Terapia assistida por animais
Neste caso o histórico ou perfil do paciente não é exigido, e a sessão pode ser conduzida apenas pelo proprietário do animal.
A Terapia Assistida por Animais, trata- se de um método terapêutico, onde o animal é parte principal da terapia. O objetivo dessa interação homem e animal terapeuta é oferecer aos pacientes diversos estímulos (táteis, visuais, olfativos, auditivos...) e principalmente atuar como agente facilitador das modalidades terapêuticas tradicionais, o que acelera a recuperação dos pacientes, e para aqueles que possuem um animal de estimação, desenvolve-se a questão de responsabilidade como a rotina e os cuidados do dia a dia, como hábitos de higiene, alimentação, lazer entre outros. Podemos ainda dizer que com a TAA, a proximidade com o animal nos possibilita que a pessoa com determinada deficiência, possa melhorar/manter a amplitude de movimento, trabalhar alongamento, força, coordenação motora, proporcionando maior qualidade de vida, reduzindo o “stress”, ansiedade, depressão, estimulando o equilíbrio, a movimentação bem como a percepção espacial e favorecendo a autoconfiança e a auto- estima.
Nos casos de TAA é necessário ter acesso ao histórico do paciente, para que se possa desenvolver um trabalho específico para cada indivíduo, e a terapia deve ser conduzida por um terapeuta e/ ou condutor do animal.
Em 1792 foi criado, intuitivamente por William Tuke, a York Retreat, um centro de tratamento para pacientes com alterações mentais, no qual utilizavam jardinagem, exercícios, e vários animais domésticos para encorajar os pacientes a vestir-se, movimentar-se e comunicar-se, e essa interação trouxe resultados positivos.
Os animais podem agir como poderosos catalisadores sociais, facilitando o contato social. Este efeito é igual em diversas localidades e com animais e donos diferentes na aparência (McNICHOLAS; COLLIS, 2000).
Um psicólogo infantil envolveu em um dos seus estudos seu próprio cachorro com a finalidade de estabelecer uma ponte com as crianças que eram muito introvertidas. Ele comprovou que a criança, ao se importar com seu bichinho de estimação, adquiriu confiança, auto-estima, responsabilidade e autonomia, além de diminuir o estresse, ou seja, a companhia animal pode assistir a criança no seu desenvolvimento continuo (HAVENER et al., 2001).
O simples fato de tocar uma pessoa pode ajudá-la a superar a dor, não apenas fisiológica, mas também a dor emocional. Tal fato pode ser comprovado com uma paciente em estado terminal de câncer. Debilitada e fraca permanecia todo o tempo deitado na cama, recebendo doses de morfina para aliviar a dor. No dia da visita dos animais sentou-se lentamente na cama e acariciou uma cadela, sem queixas de dor ou desconforto. Havia sido o dia mais ativo da paciente (MENCH, 2001).
Qualquer pessoa pode fazer uso da terapia animal: os idosos, adultos ou crianças com problemas psiquiátricos, portadores de deficiência física ou mental, com câncer ou soropositivos e pacientes domiciliares ou hospitalizados. Apesar de a teoria sugerir que pacientes imunossuprimidos, susceptíveis a infecções oportunistas com histórico severo de alergias e problemas respiratórios ou internados nas unidades de terapia intensiva não façam uso da terapia, alguns projetos descrevem visitas a esses pacientes, pois pesquisas revelaram que visitantes humanos transmitem mais infecções aos pacientes do que os animais, quando devidamente limpos e imunizados. A restrição real compete ao paciente que possui medo ou aversão a animais (ANIMAIS ajudam na recuperação, 2001).
