lesões o que leva aos especialistas a buscarem cada vez mais os estudos nesta área, levando ao aprimoramento e desenvolvimento de técnicas cada vez mais modernas e eficazes relacionadas ao tratamento e prevenção de lesões (Salgado, 1995). A articulação do joelho é extremamente complicada e precisa ser descrita em detalhes, mas na presente pesquisa a atenção maior será voltada para as estruturas que sustentam tal articulação e músculos e ligamentos.
Nos movimentos de flexão e extensão do joelho ocorrem pequenas rotações, medial e lateral respectivamente, isso ocorre porque os côndilos femurais não têm a mesma curvatura, sendo o medial mais curvo que o lateral. Isto leva a uma tendência dos côndilos femurais rolarem posteriormente sobre a tíbia, e um deslizamento sobre a tíbia no mesmo ponto, o que levaria a um desgaste precoce na glena tibial (Wirhek, 1986). Após 20o de flexão, os ligamentos tornam-se relaxados e permitem tanto o deslizamento como a rotação axial. A maior parte da rotação ocorre durante a fase final de flexão e durante os últimos 30o a 40o da extensão. Em 90o de flexão, 40o graus de rotação é possível. Na extensão completa não é possível a rotação axial e, também a abdução-adução lateral ou medial significativa da tíbia sobre o fêmur (Miranda, 2000).
O ligamento cruzado anterior é a primeira linha de defesa contra o deslocamento anterior da tíbia no fêmur e também contra a hiperextensão do joelho. Ele acrescenta estabilidade contra rotação interna da tíbia em extensão assim como tensão em valgo interno (Lippert, 1996). "Assim, o ligamento cruzado anterior evita movimentos nos quais a perna se movimente anteriormente em relação a coxa" (Wirhek, 1996. p. 45). É um forte ligamento intra-articular, sua origem fica na parte mais posterior e superfície da face medial do côndilo femoral lateral, onde forma um leque, estando associada com a inserção da cápsula posterior do joelho. A inserção tibial é mais compacta que a femoral: dois terços originam-se na tíbia, anterior à eminência intercondilar, e um terço na margem anterior a espinha.
O ligamento cruzado posterior, por sua vez, tem como função impedir o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia (Miranda, 2000). Hebert, 1998, afirma que o ligamento cruzado posterior origina-se na face lateral do côndilo femural medial em uma posição mais distal que o ligamento cruzado anterior e sua inserção localiza-se na tíbia posterior, em uma superfície articular. É também composto por duas posições uma anterior de maior espessura que se tenciona em flexão, e uma posterior que se tenciona em extensão.
Há também os ligamentos colaterais que são encontrados nos lados da articulação do joelho. O ligamento colateral medial (tibial) se estende do epicôndilo medial do fêmur, passa para baixo e um pouco para frente, indo fixar-se no côndilo medial da tíbia e de sua diáfise (Palastanga, N., Field, D. & Soames, R., 2000).
Os ligamentos colaterais laterais originam-se no epicôndilo lateral do fêmur e seguem até a cabeça da tíbia, inserindo-se anteriormente ao seu ápice (Hebert, 1998). Tais ligamentos têm função de estabilizar medialmente e lateralmente o joelho impedindo que se o mesmo se abra nas posições respectivas.
Há ainda o ligamento patelar que é de fundamental importância por ser constituído pelas fibras do tendão do músculo quadríceps, sendo sua inserção na patela e tuberosidade anterior da tíbia (Miranda, 2000).
O ligamento poplíteo também reforça posteriormente a articulação do joelho, e é uma extensão do tendão do músculo semimembranoso. Hebert (1998) atribuiu ao mesmo a função mais estabilizadora do que dinâmica. Ainda inserção deste músculo há o ligamento poplíteo arqueado que vai do côndilo lateral do fêmur até a fíbula. E tem por função reforçar a cápsula fibrosa, na parte posterior do joelho (Miranda, 2000).
Para que haja o movimento articular no joelho é necessário que a musculatura correspondente não esteja encurtada e favorecendo o braço de alavanca em direção ao centro articular. O músculo que passa por duas articulações, como por exemplo, o reto femural, tem um papel mecânico mais complexo porque seus braços de alavanca variam continuamente em cada extremidade do músculo (Rose & Gamble, 1998). Certos autores dividem os músculos que envolvem o joelho em dois: músculos longitudinais e os transversais, os primeiros são constituídos pelo quadríceps (reto anterior, vasto lateral, medial, intermédio e, atualmente, vasto oblíquo), o reto anterior tem grande papel no que diz respeito a coordenação do conjunto por ser bi-articular; os transversais são elementos internos e externos, pré rotulianos, tendões da pata de ganso (sartório, grácil e semitendinoso) e músculos isquiotibiais. (Hebert, 1998) Estes últimos segundo (Kisner, 1998), são os flexores primários do joelho e também influenciam a rotação do fêmur na tíbia. A pata de ganso, segundo a mesma autora, proporciona estabilidade medial do joelho e afeta a rotação da tíbia em cadeia fechada.
Há ainda o músculo gastrocnêmio que auxilia na flexão do joelho principalmente durante a sustentação do peso, dando suporte a cápsula posterior. É um músculo bi-articular (Wirked, 1986).
Todos os músculos que envolvem a articulação do joelho são estabilizadores da articulação além de exercer suas funções respectivas:
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"Sartório: origina-se na espinha ilíaca ântero-superior e se insere na superfície medial da tíbia. Flete e auxilia na rotação medial da articulação do joelho".
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Tensor da Fáscia Lata: origina-se na parte anterior da crista ilíaca e se insere nos terços proximal e médio da coxa. Pode auxiliar na extensão do joelho.
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Quadríceps Fermoral - reto femoral, possuem origem na espinha ilíaca ântero-inferior; vasto lateral, origem na parte proximal da linha intertrocantérica; vasto intermédio, origem na superfície anterior e lateral dos dois terços proximais da diáfise do fêmur; vasto medial, origem na metade distal da linha intertrocantérica. A inserção comum destes músculos é na borda proximal da patela e, através do ligamento patelar, na tuberosidade da tíbia. É o principal extensor da articulação do joelho.
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Poplíteo: origina-se na parte anterior do côndilo lateral do fêmur e ligamento poplíteo, e sua inserção a na superfície posterior da tíbia. Sua ação e rodar medialmente a tíbia sobre o fêmur quando não há sustentação de peso, quando há roda lateralmente o fêmur sobre a tíbia, e flexiona a articulação do joelho.
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Semitendinoso: origina-se na tuberosidade do ísquio e se insere na parte proximal da superfície medial da tíbia. Sua ação é fletir e rodar medialmente a articulação do joelho.
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Semimembranoso: origina-se na tuberosidade do ísquio proximal e se insere na face póstero medial do côndilo da tíbia. Sua ação é fletir e rodar medialmente a articulação do joelho.
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Bíceps femoral: paste posterior da tuberosidade do ísquio (cabeça longa), dois terços proximais da linha supracondilar (cabeça curta). Sua inserção e no lado lateral da cabeça da fíbula. As ações são flexionar e rodar lateralmente a articulação do joelho.
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Gastrocnêmio: parte proximal e posterior do côndilo medial do fêmur são sua origem, e sua inserção é na parte posterior superfície média do calcâneo. Auxilia na flexão do joelho. (Kendall, 1995, p. 205-216).