Derrame Pleural - Tratamento em Fisioterapia
O Derrame Pleural é o acúmulo anormal de líquido na cavidade pleural, que é o espaço virtual entre as pleuras visceral e parietal, as quais deslizam uma sobre a outra, separadas por uma fina película de líquido.
Depois de avaliação do paciente, traçamos objetivos mediante a situação clínica apresentada. Apesar disso, existem alguns objetivos comuns a quase todos os pacientes, e estes passam por:
aliviar a dor;
aumentar a amplitude respiratória;
readquirir a coordenação respiratória diafragmo-toracica;
restabelecer uma postura correcta;
reeducação ao esforço.
- A diminuição da dor é conseguida através da nossa própria mobilização na grelha costal;
- reeducação respiratória: numa primeira fase mais aguda devem prevalecer respirações diafragmáticas (evitando a formação de aderências), trabalhar os decúbitos em que o movimento entre os folhetos da pleura seja menor (posições antálgicas) bem como os exercícios activos que causem pouca expansibilidade do tórax mas que levem a um deslizamento dos folhetos parietais (como rodar o tórax). A reeducação deve visar, à medida que o derrame vai diminuindo, a capacidade de expansibilidade do tórax lesado (homo ou bilateral). Podem ser utilizadas técnicas como: contrações repetidas, estiramento inicial, respiração contra-resistência (progressiva), efetuar apneia em inspiração (realizar o EDIC - para o efeito pneumático atuar sobre possíveis aderências) e associar movimentos à respiração – todos visam (re) ensinar a dinâmica respiratória.
- podemos efetuar diversos exercícios, não tornando o tratamento muito monótono. Podemos fazer uma massagem nos tecidos moles afetados e associar estiramentos dos músculos respiratórios e posturais afetados e depois pedir exercícios que provoquem movimento entre a expansibilidade e encurtamento do tórax lesado evitando a dor – numa fase aguda começar com movimentos de pequena amplitude com a flexão e extensão da coluna cervical, rotações e inclinações laterais do tronco; numa fase mais avançada utilizar movimentos mais extremos associados sempre a uma respiração correta recorrendo a movimentos de flexão e extensão associada a inspiração e expiração respectivamente. Podemos pedir para executar exercícios de auto-correção nas várias posições, como o sentar e o deitar. Nos exercícios realizados ativamente pelo paciente devemos ser imaginativos para assim podermos cativar a motivação e participação do paciente no tratamento.
- o uso de ortóteses é bastante indicado. Como exemplo, a espirometria incitativa com recurso a inspirações lentas e prolongados para promover o efeito pneumático.
- reeducação ao esforço: deve ser feito gradualmente e, se possível, de acordo com a ocupação/profissão do paciente. O tapete rolante ou o cicloergometro podem ser indicados.
Transudato
Relação entre proteína do líquido pleural e sérica menor ou igual a 0,5
Relação entre DHL do líquido pleural e sérica menor ou igual a 0,6
DHL no líquido pleural abaixo de 2/3 do limite superior no soro.
Exsudato
Relação entre proteína do líquido pleural e sérica maior que 0,5
Relação entre DHL do líquido pleural e sérica maior que 0,6
DHL no líquido pleural acima de 2/3 do limite superior no soro.
Sintomas de Derrame Pleural
O derrame pleural evolui com sintomas diretamente relacionados ao envolvimento da pleura associados àqueles decorrentes da doença de base que o determinou, os quais muitas vezes predominam no quadro clínico. As manifestações da doença de base são extremamente variadas, em função do grande número de doenças que podem cursar com derrame pleural.
Os principais sintomas decorrentes diretamente do envolvimento pleural são dor torácica, tosse e dispnéia. A dor torácica pleurítica é o sintoma mais comum no derrame pleural. Ela indica acometimento da pleura parietal, visto que a visceral não é inervada, e geralmente ocorre nos exsudatos. Não necessariamente indica a presença de líquido, pelo contrário, tende a ser mais intensa nas fases iniciais da pleurite, melhorando com o aumento do derrame pleural. Seu caráter é geralmente descrito como "em pontada", lancinante, nitidamente piorando com a inspiração profunda e com a tosse, melhorando com o repouso do lado afetado, como durante a pausa na respiração ou durante o decúbito lateral sobre o lado acometido. A dor torácica localiza-se na área pleural afetada, mas pode ser referida no andar superior do abdome ou na região lombar, quando porções inferiores da pleura são acometidas, ou no ombro, quando a porção central da pleura diafragmática é acometida.
A tosse é um sintoma respiratório inespecífico, podendo estar associada a doenças dos tratos respiratórios superior e inferior. A presença de derrame pleural, sobretudo com grandes volumes, isoladamente pode associar-se a tosse seca
A dispneia (alteração do ritmo da respiração) estará presente nos derrames mais volumosos e nos de rápida formação. Há uma tendência de melhora quando o paciente assume o decúbito lateral do mesmo lado do derrame. A presença de dor pleurítica importante, limitando a incursão respiratória, ou a presença de doença parenquimatosa concomitante também contribuem para o surgimento de dispneia