Causas, sinomas e tratamento da Bursite Trocantérica


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A etiopatologia da bursite trocantérica envolve fatores externos e fatores de risco. Dentre os fatores externos que contribuem com a inflamação estão os microtraumas ocasionados devido a uma repetição de impacto, podendo ser devido ao uso excessivo dos músculos do quadril que se relacionam com a região do trocanter.

O uso excessivo destes músculos sobrecarrega a biodinâmica, alterando assim a mecânica do grupo musculoesquelético do quadril, esta alteração causa também a alteração do funcionamento das bursas, produzindo mais fluido e, portanto, chegando ao processo inflamatório.
A bursite trocantérica é uma reação inflamatória da bursa trocantérica que atinge mais frequentemente mulheres dos 35 aos 60 anos e os sintomas ocorrem quando a fáscia lata a comprime contra o grande trocanter. Geralmente, isso ocorre quando a coxa se encontra flexionada, quando a pessoa está andando ou correndo. No início, dói apenas durante a prática esportiva, mas, pode haver progressão, doendo também ao repouso e irradiando para o terço médio da coxa (figura 3).

Fatores de risco:

– Encurtamento de fascia lata
– Encurtamento do tendão do músculo glúteo máximo
– Fraqueza do músculo glúteo médio
– Diferença de comprimento entre os membros inferiores
– Doença pré-existente da coluna vertebral : artrose, escoliose, hiperlordose

Atividades físicas que podem desenvolver a doença são: a corrida, o ciclismo, triatlon e, eventualmente, alguns exercícios na musculação, pois são atividades de esforço repetitivo e podem desencadear os micro-traumas de repetição, ou lesões por overuse. Esportes de contato podem causar a bursite de maneira súbita após queda sobre o grande trocanter. Isso se dá devido à hemorragia na bursa, aumento de volume e, consequentemente, aumento da fricção local.

O esforço ou estresse repetitivo, também chamado no termo inglês de “overuse”, acontece na subida de escadas com muita frequência, durante corridas, durante caminhadas longas e frequentes, ao pedalar com periodicidade curta ou mesmo ao permanecer em pé por tempo muito prolongado.
Porém, vale ressaltar que estas atividades citadas acima para se tornarem fatores causais da síndrome, dependerá da frequência, constância e da maneira como são realizadas.

Outro fator que pode desenvolver a bursite trocantérica são as lesões causadas por um evento traumático, isto é, quedas, pancadas, acidentes, etc. No entanto, a maioria dos pacientes não se recorda de nenhum evento que possa estar relacionado à agravante.

Estas lesões não são comumente recordadas, pois podem acontecer durante o dia-a-dia, por exemplo, bater o quadril na porta, na mesa, na porta do carro, deitar sobre um lado apenas por tempo prolongado.

Os fatores de risco envolvidos com a síndrome incluem o histórico de doenças musculoesqueléticas, como artrite, patologias na coluna, discrepância do tamanho das pernas, doenças reumatológicas, osteoartrose, entre outras.

Além das doenças supracitadas, também se relacionam como fatores de risco, a presença de patologias de cunho psicológico ou emocional, como fibriomialgia e obesidade.
  • Sintomas da bursite trocantérica

O principal sinal do quadro clínico da bursite trocantérica é a dor na lateral do quadril, facilmente indicada com a ponta do dedo pelo paciente, a dor pode irradiar para a coxa e panturrilha, devido à alteração no modo de movimentar-se, forçando assim o músculo da coxa e panturrilha, esta dor secundária é, portanto, um reflexo adaptativo que passa a ser considerado um sintoma da própria síndrome.

A dor pode ser intensificada durante a noite e quando o paciente permanece por muito tempo na mesma posição ou em pé. A bursite trocantérica pode afetar o sono, não como um sintoma específico, mas sim como uma consequência da dificuldade em encontrar posição agradável para dormir devido à dor.