Os Benefícios da Terapia e a Atividade Assistida por Animais
Existem muitos estudos que indicam os efeitos fisiológicos positivos gerados nas pessoas que interagem com os animais, e através do trabalho desenvolvido por dois médicos sul africanos, Prof. Johannes Odendaal e a Dra Susan Lehmann obtiveram boas respostas sobre esses mecanismos. Tanto nos humanos com em cães há uma mudança hormonal benéfica que ocorre nas endorfinas beta, phenylethylamina,prolactina,dopamina e oxitocina (interação positiva). Além do bem estar, a liberação dessas substâncias químicas também reduz o cortisol (hormônio do estresse). Num estudo piloto foram caracterizados os efeitos normalizantes, do animal associado à terapia, exercem sobre os aminoácidos dos neurotransmissores em pessoas deprimidas. A realidade é que a relação terapêutica entre animais e humanos foi cientificamente medida e daqui a alguns anos poderá gerar uma mudança nas bases de algumas áreas da medicina. (CÃES, 2006).
Estudos dos benefícios do contato humano com animais mostram que o simples ato de acariciar um cão relaxa o corpo, diminui a freqüência cardíaca e a pressão arterial e estabiliza a respiração.
· Fazer o paciente acariciar, pentear e jogar bola para o cão é um ótimo exercício de coordenação de movimentos, além de ajudar a controlar o estresse, diminuir a pressão arterial e reduzir os riscos de problemas cardíacos, como comprovado pelo estudo onde sugere que a criação dos animais pode causar efeitos relaxantes, evidenciado pela redução da pressão sanguínea e aumento da temperatura corporal (BAUN et al., 1991);
· Constatou-se que os pacientes que cuidavam de animais gastavam 16% a menos de medicamentos e saíam dois dias antes dos hospitais do que os doentes que não mantinham contato com os bichos (BENEFÍCIO animal, 2000);
· O contato com animais aumenta as células de defesa e deixa o organismo mais tolerante a bactérias e ácaros, diminuindo a probabilidade das pessoas desenvolverem alergias e problemas respiratórios (BENEFÍCIO animal, 2000);
· O estímulo do animal faz com que aumente o nível de endorfina, ajudando a minimizar os efeitos da depressão;
· Amor incondicional e atenção, espontaneidade das emoções, redução da solidão, diminuição da ansiedade, relaxamento, alegria, reconhecimento de valor, troca de afeto;
· Dar nomes aos filhotes ou chamar os animais pelo nome são excelentes exercícios fonoaudiológicos a pacientes que possuem dificuldade de falar. Aqueles que não falam são estimulados a produzir expressões vocais;
· Diminui a percepção da dor;
· Aumenta o desejo de lutar pela vida;
· Melhora as relações interpessoais;
· O animal facilita e nutri a comunicação entre o profissional e o paciente;
· Oportunidade de comunicação e sentido de convivência;
· Recreação, diversão e alívio do tédio do cotidiano. Redução da sensação de isolamento;
· Possibilidade de troca de informações e de ser ouvido;
· Sentimento de segurança, socialização e motivação;
· Vínculo e aumento de confiança com o ser humano, com o foco nos participantes da terapia;
· Os benefícios continuam mesmo depois das visitas, através das lembranças e experiências positivas.
Na Obesidade Infanto Juvenil, sabemos que não é só mais um problema estético, motivo de gozação dos colegas, o excesso de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde: ortopédicos, pulmonar, endócrinos, doenças cardiovasculares. As crianças em geral ganham peso com facilidade devido a fatores como: hábitos alimentares errados, estilo de vida sedentário, problemas de convívio familiar, distúrbios psicológicos, endócrinos e metabólicos, inclinação genética, entre outros, e tende a se manter a obesidade na vida adulta.
E como conseqüência da obesidade, podemos constatar uma redução significante da qualidade de vida dos indivíduos que não ocorre apenas em função de problemas médicos e fisiológicos, mas também por problemas psicológicos, onde apresentam baixa auto – estima, imagem corporal alterada e por esses motivos acabam se isolando e se excluindo do convívio social.
A Terapia e a Atividade Assistida por Animais têm por objetivo atuar nas conseqüências da obesidade infanto juvenil com base em todos os benefícios já citados.
