Esclerose Múltipla


A esclerose múltipla (EM) é uma doença degenerativa crônica, progressiva, do sistema nervoso central, caracterizada pela ocorrência de pequenas placas de desmielinização cerebral e medular. (Desmielinização se refere à destruição da mielina, o material lipídico-proteíco que circunda certas fibras nervosas no cérebro e na medula espinhal). A desmielinização resulta em distúrbio na transmissão de impulsos nervosos.

A causa da EM não é conhecida. A evidência das pesquisas sugere que o nervo primário seja a lesão da mielina, resultante de infecção viral no ínicio da vida, que se apresenta como processo imune tardiamente. Embora o mecanismo possa ser alguma forma de infecção viral, provavelmente o papel principal na patogenia da EM seja uma resposta imune alterada.

Os achados epidemiológicos indicam que a EM é mais comum nas pessoas que vivem em zonas de clima temperado do norte. Neste país, (EUA) é uma das doenças neurológicas mais incapacitantes de adultos jovens (20-40 anos de idade) , afetando duas vezes mais as mulheres do que os homens. Sua incidência em pessoas jovens aumenta os problemas de natureza médica, psicológica, social e econômica encontrados pelo paciente e pela sua família.

FISIOPATOLOGIA Na EM, a desmielinização se apresenta dispersa irregularmente por todo o sistema nervoso central. (fig.57.4). A mielina é perdida pelo cilindroeixo, e os próprios axônios degeneram. As placas das áreas envolvidas tornam-se esclerosadas, interrompendo fluxo dos impulsos nervosos e resultando em uma variedade de manifestações, na dependência dos nervos afetados. As áreas mais frequentemente afetadas são os nervos ópticos, o quiasma, os tratos, o cérebro, o tronco cerebral e o cerebelo e a medula espinhal.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A evolução da EM pode seguir diferentes formas. A maioria das pacientes, ainda jovens no ínicio dos sintomas, começa com evolução recidivante resistente, com plena recuperação entre as recaídas. Outros pacientes apresentam evolução progressivamente crônica desde o ínicio, com um declínio gradativo da função. A evolução rapidamente progressiva é muito menos frequente. Em outros pacientes a doença segue um curso benigno, com um estilo de vida normal e sintomas tão leves que os pacientes não procuram cuidados para a saúde nem tratamento clínico.

Os sinais e sintomas da EM são variados e múltiplos, refletindo a localização da lesão (placa) ou em combinação de lesões. Os sintomas mais comente referidos são: 

  • Fadiga
  • Debilidade
  • Torpor
  • Dificuldade de coordenação e perda de equilíbrio
Em investigação realizada, cerca de 75% dos pacientes apresentaram alterações visuais devidas lesões nos nervos ópticos ou de suas conexões, barrento de visão, cegueira em placas (escotoma) ou cegueira total. A debilidade espástica das extremidades e a perda dos reflexos abdominais ocorrem pelo envolvimento das vias motoras principais (feixes piramidais) da medula espinhal. A interrupção dos axônios sensitivos pode produzir disfunção sensorial. Os problemas cognitivos o psicossociais podem refletir envolvimento do lobo frontal ou parietal. O comprometimento do cerebelo ou dos gânglios basais podem produzir ataxia (perturbação da coordenação dos movimentos) e tremor. A labilidade emocional e a euforia resultam da perda do controle das conexões entre córtex e os gânglios da basais e podem ocorrer em pacientes de EM. caso o processo envolva as vias medulares conectadas com centro pontino da micção e com o plexo sacral, ocorrerão problemas vesicais, intestinais ou sexuais.

As manifestações secundárias estão relacionadas com as complicações, infecção do trato urinário, constipação, úlcera de pressão, deformidades de contratura, edema podálico dependente, pneumonia, e depressões reativas. Como consequência da doença, podem ocorrer problemas emocionais, sociais, maritais, econômicos e vocacionais.

A EM é caracterizada por exarcebações (aparecimento de sintomas e agravamento dos existentes) e remissões ( períodos onde os sintomas decrescem ou desaparecem). As recaídas podem estar relacionadas a períodos de estresse emocional ou físico. Muitas placas não produzem sintomas e os pacientes não se apresentam seriamente incapacitados, porém com longos períodos de remissão entre os episódios. Existem evidências de que em muitos pacientes poderá ocorrer remielinização.


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