Para fins diagnósticos, o médico avalia os sintomas relatados pelo paciente, bem como o histórico de doenças relacionadas, de eventos antecessores, além disso, o médico realiza exame clínico apalpando a região do quadril, estando o paciente deitado com a lateral afetada voltada para o médico.
Exames complementares podem ser necessários para a investigação de lesões mais graves ou patologias em outras estruturas. Nestes casos são realizados exames laboratoriais e de imagem, como radiografia, tomografia ou ressonância magnética.

Uma vez concluídos os exames e o diagnóstico sendo instituído como de bursite trocantérica, é preciso iniciar o tratamento.

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  • Tratamento da bursite trocantérica

Nem toda intervenção terapêutica de bursite trocantérica envolve procedimentos cirúrgicos, na verdade, muitos pacientes percebem melhora relevante apenas com algumas mudanças de hábitos e adoção de medidas, veja a lista abaixo que contém algumas atitudes simples que auxiliam na melhora do quadro clínico do paciente acometido:

-Evitar atividades com potencial de piora dos sintomas: como caminhar, correr, subir escadas, permanecer em pé;

-Utilização de um apoio: bengalas, muletas ou quaisquer formas de apoio auxiliam evitando a sobrecarga da outra perna;

-Evitar cruzar as pernas: enquanto a bursa está inflamada, é preciso evitar cruzar as pernas, pois esta posição pode friccionar tal estrutura contra o trocanter, o que ocorre é que a bursa possui nervos no seu interior, por isso quando inflamada ao ser pressionada causa dor e incômodo;

-Perder peso: a obesidade ou o excesso de peso em relação à força que a pessoa tem para sustentar a si mesma influencia na piora dos sintomas, por isso, é importante mudar os hábitos em relação à alimentação, sedentarismo e fatores estressantes;

-Repouso na fase aguda: durante o período em que a inflamação da bursa trocantérica ainda não está totalmente resolvida, é preciso manter-se em repouso;

-Compressa de gelo: realizar compressas de gel gelado ou mesmo com cubos de gelo auxilia no alívio da dor. É recomendado proceder três vezes ao dia, aplicando na região acometida durante cerca de quinze minutos, mantendo cautela para não lesionar a pele.

Além destas medidas iniciais, o tratamento da bursite trocantérica inclui a administração de anti-inflamatório oral durante aproximadamente um mês e meio a dois meses, este tempo de administração deverá ser definido de acordo com fatores como idade, resposta ao tratamento, presença de fatores de risco, etc.

Se o tratamento oral não apresentar respostas esperadas, indica-se a alteração do tratamento, podendo passar a administrar via injetável local de corticóide e substância anestésica, por exemplo, a lidocaína. Esta intervenção costuma apresentar resultados com baixa reincidência e sem complicações recorrentes, salvo alguns efeitos colaterais, como abscessos, lesões nervosas, atrofia cutânea e inflamações por macrófagos.

Somente em casos que não responderam bem nem ao tratamento via oral, tampouco ao tratamento de infiltração, recorre-se à intervenção cirúrgica. Esta intervenção pode ser através da bursectomia, que consiste na incisão lateral para a retirada da bursa problemática, ou através da artroscopia, que é menos invasiva, realizando apenas duas microincisões endoscópicas. A artroscopia causa menos efeitos adversos e sua recuperação é mais rápida e confortável, porém, em alguns casos pode ser necessário realizar a incisão aberta.

Além dos tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos, faz-se necessário o tratamento de recuperação, isto é, a fisioterapia, pois esta terapêutica proporciona reabilitação, alongamento, fortalecimento das estruturas do quadril, correção da dinâmica do movimento, utilização de temperatura para tratamento, enfim, a fisioterapia contribui tanto para a recuperação como também com a prevenção de reincidência.

O retorno às atividades normais do dia-a-dia deve ser gradual e orientado pelo médico, assim como o retorno aos treinos desportivos nos casos de atletas e ao exercício físico, que é de suma importância para a preservação da saúde, inclusive do bom funcionamento da biodinâmica do quadril, porém, toda atividade física deve ser orientada por profissional capacitado, sobretudo em caso de paciente pós cirúrgico e com histórico de bursite trocantérica.

Publicado em 05/08/11 e revisado em 09/07/18
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