Os objetivos específicos da TAA e AAA são:
· Proporcionar um bom equilíbrio emocional e corporal;
· Desenvolver e fortalecer funções psicomotoras e força muscular;
· Estimular capacidade de atenção e concentração;
· Desenvolver a autoconfiança e a auto-estima;
· Integrar as famílias, possibilitando a troca de experiências, inclusão social e fortalecimento dos vínculos familiares;
· Trabalhar socialização, interação e relações interpessoais;
· Expressão de sentimentos;
· Melhoria da conduta social;
· Promover a diminuição da sensação de solidão, de inutilidade;
· Melhorar e trabalhar a questão dos limites;
· Fomentar o interesse pela terapia, tratamento e/ou reabilitação;
· Contribuir para a diminuição do foco na dor;
· Evitar a depressão, ou até contribuir para o seu tratamento;
· Permitir a diminuição e o controle da pressão arterial;
· Favorecer a regulação dos batimentos cardíacos;
· Reforçar o contato físico;
· Diminuir os sintomas de estresse e ansiedade;
· Promover a reorganização do quotidiano do paciente;
· Promover e melhorar a percepção que tem de si e dos outros;
· Melhorar o sistema imunológico;
· Motivar para a prática de atividade física;
Todos esses objetivos serão alcançados na medida em que irá ocorrer a aproximação e aceitação geral dos animais pelas crianças, e familiares que estiverem presentes, estabelecendo assim empatia, confiança e carinho pelo animal. Elas poderão escovar, acariciar o pelo do animal, poderão correr com os cães, conduzi-los na guia, aprendendo e ensinando aos mesmos alguns comandos básicos, serão realizadas atividades com arcos, objetos coloridos, bola coleiras, presilhas, escova, etc., em sessões lúdicas de duração em torno de 50min.
O cão terapeuta leva à internalização de valores duradouros como o respeito e o comprometimento, aumenta a sua auto-estima, autocontrole e responsabilidade e a sua presença nas sessões de terapia faz as crianças se sentirem mais seguras em situações de estresse.
O mecanismo mais importante da interação homem-animal se baseia na afetividade e, quanto mais forte a ligação emocional existente, maiores os resultados benéficos obtidos. De acordo com opiniões recentes, a TAA age da mesma forma bioquímica que uma resposta de relaxamento do corpo uma vez que atua na adrenal (produção de epinefrina) e na produção de outros hormônios corticosteróides, o que induz uma redução de pressão arterial, freqüência cardíaca e respiratória, entre outros resultados benéficos. Estes são comparados àqueles observados na meditação e relaxamento, momento em que o cérebro humano entra numa freqüência mais baixa e gera respostas fisiológicas positivas.
Os animais oferecem às pessoas, um elo de ligação com a natureza, contribuem para o desenvolvimento de sentimentos positivos, aquisição de sentimentos de conforto e bem-estar,oferecem momentos de pura diversão e brincadeira com o animal, ao mesmo tempo que é terapêutico, permitem a estimulação mental, emocional e física, a promoção do contato e a troca de afetos (importante em terapia), permitem também a promoção de responsabilidade e oferecem acima de tudo amor e amizade incondicional sem quaisquer tipos de julgamentos.
Cães Terapeutas
· Cães selecionados pelo seu comportamento dócil e meigo;
· Cães adultos;
· Devidamente treinados e rigorosamente avaliados;
· Vacinados, vermifugados e com acompanhamento veterinário periódico;
· Banhos semanais e higienização antes de cada sessão;
· São dessensibilizados. Estes cães em ambientes hospitalares, casas de repouso, asilos, etc, são indiferentes a barulhos, odores, equipamentos e uniforme dos profissionais.
Os animais são sinceros em seus sentimentos, não nos julgam por aparência física, não fazem cobranças não precisam de riqueza e luxo, apenas esperam por alimento, carinho e amor e retribuem com um amor incondicional, podendo até falecer porque seu dono se foi.
“ Bem Estar é: Sentir o pelo macio, o focinho gelado, as lambidas molhadas... é ser recebido com a alegria de um abanar de rabo... É sentir-se amado!”
Adriana Paravati Futema
Dra Adriana Paravati Futema - Fisioterapeuta - dricapf@ig.com.br
Elisângella Grillo – Adestradora